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Expominas gera prejuízo superior a R$ 694 mil ao ano

Foto: Fernando Priamo

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Instalado às margens do km 790 da BR-040, o Expominas Juiz de Fora é considerado uma espécie de “elefante branco” para o Estado de Minas Gerais. Isso porque, após duas tentativas de concessão à iniciativa privada, o espaço segue gerando prejuízo milionário, na casa dos R$ 58 mil por mês, ao Poder Público. O valor, quando projetado ao ano, totaliza pouco mais de R$ 694 mil.

De acordo com a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), responsável pela administração do Expominas Juiz de Fora, mensalmente o equipamento gasta com manutenção, funcionários e energia elétrica, R$ 113.737. Em contrapartida, os eventos sediados no local geram uma receita de, aproximadamente, R$ 55.900 ao mês.

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Desde sua inauguração, há 16 anos, o local é considerado subutilizado. Em 2021, pela segunda vez, o Estado tentou conceder o equipamento à iniciativa privada. Na época, a Codemge estimou como valor de referência do imóvel pouco mais de R$ 61 milhões. A abertura das propostas estava marcada para 6 de janeiro deste ano. Questionada sobre os possíveis interessados, a Codemge afirmou que, em 2021, foi aberta consulta pública para receber propostas para o uso “eficiente e rentável” de diversos aparelhos públicos de Minas Gerais, incluindo o Expominas Juiz de Fora.

“Ao final do prazo da consulta, 28 de fevereiro de 2022, a companhia recebeu 41 propostas, ao todo. Em relação ao Expominas Juiz de Fora, a empresa está analisando as propostas recebidas e, em momento oportuno, será publicado o processo público de desestatização no formato mais adequado para o ativo, com ampla divulgação nos canais oficiais de comunicação da companhia”, afirmou a pasta por meio de nota.

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A primeira tentativa ocorreu em 2017 e foi frustrada. Na época, nenhuma empresa apresentou propostas ao edital que previa remuneração mínima mensal de R$ 100 mil à então Codemig. A duração do contrato seria de 15 anos, podendo ser prorrogado por igual período.

‘Um carro enguiçado’

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora, Aloísio Vasconcelos, já foi gestor do Expominas Juiz de Fora entre 2013 e 2014. Ele afirma que a melhor solução para o espaço seria a parceria com a iniciativa privada, que, no momento, considera inviável, devido ao alto custo de manutenção e a pouca rentabilidade. “Quando o Zema esteve em Juiz de Fora, ainda esse ano, eu falei: “Governador, o senhor já viu alguém vender um carro enguiçado? É o que o senhor está tentando fazer com o Expominas”.

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Segundo ele, assim como ocorreu em 2017, é pouco provável que alguma empresa manifeste interesse no espaço. “Não vale a pena. De graça, ele é caro.” Aloísio comenta que houve articulações para que o centro de eventos fosse cedido à Prefeitura de Juiz de Fora, algo que, na opinião dele, seria um “cavalo de tróia”. “Se o Estado conseguisse alguém para assumir o Expominas de graça, seria um grande negócio, porque ele gera uma despesa elevada, todo mês.”

Há também um apelo por parte do setor de eventos e turístico de Juiz de Fora para que o Expominas permaneça sendo um centro de convenções. Tal exigência se dá por conta da legislação municipal de 2005, que chancelou a doação à Codemig, por parte do Município de Juiz de Fora, da área em que o espaço foi construído. “Nós não aceitamos, de forma alguma, que o Expominas seja vendido para outra finalidade. Ele foi construído com dinheiro de impostos, dinheiro público, para funcionar como centro de eventos. Se fosse para vender para fazer garagem de ônibus, por exemplo, o espaço seria maravilhoso, bem localizado, grande, venderia fácil, mas aquilo foi criado por decreto de lei para funcionar como centro de eventos, e Juiz de Fora não pode abrir mão disso”, reforça Aloísio.

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Estrada de acesso e burocracia

Para a presidente do Convention & Visitors Bureau de Juiz de Fora, Thaís de Oliveira Lima, outro ponto que afasta as pessoas do Expominas é o acesso. “Mesmo que o espaço esteja relativamente próximo ao Centro de Juiz de Fora, ele ainda é visto como fora de mão por ter o acesso via BR-040.” Ela relembra um projeto de construção de uma via direta entre o Centro da cidade e o Expominas. A obra consiste na pavimentação da alameda Santo Antônio, entre a rotatória de acesso ao condomínio Alphaville e a entrada do Expominas, o que permitiria a chegada sem passar pela rodovia.

Questionada, a Prefeitura de Juiz de Fora não se manifestou sobre o projeto, apenas disse que “tem interesse na plena viabilização do Expominas, mas reforça que essa é uma atribuição do Governo do Estado de Minas Gerais”.

A burocracia é outro ponto que, segundo Thaís, afasta os clientes do Expominas. O trâmite para locação do espaço pode durar até 30 dias, segundo o site da Codemge. São cinco etapas que o contratante precisa seguir: orçamento, envio de documentos, celebração de contrato, pagamento da locação e regularização do evento junto aos órgãos competentes, quando necessário. “O setor de eventos é um mercado ágil, que busca as melhores soluções e mais rápidas. Essa demora contribuiu para o afastamento de eventos que poderiam ser sediados aqui.”

Calendário de eventos

Para viabilizar o Expominas como um centro de convenções é preciso que os eventos sediados nele respondam, ao menos, pela manutenção. Segundo a Codemge, até o momento, são 18 eventos negociados para 2023, gerando receita aproximada de R$ 350 mil. O valor fica aquém dos gastos com a despesa, que, por ano, ultrapassam R$ 1,3 milhão.

Segundo Aloísio Vasconcelos, o Expominas precisa de um calendário estruturado de eventos. Com ele, seria possível atrair feiras, exposições, congressos e shows de grande porte que dariam conta de manter o espaço. Ele cita o exemplo do Expominas de Belo Horizonte, que possui uma parceria público-privada. “Lá não tem data para fazer evento, é um calendário super ocupado. A Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora chegou a fazer uma proposta para o secretário de Desenvolvimento de Minas Gerais para criar um calendário de eventos consistente.” Conforme ele explica, esse calendário de eventos funcionaria para viabilizar o espaço até ele se tornar atrativo para uma empresa privada buscar a concessão.

De acordo com o presidente, a entidade teria a capacidade e estaria disposta a fazer o calendário, que consiste na captação de eventos ao redor do Brasil – e até mesmo em escala internacional – , e a venda das funcionalidades do Expominas para que eles sejam realizados lá. “Porém, para construção desse calendário, é necessário verba para construir uma equipe e manter as viagens. O que o Estado disse até agora é que não há dinheiro para viabilizar isso.”

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