Companheiros fofinhos e afetuosos, os animais de estimação vem ganhando cada vez mais espaço nas famílias. O aumento desta presença e o estreitamento do relacionamento entre donos e bichinhos têm impactado as formas de consumo. O mercado pet está em franca expansão e, no ano passado, movimentou R$ 20,3 bilhões no país, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Além disso, outros segmentos de negócio também sofrem interferência desta mudança de comportamento das famílias. Por isso, a terceira etapa da pesquisa “Perfil do Consumidor Juiz-forano”, realizada pela Sieg Informação e Pesquisa em parceria com o Grupo Solar Comunicação, foi dedicada a conhecer as características desta relação.
Os resultados permitiram criar um “Censo Pet”, que apresenta a estimativa da população de animais por domicílio na cidade e detalha os números por espécie. Também foram apresentadas questões sobre o relacionamento com o pet e as mudanças na forma de consumo em função dele. “Percebemos que as famílias reduziram de tamanho e a presença do animais de estimação aumentou. É comum vermos casais que não querem ter filhos, mas têm o pet. Também há casais com filhos que, quando estes saem de casa, acabam optando por ter um animalzinho para fazer companhia. Em muitos destes casos, os pets não são tratados apenas como criação, mas como membros da própria família”, avalia o economista e diretor da Sieg Informação e Pesquisa, Antônio Carlos Vandanezi Alvim.
O especialista destaca que esta nova relação afeta diretamente o mercado, e apresenta a necessidade das empresas, de forma geral, se adaptarem a esta realidade. “Além do impacto direto, que faz com o que o mercado pet seja um dos que mais cresça no país e tenha uma participação interessante na nossa economia, há também o indireto, que é o direcionamento do consumo destas famílias para locais que sejam receptivos aos animais de estimação.”
Pesquisa
O universo da pesquisa foi a população residente na sede do município, estimada em 560.909 habitantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os pesquisadores foram a campo entre os dias 12 e 20 de outubro, quando entrevistaram uma amostra de 2.466 famílias. Os entrevistados tinham idade a partir de 15 anos e eram residentes de todas as regiões da cidade. Para a realização do estudo, foram considerados, também, os dados do plano diretor municipal e a base de dados da Sieg Informação e Pesquisa.
Pets estão presentes em 95.400 famílias
O estudo identificou que em Juiz de Fora há aproximadamente 180 mil famílias. Deste total, 53% possuem, pelo menos, um animal de estimação, o que em números absolutos corresponde a 95.400. Entre os 47% que não possuem, 8% disseram que ainda pretendem adquirir, o que significa que outras 14.400 residências estão dispostas a ter um pet.
Para Vandanezi, os números são muito expressivos. “Mais da metade das famílias da cidade têm algum tipo de animal doméstico. É um número muito significativo e que tende a aumentar, tendo em vista que uma parcela pretende adquirir. Este levantamento é importante para empresários terem a dimensão da presença dos pets e conhecerem a participação deles na rotina dos consumidores.”
Cachorro está em mais de 78% das residências que têm animais
A maior parte das famílias que possui animal de estimação opta pelo cachorro, mais de 78%. Enquanto em 70% das casas, esta é a única espécie presente, em outros 8% os cães dividem espaço com os gatos. Os felinos, aliás, são a segunda principal escolha dos juiz-foranos, estando em 18% destes lares, sendo que em 10% são presença exclusiva. “Uma informação interessante que a pesquisa nos mostrou é que quem cria gatos costuma ter mais de um em casa. Com relação aos cachorros, é mais comum ver apenas um por residência”, diz Vandanezi.
Em seguida, o levantamento apontou pássaros (7%), outros animais (2%) e vários animais (2%), quando há mais de uma espécie na residência.
População pet é de 194 mil
A residências juiz-foranas somam uma população de 194 mil pets. “Junto às famílias que afirmaram ter animais de estimação, levantamos a quantidade de cada um deles. Assim, conseguimos calcular a média de animais por domicílio e, posteriormente, estimar o número total”, explica o pesquisador.
A população canina é a maior na cidade, somando 121 mil cães. Em seguida estão os gatos, que chegam a 45 mil; os pássaros, que totalizam 24 mil; e outros animais, 4 mil.
Para 85%, o pet é membro da família
Para saber como é a relação dos donos com os animais de estimação, a pesquisa perguntou se os entrevistados consideravam o pet “como se fosse da família”. Para 85%, a resposta foi positiva. “O curioso é que muitas pessoas se ofenderam com o questionamento. Uma das respostas mais comuns recebidas por nós foi: ” como se fosse não, ele é.’ Isto revela o espaço e a importância que as criações ganharam nestas famílias. Com certeza, o consumo delas também sofre influência deste comportamento.”
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Interferência na escolha dos locais comerciais afeta 16%
Os pesquisadores também questionaram se os entrevistados já deixaram de ir ou passaram a frequentar menos um estabelecimento comercial que não permite a entrada dos pets. “A maioria não mudou o comportamento por isso (84%), mas 16% sim. Em números, isto representa em torno de 15 mil famílias. Este é um número expressivo para os negócios.”
Vandanezi acredita que a pesquisa deixa claro que as empresas, independente do segmento, deverão se adaptar. “É uma realidade e não tem como fugir. Já temos empreendimentos que aceitam a presença dos pets, imobiliária que oferece spa para o bichinho no dia da mudança. A própria cidade está se adaptando, quando vemos que agora nas praças públicas há o ParCão”, exemplifica. “É necessário compreender esta nova realidade. Além de oferecer muitas oportunidades de novos negócios, para os outros segmentos é uma chance de fidelizar clientes.”
Próxima edição
No próximo domingo (22), a Tribuna irá divulgar os resultados da quarta etapa do estudo, quando serão apresentadas as posses dos consumidores. Nesta etapa, foram levantadas informações sobre bens que as famílias possuem.