Cerco contra desvio milionário de cooperativa tem ação em JF
Manobra foi deflagrada pela PC do Mato Grosso. Local onde deveria haver uma consultoria foi encontrado um salão de beleza
Juiz de Fora fez parte do cerco deflagrado pela Polícia Civil do Mato Grosso, na manhã desta quinta-feira (23), durante a terceira fase da Operação Etanol. A investigação apura desvios da ordem de R$ 28 milhões de uma cooperativa de produtores de álcool e cana-de-açúcar localizada no município de Campo Novo do Parecis. A cooperativa tem 46 cooperados, divididos em 19 famílias, quase todas moradoras daquela cidade.
Em Juiz de Fora, de acordo com a assessoria da Polícia Civil do Mato Grosso, deveria estar em funcionamento a empresa Alves e Bazarello Consultoria e Treinamento LTDA (nome fantasia Alba Consulting), cuja sede estaria localizada na Avenida Getulio Vargas. Segundo a polícia, no lugar, no entanto, funciona um salão de beleza, “comprovando que a Alba Consulting se trata de uma empresa fantasma”, informou a corporação. A Tribuna tentou contato com o telefone disponível da empresa na internet, mas ninguém atendeu as ligações. Em desdobramento da investigação, informa a polícia, 21 empresas de fachadas serão investigadas em inquéritos individuais que serão abertos.
Mais de 160 policiais (delegados, escrivães e investigadores) foram mobilizados para o cumprimento de 50 ordens judiciais (46 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão) em Minas Gerais e nos estados de Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Paraná e São Paulo. Em Minas, foram realizadas duas buscas, nas cidades de Juiz de Fora e Ituiutaba, uma em cada município.
Na fase atual da operação, três ex-funcionários da cooperativa e a pessoa que seria responsável pela abertura de empresas de fachada para lavar o dinheiro tiveram ordens de prisão decretadas. Os quatro homens foram presos em Cuiabá, Jaciara e Sapezal (MT) e Marília (SP). Eles vão responder por furto qualificado, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Conforme a Polícia Civil do Mato Grosso, outros endereços (residências e empresas fantasma) também foram alvos de busca e apreensão de materiais comprobatórios à investigação. Também foram apreendidos veículos de alto padrão nas cidades de Jaciara e Cuiabá, documentos e dinheiro em espécie.
O delegado que preside a investigação, Adil Pinheiro de Paula, informou que o objetivo da nova fase da operação é arrecadar elementos e apreender documentos fiscais e contábeis, que comprovem a movimentação financeira já detectada e investigada pela Polícia Civil, em parceria com o Ministério Público. “Esses mandados irão ajudar a comprovar que muitas das empresas que forneceram notas fiscais à cooperativa, na verdade, não existem, eram empresas fantasmas.”