O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Energia Elétrica (Inerge), que funciona na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), foi contemplado no edital para a implantação de uma Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação (Embrapii). Ao todo, 32 instituições superiores de ensino participaram da concorrência e oito foram selecionadas ao final. Seis receberão unidades da Embrapii e outras duas participarão de projetos especiais desenvolvidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O anúncio da implantação da iniciativa ocorreu na tarde desta quarta-feira (21), em coletiva de imprensa. Há um período de 30 dias previsto para a implantação e oficialização do projeto.
O reitor Marcus David destacou que a seleção representa o reconhecimento do potencial científico e tecnológico da UFJF, que agora contará com a empresa para incentivar a relação entre a produção de conhecimento e a geração de soluções para o setores produtivos e empresariais não só locais e do país, mas também internacionais. “É um edital rigoroso, que exige a demonstração de muita capacidade técnica, científica, acadêmica e de gestão de políticas de inovação, seus modelos de governança.
Participamos desse processo com uma grande expectativa.” O reitor também pontuou a importância da regulamentação das políticas de inovação da instituição, por meio de três resoluções que foram publicadas em março deste ano, que ficaram conhecidas como marco normativo da inovação na UFJF. Ele afirmou que é um momento de celebração para a instituição.
Com um histórico de construção de mecanismos de contato com os setores produtivos, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Energia Elétrica (Inerge), instalado na UFJF há cerca de 12 anos, conta com cerca de 50 pesquisadores, com interlocução com outras seis universidades brasileiras e também com instituições internacionais de renome, como a Universidade de Princeton. A iniciativa tem o apoio dos Governos federal e estadual e é um centro de excelência na área de energia elétrica.
De acordo com o diretor de Inovação da UFJF, Fabrício Campos, a unidade da Embrapii na UFJF vai favorecer a construção de mecanismos para apoiar a gestão e a execução de projetos e a composição de equipes qualificadas, com a possibilidade de uso da infraestrutura laboratorial da UFJF. “Uma empresa, quando busca a universidade por meio da Unidade Embrapii, procurando um projeto para desenvolver inovação, terá subsídios e apoios. Os projetos podem custar cerca de 35% a 50% a menos neste ambiente”, explica Fabrício. Ainda segundo o diretor, o aspecto econômico cria oportunidades de desenvolvimento de novas tecnologias e soluções por meio do projeto, porque é um meio de incentivo e motivação para as empresas.
O coordenador do projeto, o professor Moisés Vidal, explicou que, muitas vezes, os pesquisadores começam projetos e esperam que as empresas se interessem no desenvolvimento deles. No caminho inverso, no entanto, há demandas específicas do setor industrial que não são ouvidas. A Embrapii, nesse sentido, simboliza uma forma de ouvir as necessidades do setor produtivo, para que ele se torne ainda mais competitivo. “A partir da escuta das dores dos empresários, podemos desenvolver projetos para inovar no produto deles. Fazer com que essa indústria se mantenha competitiva. Trazemos para a sociedade de forma bem humilde a nossa vontade de contribuir para que as empresas cresçam e conquistem o seu espaço no mercado.”
Todo esse reconhecimento, para o reitor Marcus David, não vem isolado. Ele relembra que está em andamento a programação da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que é o maior evento nacional da área, sediado na UFJF e com a parceria da universidade na organização.
Foco na geração, transmissão e distribuição de energia
A unidade da Embrapii na UFJF terá como foco a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, inclusive as renováveis. Segundo o coordenador Moises Vidal, o desafio é desenvolver produtos que ajudem a produzir e consumir energia de forma mais eficiente, especialmente em fontes renováveis, como a eólica e a solar.
Após o período de assinatura de contratos e estruturação, o trabalho deve ser iniciado em 30 dias. Moisés explica que as Embrapiis têm um modelo de gestão, prospecção e execução de projetos e esse período vai ser dedicado a internalização desse modelo. A UFJF terá um prazo de três anos para desenvolver as atividades. Por estar recebendo o projeto, há o período de avaliação, com algumas metas. Os recursos são disponibilizados de forma não reembolsável. A expectativa é de atingir, inicialmente, R$ 6 milhões em projetos. Assim que esse patamar for alcançado, automaticamente, a Embrapii abre a carteira de investimentos e acrescenta mais recursos. Com isso, segundo o diretor de inovação, Fabrício Campos, abre-se um leque de oportunidades .
Seleção interna
Para que a proposta do Inerge pudesse ser apresentada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, antes foi realizada uma seleção interna, para identificar quais eram os setores de pesquisa mais avançados dentro da instituição, já que, cada Federal só poderia apresentar um projeto.
Marcus David ressaltou que a área de energia elétrica da UFJF é reconhecida como referência, por ter um programa de pós graduação com conceito alto, excelente avaliação na Capes e com produção científica elevada, bem como a experiência de contato com o setor produtivo evidente. Para ele, esses fatores contribuíram para que o projeto tivesse êxito ao ser contemplado pelo edital.