Após a queda de preços observada em setembro, os juiz-foranos voltaram a pagar mais caro pelo combustível em outubro. O litro da gasolina não é encontrado por menos de R$ 4,59, o que corresponde ao encarecimento de 5% em relação ao valor mínimo de R$ 4,37 que era praticado pelos postos da cidade há cinco semanas. Já o etanol não é vendido por menos de R$ 2,91, aumento de 9% em comparação com o preço mínimo anterior, que era de R$ 2,67. As informações são do cruzamento de dados da pesquisa mais recente divulgada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizada entre os dias 6 e 12 de outubro, e o primeiro levantamento feito em setembro, entre os dias 1º e 7.
De acordo com a ANP, até o último sábado (12), a faixa de preços da gasolina em Juiz de Fora variava entre R$ 4,59 e R$ 4,69. Com relação ao etanol, a oscilação era de R$ 2,91 a R$ 3,08. No entanto, o consumidor deverá se deparar com valores ainda mais altos esta semana. Na última terça-feira (15), a Tribuna percorreu alguns postos da cidade e encontrou a gasolina sendo vendida por R$ 4,75, e o etanol, por R$ 3,17.
A alta de preços era esperada como reflexo do reajuste de 3,5% realizado nas refinarias em 19 de setembro. Na ocasião, a Petrobras justificou o encarecimento como “uma elevação dos valores do barril do petróleo, ocasionada por ataque a instalações petrolíferas da Arábia Saudita”. Apesar disso, os impactos econômicos não deixam de preocupar os consumidores. “Costumo acompanhar as informações sobre os preços, mas a verdade é que nunca estou realmente preparada para quando a gasolina fica mais cara. Além de gastar mais abastecendo o carro, que uso diariamente, imagino que outros serviços que dependem de transporte devem encarecer”, afirma a assistente financeira Michele Lopes, 35 anos.
O comerciante Gustavo Silva, 41, preocupa-se com a possibilidade de a alta de preços ter continuidade. “Observei que o combustível estava mais barato e já imaginava que era questão de tempo para o valor aumentar. Só espero que isto não continue pelas próximas semanas”, diz. “No ano passado, quando ocorreu a greve dos caminhoneiros e a gasolina chegou a R$ 5, precisei deixar o carro em casa. Isto não seria problema se tivéssemos um transporte público de qualidade, mas não é o caso.”
Transporte particular absorve reajuste, mas teme qualidade
A princípio, a alta de preços da gasolina e do etanol não irá implicar em reajustes nos serviços de transporte particular. No entanto, os setores se preocupam com a qualidade das corridas oferecidas aos passageiros. O presidente do Sindicato dos Taxistas, José Moreira de Paula, explica que os taxistas irão absorver o aumento de preços do combustível. “É uma situação complicada, pois não temos reajuste da tarifa desde 2017. Os valores cobrados foram calculados numa época em que a gasolina custava R$ 3,89. Mas não temos como repassar ao consumidor. Enfrentamos uma queda de 50% das corridas por conta de toda a crise econômica que estamos vivendo.”
O vice-presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos de Juiz de Fora (Amoaplic/JF), Sóstenes Josué, teme pela qualidade das corridas. “Desde o surgimento dos aplicativos, não houve reajuste do valor pago aos motoristas. Então, todo aumento de preços significa redução do lucro”, analisa. “O combustível é a principal despesa da categoria e, por isso, o encarecimento é preocupante, pois pode interferir na qualidade do serviço prestado. Vemos muitos carros andando sem ar-condicionado ligado neste calorão, o que é ruim para o passageiro e pior ainda para o profissional que trabalha 12 horas por dia.”
Sindicato critica tributação cobrada do setor
Procurado pela Tribuna, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) explicou que os preços praticados pelos postos de gasolina estão atrelados aos acontecimentos que acometem toda a cadeia do setor. “Os estabelecimentos revendedores de combustíveis são apenas mais um elo na cadeia de comercialização, que é extensa.” Em nota, ressaltou que “os postos, sendo o último e mais visado elo no segmento de distribuição e revenda, dependem de decisões e repasses, caso estes aconteçam, por parte dos outros agentes do setor; ou seja, Governo, refinarias, usinas de etanol e companhias distribuidoras”.
O Minaspetro afirma que não estima o período para que determinadas baixas ou altas de preço dos combustíveis nas refinarias tenham impacto direto nas bombas. “Não é papel sindical da instituição e não fazemos, junto aos postos, pesquisas de preço, estoque, volume de compra ou qualquer outra informação de cunho comercial”, esclarece. “Não existe tabelamento no setor, portanto o mercado de combustíveis é livre. Cada empresário define seu preço de venda, que varia de acordo com inúmeros fatores.”
Por fim, criticou a tributação cobrada ao setor. “Tornamos novamente pública a insatisfação do Minaspetro, enquanto defensor dos interesses dos donos de postos de combustíveis em Minas Gerais, em relação à alta tributação incidente sobre os combustíveis, que sufoca o empresário, fecha dezenas de estabelecimentos em todo o Brasil e impede o crescimento sustentável do país.”