A construção de um parque fabril da M.Dias Branco em Juiz de Fora será reavaliada. A informação foi veiculada pelo jornal “Valor Econômico” nesta quarta-feira (15) e confirmada pela assessoria da empresa à Tribuna. Anunciado em 2016, o projeto inclui a instalação de uma fábrica de massas e biscoitos, um moinho de trigo e um centro de distribuição na cidade. O investimento é de R$ 300 milhões, e a expectativa, até então, era que as obras fossem iniciadas este ano.
O motivo da reavaliação do projeto é a compra da Piraquê, concluída em maio deste ano por meio de uma operação avaliada em R$ 1,55 bilhão. A marca possui duas fábricas, uma na cidade do Rio de Janeiro e outra no município de Queimados, também no estado carioca, o que já representa ganho de mercado na Região Sudeste pela M.Dias Branco.
Durante a Conferência de Resultados do segundo trimestre, realizada na terça-feira (14), o vice-presidente de investimentos e controladoria da empresa, Geraldo Luciano Mattos Júnior, afirmou que “após a compra da Piraquê, é necessário repensar algumas coisas que estavam programadas, inclusive a fábrica de Juiz de Fora.” Para isto, foi contratada uma consultoria que irá analisar a estrutura industrial e logística da maior fabricante de massas e biscoitos do país. O prazo para a conclusão da análise é de até 90 dias.
De acordo com as informações apresentadas na conferência, a M.Dias Branco pretende trabalhar nos próximos trimestres para aumentar a margem de lucro da Piraquê. Segundo o diretor de novos negócios e relações com investidores, Fábio Cefaly, a marca apresenta despesas altas. “Existem oportunidades para baixar custos e despesas, e a companhia trabalha nisso no momento.” A empresa também estuda entrar em novos segmentos com a marca Piraquê, como na categoria de torradas prontas.
PJF diz que haverá readequação do projeto
A Prefeitura de Juiz de Fora declarou, por meio de nota encaminhada pela assessoria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedettur), que “mantém contato permanente com a M.Dias Branco e foi informada da readequação do projeto da unidade de Juiz de Fora, processo natural, tendo em vista a aquisição da Piraquê, em 2018”. O texto afirma, ainda, que “a instalação do parque fabril é prioritário nas diretrizes da Administração e aguarda a apresentação do novo projeto, após conclusão da consultoria contratada pela empresa.”
Construção de acesso é entrave
Desde novembro de 2017, a Tribuna tem informado sobre a preocupação de que a demora para a concretização do acesso entre a BR-040 e o terreno adquirido pela M.Dias Branco pudesse comprometer os planos da empresa de efetivar o investimento em Juiz de Fora. A proprietária das marcas Adria, Estrela e Isabela pretendia iniciar a construção do parque fabril no ano passado, mas continua aguardando a obra, que seria de responsabilidade do Estado e é considerada imprescindível para o início dos trabalhos propriamente ditos. A M.Dias Branco trabalhava com a expectativa de conclusão da unidade em 2019 e início das operações em 2020.
Em fevereiro deste ano, quando foi anunciada a aquisição da Indústria de Produtos Alimentícios Piraquê, a empresa não se manifestou se a operação poderia interferir no projeto para Juiz de Fora. Após dois meses de silêncio, garantiu que “não havia plano de desistência relacionado ao investimento na cidade”. Em novo contato feito pela Tribuna nesta quarta-feira (15) confirmou a reavaliação do projeto, e sem oferecer detalhes declarou que “não há mais nenhum fato novo”.
Imbróglio
O impasse envolvendo a construção do acesso da BR-040 ao terreno adquirido pela M.Dias Branco em Juiz de Fora, considerado o principal entrave para a instalação do parque fabril, já dura algum tempo. O acesso pendente fará a ligação da BR-040 até o Porto Seco, em Dias Tavares. A primeira etapa, orçada em R$ 7 milhões, está prevista até a entrada de onde será instalada a indústria. Os recursos seriam da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).
Em posicionamentos anteriores, a Prefeitura afirmou que, em reunião realizada em junho do ano passado, o governador Fernando Pimentel (PT) autorizou o Estado a viabilizar a obra. Em agosto daquele ano, a Codemig encaminhou a documentação à Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop). Posteriormente, os projetos foram encaminhados ao Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG). Sobre o projeto de engenharia em elaboração pela Prefeitura de Juiz de Fora para pavimentação da estrada de acesso ao Distrito de Dias Tavares, a informação é que as adequações aos padrões técnicos exigidos pelo DEER/MG, solicitadas em abril, já foram realizadas.