Depois de ganhar fôlego em fevereiro, quando experimentou um saldo positivo na criação de vagas formais, Juiz de Fora voltou a perder empregos. Em março, a cidade contabilizou a redução de 78 postos de trabalho, diferença entre as 4.147 admissões e 4.225 demissões feitas no período. Os setores do comércio e da construção civil são os que apresentaram os piores desempenhos. Já a indústria de transformação foi a única a criar novas vagas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na quarta-feira (24), e mostram resultado inferior ao verificado em março de 2018, quando foram criadas 117 oportunidades na cidade.
O comércio foi o setor que mais fechou vagas em março, um total de 91. Este foi o terceiro mês consecutivo em que as demissões superaram as admissões. Desta forma, ainda não foi possível para o setor criar novos empregos em 2019. No acumulado do primeiro trimestre, a perda foi de 621 postos de trabalho. Na avaliação do economista e professor da UFJF Fernando Perobelli, os números refletem a sazonalidade das contratações temporárias para as festas de fim de ano. “Nós tivemos um movimento diferente dos anos anteriores, quando víamos logo após o Natal várias demissões no comércio relativas aos temporários. Agora esses desligamentos foram postergados por conta de uma expectativa positiva de melhora na economia e um otimismo do empresariado com as medidas anunciadas pelo novo Governo. Desta forma, as demissões acabaram sendo diluídas ao longo deste primeiro trimestre, tendo em vista que o cenário econômico ainda não deu sinais concretos de retomada do crescimento.”
Já a construção civil, que começou o ano registrando saldos positivos na geração de emprego, teve a primeira perda em março, quando foram encerrados 31 postos. Apesar disso, o saldo do trimestre se manteve positivo em 127 vagas. A retração verificada no último mês está atrelada à queda da confiança do empresariado. De acordo com o Sindicato da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), o Índice de Confiança do Empresário mineiro do setor (Iceicon) caiu em março ante a fevereiro. “Os construtores perceberam piora na situação atual dos negócios da sua empresa e da economia do estado”, informou a assessoria.
De acordo com Fernando Perobelli, a construção civil é o primeiro setor a sentir os impactos diretos da situação econômica do país. “O compasso de espera é ainda maior. Como os investimentos são de longo prazo, dependem de uma melhoria do crédito para o financiamento”, explica. “Nós ainda temos uma taxa de desemprego muito alta, e as perspectivas de crescimento do PIB já foram revisadas para baixo. Ainda não vimos medidas consolidadas para mudar o rumo da economia, e o cenário segue indefinido. Tudo isso afeta a confiança do empresário.”
Com exceção da indústria de transformação, as outras atividades econômicas do município também sofreram perdas de vagas. Para Perobelli, os resultados do mercado de trabalho juiz-forano estão dentro do contexto nacional.
Indústria
A indústria de transformação foi o único setor que apresentou saldo positivo no último mês, com a criação de 70 novas vagas na cidade, resultado entre as 608 admissões e 538 demissões realizadas. No acumulado do trimestre, o desempenho também foi positivo, totalizando 136 oportunidades. Os números também refletem a confiança do empresariado brasileiro, que segue otimista. “O ritmo da atividade no início do ano foi bem mais fraco do que se esperava. O desemprego permanece alto, as famílias ainda não retomaram o consumo e as empresas enfrentam muitas dificuldades”, afirmou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). No entanto, a instituição avalia que outros fatores mantêm o otimismo do setor. “A inflação mantém-se estável e sem pressões significativas, com expectativas apontando para uma taxa anual abaixo da meta, e as contas externas seguem favoráveis, a despeito do acirramento dos contenciosos no ambiente internacional”.