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Comércio de Juiz de Fora já sente os efeitos do coronavírus

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Em um momento em que as autoridades de Saúde orientam a população a evitar sair de casa por conta do coronavírus (Covid-19), o comércio de Juiz de Fora já sente mudanças no comportamento dos clientes. Enquanto alguns estabelecimentos como supermercados, farmácias e cirúrgicas estão movimentados, muitas das mais de nove mil lojas da cidade são encontradas vazias.

“As vendas caíram consideravelmente em um ano que já não estávamos atingindo grandes resultados. As pessoas estão cautelosas, com receio de sair às ruas para se preservar, e por tudo que vem sendo veiculado na mídia, estão assustadas”, observa Grazielle Prado, gerente da Armadda Girl, no Centro. O mesmo é sentido ainda em outros setores, como na papelaria Grafitte, que faz parte de uma rede de cerca de 20 lojas, que também sentem o impacto fora da cidade. “Hoje (terça) é o dia de menor faturamento da loja no último ano”, lamenta o gerente Guilherme Assis.

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Mas não é apenas nas ruas que essa queda brusca de circulação de pessoas e, consequentemente de vendas, é sentida. A gerente da Óticas Kika, no Shopping Independência, relata que nos corredores, o que mais se vê são funcionários. “As lojas estão vazias. A praça de alimentação, que costuma ter mais pessoas, também está. A gente vê mais o fluxo de funcionários, mas de clientes é quase nulo. Hoje cheguei para trabalhar às 11h e fui fazer uma venda 16h30 com a única pessoa que entrou na loja.” Em todos esses estabelecimentos, medidas preventivas têm sido tomadas, com foco na higienização das mãos com álcool em gel, bem como de mesas e de balcões. No caso da ótica, a empresa aguarda a chegada de máscaras para fazer a medição dos óculos, atividade em que o funcionário precisa ficar muito próximo do cliente.

Em época de promoção, lojas de roupa têm quebra de expectativa nas vendas; ruas são esvaziadas após pedido de isolamento social (Foto: Fernando Priamo)

Reflexos

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Segundo o presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio), Emerson Beloti, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio) e a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo estão monitorando a situação em busca de uma melhor solução. A preocupação é com os reflexos da queda nas vendas. “Não há dúvida de que estamos diante de um fato inédito, complexo e de gravidade, e que devemos ter o maior cuidado nos nossos hábitos. A grande preocupação do comércio é o próprio fechamento, porque isso causaria um problema econômico terrível na cidade. A área de serviço pode trabalhar em home office, mas o varejo é mais complicado. Temos que procurar mecanismos para que a gente possa ordenar isso melhor para não prejudicar a ninguém, porque se fechar, pode ser que a empresa não exista mais daqui 30 dias, porque não sabemos quanto tempo isso pode durar”, lamenta Emerson Beloti.

Empresários são orientados

Apesar da preocupação com os impactos, o presidente do órgão entende que a prevenção é necessária. No primeiro momento, o Sindicomércio divulgou uma série de orientações (confira abaixo) aos empresários para que sejam tomadas medidas preventivas contra a Covid-19. “Temos que prevenir cada vez mais, orientar o lojista a sempre ter álcool em gel na loja para que as pessoas possam utilizar, começar a nos educar. Se o consumidor saía todos os dias para o comércio para fazer uma compra, pode reduzir isso a menos dias, e podemos viver de uma forma menos aglomerada”, reforça.

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O sindicato reitera que não tem poder de fechar estabelecimentos, algo que só poderia ser feito através de medidas governamentais, e usa o exemplo da Europa: “Na Itália, se chegou à conclusão de que o melhor era fechar todos os estabelecimentos, porque era mais seguro. Aqui, se um estabelecimento fechar e outro não fechar, não adianta. O que podemos fazer é orientar os empresários em nossa rede para que possam trazer conforto nesse sentido para os clientes e funcionários dentro da loja.”

De acordo com o secretário de Saúde de Juiz de Fora, Márcio Itaboray, em coletiva de imprensa na última segunda-feira (16), apesar do apelo de alguns especialistas pelo fechamento do comércio, é preciso considerar a importância da venda de determinados produtos, como os alimentícios, por exemplo: “Se fechar, as pessoas vão morrer de fome e não de vírus. A preocupação que temos que ter é em tranquilizar a população, pois não pode haver pânico”, afirmou, na ocasião.

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O Fecomércio publicou uma nota nesta terça-feira (17) sobre os reflexos trabalhistas causados pelo novo coronavírus. O órgão deu orientações a empresários do setor terciário de Minas Gerais, com foco em medidas que podem ser adotadas pelos empregadores, entre elas: férias coletivas, licença remunerada, norma coletiva e aditivo ao contrato de trabalho. A federação também orientou sobre o que deve ser feito em caso de haver algum empregado infectado ou com quadro suspeito. .

Redução também impacta shoppings

Os shoppings da cidade também têm sentido o impacto da diminuição da circulação de pessoas nas ruas. Por isso, a partir desta quarta-feira (18), o Independência Shopping adotará um esquema de horário reduzido, de meio-dia às 20h. De acordo com a assessoria do estabelecimento, as medidas adotadas poderão sofrer alterações a qualquer momento, de acordo com a evolução do cenário.

A administração do Jardim Norte também adotou o horário especial temporariamente, passando a funcionar de meio-dia às 20h a partir de quarta. Os eventos previstos para o mês de março foram cancelados.

No Mister Shopping, o funcionamento normal será mantido até as autoridades responsáveis determinarem ou não o fechamentos das lojas comerciais. De acordo com a assessoria, as medidas mais extremas de higienização e desinfecção a fim de proteger quem trabalha e circula no local estão sendo tomadas. Conforme nota do estabelecimento, mesmo sem redução do expediente, a queda no movimento foi de 56% em comparação a terça-feira passada.

O Santa Cruz Shopping informou que vai manter as portas abertas normalmente, de 9h às 20h, deixando a critério dos lojistas a escolha de abrir em um horário reduzido ou não. De acordo com nota enviada pelo shopping, a grande maioria dos comerciantes continuará com funcionamento normal. Ainda conforme o texto, houve cancelamento dos eventos circenses que ocorreriam nos próximos sábados, e o cinema já funciona com a venda máxima de até 50 ingressos, diminuindo a operação total da sala em 55%.

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Recomendações do Sindicomércio

“Conforme determinado pela Fecomércio-MG, o Sindicomércio orienta os empresários do setor terciário a manterem equipes e colaboradores informados com base em fontes seguras, tais como o Ministério da Saúde, as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Outras informações também podem ser obtidas por meio do Disque Saúde (136), do governo federal.

Os empresários do comércio de bens, serviços e turismo podem colaborar implementando os seguintes cuidados em seus estabelecimentos. Veja algumas medidas preventivas:
• Verificar se os locais de trabalho estão limpos e higienizados. Superfícies como pisos, corrimão, mesas, cadeiras, além de telefones, maçanetas e teclados precisam ser limpos regularmente com hipoclorito de sódio a 1% ou álcool a 70%, uma vez que a contaminação em superfícies é uma das principais maneiras pelas quais o Covid-19 se espalha.
• Estimular e orientar trabalhadores, clientes e colaboradores sobre a necessidade de se lavar as mãos com água e sabão de forma regular e completa, ensaboando até o punho e esfregando os dedos entre as palmas das mãos.
• Disponibilizar dispensadores de álcool gel/higienizadores de mãos em locais de destaque, acessíveis no local de trabalho, e certificar-se de que sejam recarregados regularmente.
• Exibir cartazes e informes orientando sobre a lavagem adequada das mãos com água e sabão ou a higienização com álcool a 70%. Além disso, identificar os locais para a lavagem com água e sabão, que é a principal medida para se evitar a doença.
• Orientar sobre a etiqueta respiratória ao tossir ou espirrar, usando sempre a curva interna do cotovelo, cuidado que ajuda a impedir a propagação do Covid-19.
• Estimular as equipes de profissionais de saúde e segurança ocupacional para orientar e adotar ações de educação em saúde e medidas de prevenção (como a produção de materiais informativos), principalmente quanto à lavagem das mãos e a higiene respiratória.
• Garantir aos profissionais e colaboradores com sintomas do Covid-19 o afastamento e a licença médica.”

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