O juiz-forano que optar pelos ovos de chocolate para celebrar a Páscoa no próximo domingo (21) deve preparar o bolso. O preço mínimo para a compra do produto quase dobrou na comparação com o ano passado, conforme pesquisa realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária (Sedeta) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) nos supermercados da cidade.
Em 2018, o menor valor cobrado ao consumidor era de R$ 9,99, já este ano não é possível encontrar ovos de Páscoa por menos de R$ 18,49, apesar da gramatura diferente. Mesmo assim, a expectativa é de aumento das vendas. A estimativa do Sindicato do Comércio (Sindicomércio-JF) é de crescimento médio de 5%, mas há estabelecimentos mais otimistas. A movimentação dos consumidores já começou e deve se intensificar a partir desta quarta-feira (17).
A pesquisa Guia de Páscoa considerou o preço de 60 ovos de chocolate das marcas Garoto, Nestlé, Lacta e Arcor. O levantamento foi realizado em quatro grandes redes de supermercados e divulgado na última quinta-feira (11). O menor preço encontrado foi de R$ 18,49, cobrado pelos ovos Tortuguita, de 120 gramas; e Arcor ao leite, branco ou amargo, de 150 gramas. Já o valor mais caro foi de R$ 65,99, para o ovo Surpresa Lol Plus, de 170 gramas. A faixa de preços verificada na pesquisa mostra aumento de 85% do valor mínimo em relação ao ano passado, quando era possível encontrar nas gôndolas o ovo Garoto ao leite, de 45 gramas, por R$ 9,99. Já o teto da compra reduziu 12%. Em 2018, o ovo de Páscoa mais caro era o Lacta de 753 gramas, que custava R$ 74,99.
No entanto, não é só o preço que deve ser considerado pelo consumidor na hora da compra, conforme orienta o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). Para saber a relação custo-benefício, é preciso avaliar também a quantidade de chocolate do produto. Nesta análise, observamos que, apesar de terem o mesmo valor, o Tortuguita sai mais caro do que o ovo Arcor, por exemplo. Já o Surpresa Lol Plus, apesar de ter um preço mais baixo, apresenta menor custo-benefício do que o ovo Lacta de 753 gramas possuía no ano passado. Neste sentido, o Idec faz outro alerta ao consumidor: “Verifique não só o número, mas também o peso. Há casos de ovos de Páscoa com a mesma numeração e tamanhos diferentes.”
Mais baratos
Do total de 60 produtos pesquisados, apenas oito se repetem em relação ao levantamento feito no ano passado, mantendo mesmo sabor, marca e tamanho. Dentre eles, cinco baratearam. O ovo Ouro Branco, de 270 gramas, foi o que teve maior queda do preço médio (34,8%), passando de R$ 58,99 para R$ 38,45. Em seguida está o ovo Shot, de 223 gramas, que reduziu 13,9%, indo de R$ 37,99 para R$ 32,70.
O ovo Batom ao leite, de 186 gramas, também está mais barato este ano. O valor médio recuou 8%, baixando de R$ 35,49 para R$ 32,63. Já o Diamante Negro, de 300 gramas, reduziu 7% e passou de R$ 49,99 para R$ 46,45. Fechando a lista aparece o Negresco, de 185 gramas, que baixou de R$ 35,49 para R$ 34,47, uma queda de quase 3%.
O Sonho de Valsa, de 330 gramas, foi o ovo de Páscoa que mais encareceu de um ano para o outro, um total de 16,5%. O preço médio subiu de R$ 37,99 para R$ 44,26. O ovo Garoto ao leite, de 215 gramas, aumentou 6,9%, passando de R$ 35,99 para R$ 38,49. Por fim, o ovo Crocante de Amendoim, de 215 gramas, sofreu alta de quase 2%, aumentando de R$ 33,90 para R$ 34,47.
Consumidor deve ficar atento à variação de preços
Outra orientação do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) é realizar a tradicional pesquisa de preços, isto porque o mesmo produto pode apresentar valores diferentes nos estabelecimentos. Em Juiz de Fora, a pesquisa Guia de Páscoa mostrou que esta variação pode chegar a 78,4%. Este é o caso do ovo Tortuguita, de 120 gramas, que apresenta preços que vão de R$ 18,49 até R$ 32,99 nos supermercados da cidade.
A oscilação dos valores do ovo Sonho de Valsa, de 270 gramas, também chama a atenção: 67,2%. O produto é comercializado entre R$ 29,90 e R$ 49,99. Já o Bis Oreo, de 240 gramas, pode ser encontrado por R$ 29,90 até R$ 46,99, uma diferença de 57,2%. “Analise se vale a pena investir em ovos de Páscoa em vez de outro tipo de chocolate ou até mesmo um alimento mais saudável que pode ser presenteado durante a data. Compare o preço dos produtos e faça uma pesquisa entre lojas e supermercados”, explica o Idec. A orientação é para que a pesquisa seja realizada em, pelo menos, três estabelecimentos diferentes.
Sem dívidas
Antes de comprar é necessário garantir que a despesa caiba no orçamento. O presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin), Reinaldo Domingos, ressalta que o consumidor não deve se endividar com a Páscoa. “Defina quanto de dinheiro tem destinado para esta compra e se este recurso não irá fazer falta nos meses seguintes.” Segundo o especialista, o ideal é optar pelo pagamento à vista, que ainda confere a possibilidade de negociar descontos. “Não se endivide no cheque especial e cartão de credito, pois, se não conseguir pagar, os juros serão extorsivos, ocasionando um efeito ‘bola de neve’ de endividamento.”
Para quem deseja economizar na compra, é melhor “fugir” dos ovos de Páscoa com brindes. “Eles costumam ser os mais caros. É importante conversar com as crianças e explicar que o ovo de chocolate é o presente, e que os brinquedos serão dados em outras datas”, diz Reinaldo. Uma boa dica é optar por presentes coletivos quando possível. “Para pessoas que moram na mesma casa é possível dar uma cesta de chocolates ou caixas de bombons.”
Confiança no comércio de última hora
O comércio está otimista com as vendas de Páscoa deste ano. Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG) mostrou que 72% dos estabelecimentos mineiros que trabalham com artigos para a data acreditam que as vendas serão melhores ou iguais em relação ao ano passado. Na avaliação do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), os resultados devem ter crescimento médio de 5%. Em alguns estabelecimentos, a expectativa é ainda maior.
“A Páscoa movimenta estabelecimentos específicos, como supermercados, peixarias e lojas de chocolate. A nossa estimativa é uma média que envolve todos estes resultados, mas pode ser que algum estabelecimento cresça ainda mais”, explica o presidente do Sindicomércio-JF, Emerson Beloti. “Os empresários mantêm a confiança no aumento das vendas em datas comemorativas devido ao cenário econômico com maior concessão de crédito para as famílias e a inflação sobre controle”, analisa o economista da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida.
Para atrair o público consumidor, a principal estratégia do comércio será a realização de promoções. De acordo com dados da Fecomércio-MG, 35,3% das empresas mineiras apostam nas ofertas para alavancar as vendas. “Os empresários acreditam que o consumidor fará pesquisa de preços durante as compras para a data. A forma de pagamento mais esperada é o cartão de crédito, e cerca de 77% dos entrevistados esperam que o consumidor gaste, em média, até R$ 50”, apontou o estudo.
A rede de Supermercado Bahamas espera aumento de 15% em comparação com 2018. “A procura já começou, e estamos muito otimistas. Sabemos que 65% das vendas acontecem entre quarta e sábado, véspera da Páscoa”, pontua o gerente de marketing Nelson Júnior. “Estamos realizando promoções diariamente, mas entendemos que a compra do chocolate para Páscoa não está atrelada apenas ao fator preço. Há uma motivação emocional também.”
O Carrefour também tem apostado nas ofertas como estratégia. “Possuímos uma estratégia comercial estruturada e regular. Estamos otimistas, e as vendas devem ser maiores em relação ao ano passado”, informou a assessoria, sem citar percentuais.