Site icon Tribuna de Minas

Greve de caminhoneiros põe em risco o abastecimento em JF

PUBLICIDADE
Supermercados anunciam possível falta de abastecimento em decorrência da greve dos caminhoneiros (Foto: Fernando Priamo)

Os primeiros reflexos do protesto dos caminhoneiros que teve início no domingo  já começam a aparecer no mercado juiz-forano. O etanol, por exemplo, não é encontrado em alguns dos postos da cidade. Além disso, a oferta de produtos em que a capacidade de estoque é reduzida, como hortifrutigranjeiros, começa a ficar comprometida. O movimento, porém, segue por tempo indeterminado e outros setores podem ser impactados. Levantamento feito pela Tribuna revela que o preço médio do litro da gasolina subiu 22,4% em Juiz de Fora de um ano para o outro. No caso do óleo diesel, cujas altas sucessivas são a principal bandeira do protesto dos motoristas, a elevação chega a 23,5% no mercado local. Só nos últimos 17 dias, o consumidor amarga onze aumentos. O anúncio de ligeira queda nas refinarias, de 1,54% no diesel e de 2,08% na gasolina, para esta quarta-feira, não irá provocar o alívio esperado.

Apesar de alguns consumidores já terem identificado redução na oferta de hortaliças, legumes e frutas em estabelecimentos da cidade, a Ceasa Minas Gerais, por meio de sua assessoria, informa que “terça-feira não é um dia de mercado forte na Ceasa Minas Juiz de Fora. Por isso, não houve impacto”. A informação é que o próximo dia de maior procura na unidade local será quinta-feira. Também procurada, a Associação Mineira de Supermercados (Amis), por meio de sua assessoria, informa que a maioria dos supermercados mineiros ainda não teve os estoques comprometidos, embora existam queixas relacionadas ao abastecimento de hortifrúti. A Amis sinaliza preocupação caso a paralisação se mantenha por muito mais tempo, já que há produtos que não podem ser estocados por longos períodos.

PUBLICIDADE

LEIA MAIS:

O Grupo Bahamas afixou, nesta terça-feira (22), na porta das lojas, um comunicado sobre o risco de a greve dos caminhoneiros prejudicar o abastecimento de alguns produtos ou setores. O aviso, afirma o gerente de Marketing, Nelson Júnior, é uma precaução, com o objetivo de garantir transparência na relação com o consumidor. Segundo ele, ainda não houve falta de produtos. Uma preocupação, porém, é em relação aos hortifrútis, cuja oferta ficou reduzida. “Estamos monitorando a situação.” Além disso, diz Nélson Júnior, a rede também adotou a postura de manter os caminhões nas garagens, além de promover produtos disponíveis na loja, para evitar transtornos. “Não tivemos nenhuma reclamação de que esteja faltando produtos na loja.”

PUBLICIDADE

A partir do 3º dia, podem faltar produtos na prateleira

Para o gerente administrativo do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Juiz de Fora, Oswaldo José da Silva Filho, se o movimento se estender por mais de 72 horas, pode começar a faltar produto nas prateleiras. Segundo ele, a escassez de itens de maior “saída”, como combustíveis, pode começar a ser sentida de forma mais evidente a partir desta quarta, já que houve intensificação da paralisação no dia anterior. Segundo Oswaldo, as empresas apóiam o protesto, já que os reajustes sucessivos no valor dos combustíveis têm prejudicado o setor. Pelas contas do gerente administrativo, o combustível responde hoje por cerca de 55% do valor do frete.

Grupo de motoristas de aplicativo de transporte arrecadaram alimentos para os caminhoneiros que integram do movimento (Foto: Leonardo Costa)

Conforme o sindicato, a percepção da falta de etanol ante à gasolina deve-se ao fato de o abastecimento do álcool ter origem, prioritariamente, em São Paulo e Espírito Santo, cujos acessos estão bloqueados. Já a gasolina que abastece o mercado local costuma vir de Rio de Janeiro e Betim. Nesses casos, além de a distância ser menor, alguns caminhões conseguiram concluir o trajeto em horários em que o movimento, nesses trechos, arrefeceu. Uma preocupação, diz, é com a carga de perecíveis, como os hortifrútis, que podem estragar na estrada caso o movimento persista. Segundo ele, a orientação do sindicato aos empresários é zelar pelo funcionário, pela carga e pelo veículo. “A orientação é que, se houver barreira, o motorista deve parar e não resistir, para evitar problemas.”

PUBLICIDADE

Correios

Por meio de nota, os Correios afirmaram que “estão sendo seriamente atingidos” pelo movimento, que gera “forte impacto” às operações da empresa em todo o país. Por este motivo, a estatal decidiu suspender temporariamente as postagens das encomendas com dia e hora marcados (Sedex 10, 12 e Hoje). Também foi anunciado o acréscimo de dias no prazo de entrega dos serviços Sedex e PAC, bem como das correspondências, enquanto perdurarem os efeitos desta greve. “Os Correios estão acompanhando os índices operacionais de qualidade de toda essa cadeia logística e, tão logo a situação do tráfego nas rodovias retorne à normalidade, a empresa reforçará os processos operacionais para minimizar os impactos à população.”

Gasolina sobe 22,4% em JF

Em Juiz de Fora, o preço médio da gasolina é R$ 4,494, mas pode chegar a R$ 4,799 de acordo com o posto preferido pelo consumidor. A pesquisa mais recente divulgada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) refere-se ao sábado passado (19). Em maio do ano passado, o valor médio praticado nas bombas era de R$ 3,670. O aumento, de um ano para o outro, chegou a 22,4%. No ano, o preço do combustível atingiu o maior patamar este mês. Em janeiro, o litro era comercializado a R$ 4,37; em fevereiro, R$ 4,43; em março, R$ 4,33; e em abril R$ 4,45, em média.

PUBLICIDADE

No caso do óleo diesel, o valor médio praticado na cidade é de R$ 3,73, atingindo a máxima de R$ 3,79 conforme a ANP. Em maio de 2017, o valor médio era de R$ 3,026, alta de 23,5%. Na análise dos valores médios praticados no ano pode-se perceber a tendência de alta no mercado local: janeiro, de R$ 3,44; fevereiro, R$ 3,45; março, R$ 3,41; e abril, R$ 3,49 o litro. Já no caso do etanol, o valor médio é de R$ 2,91, podendo chegar a R$ 3,59, de acordo com o posto escolhido. Em maio do ano passado, a média era de R$ 2,673, alta de 9% no período. Desde o início do ano, os preços apresentaram a seguinte evolução na cidade: janeiro, R$ 3,07; fevereiro, R$ 3,13; março, R$ 3,11; e abril, R$ 3,12.

“Corrida aos postos”

Procurado, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), entidade que representa os cerca de quatro mil postos de combustíveis do estado, manteve o posicionamento do dia anterior, que não tem informações de desabastecimento nos postos revendedores de combustíveis que operam no estado. “Caso o cenário de greve persista, há sim o risco de desabastecimento, uma vez que os postos que ainda possuem estoque poderão não ter a efetiva renovação dos produtos armazenados.” O Minaspetro reitera o pedido para que os consumidores não promovam a chamada “corrida aos postos”, o que, consequentemente, aceleraria o processo de desabastecimento dos estabelecimentos.

LEIA MAIS:

Na quinta-feira, será promovido o Dia da Liberdade de Impostos. Em Juiz de Fora, haverá o abastecimento simbólico – e com preços sem incidência de impostos – de 40 carros e 25 motos, a partir das 8h, no Posto Padre Café. O valor praticado para a gasolina será de R$ 2,355 o litro.

Exit mobile version