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Aeroclube de JF irá investir R$ 1,5 milhão na expansão das atividades

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AOS 81 anos, aeroclube reforça atuação como referência nacional, oferecendo teoria e prática aos alunos (Foto: Olavo Prazeres)

Com 81 anos de trajetória na formação de pilotos profissionais, o Aeroclube de Juiz de Fora trabalha para expandir as atividades. Até 2021, serão realizados investimentos da ordem de R$ 1,5 milhão para a compra de seis aeronaves, homologação de novos cursos presenciais e à distância (EAD), aquisição de um simulador de voo Boeing B737-800 e a criação do curso superior de Ciências da Aeronáutica que, em parceria com o Centro Universitário Uniredentor, do Rio de Janeiro, será o primeiro do Brasil a oferecer os estudos teóricos e o aprendizado prático no mesmo local. A expansão irá impactar diretamente a economia de Juiz de Fora, que irá atrair um número maior de estudantes, aumentar o seu potencial como polo de qualificação de mão de obra para a aviação e gerar mais empregos.

Os investimentos têm a proposta de manter o Aeroclube como referência nacional na formação de pilotos e garantir que os alunos tenham um aprendizado prático cada vez mais próximo do que é exigido no mercado de trabalho em linha aérea. “Nove em cada dez dos nossos alunos desejam seguir carreira na linha aérea, que exige experiência de 500 horas de voo. A formação garante apenas 200 horas, então o piloto vai atuar em outros ramos até poder pleitear uma vaga nas companhias. Existem várias ramificações, como a aviação de instrução, agrícola, executiva, táxi aéreo, dentre outros”, explica o presidente do Aeroclube, Leandro Lopardi.

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Estimada em R$ 300 mil, a aquisição do simulador de voo Boeing B737-800, que é um avião de linha aérea empregado no mercado nacional, reforça esta proposta. O equipamento chegará este mês e permitirá a habilitação em “jet training” (voo a jato). “Este curso será direcionado para pilotos de avião que já finalizaram a formação profissional e possuem experiência em voos por instrumentos. Durante o treino, o piloto irá receber noções sobre equipamentos B737NG ou A320, performance da aeronave, noções sobre aviões a jato, operação normal e anormal, gerenciamento de cabine, atitudes e decisões em casos de panes e rotina operacional de uma empresa aérea.”

Novos cursos

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Os demais cursos técnicos oferecidos pelo Aeroclube de Juiz de Fora têm como pré-requisito o ensino médio. O local propicia a habilitação para piloto privado de avião, piloto comercial, piloto de aviões multimotor, voo por instrumentos e instrutor de avião. Para as aulas, são utilizados simuladores de aviões monomotor e bimotor. Há, ainda, as especializações em navegação aérea avançada e controle técnico de manutenção.

No próximo semestre, terá início o curso presencial de comissário de bordo. Ainda estão em fase de homologação pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os cursos a distância para piloto privado de avião, piloto comercial e comissário de bordo. “Também existe o interesse em retomar o curso técnico para mecânico, mas esta possibilidade ainda está sendo estudada”, afirma Leandro.

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De acordo com a assessoria da Anac, após a análise da documentação referente ao pedido de homologação é realizada inspeção para verificar todos os aspectos descritos no processo de solicitação. “Se considerada satisfatória, é concedida a homologação, que é publicada em boletim do Comando da Aeronáutica.”

Opção de carreira

“Minha meta é trabalhar fora do país. Quero acumular experiência suficiente para entrar na Emirates”, Brenda Faria, estudante (Foto: Olavo Prazeres)

Na avaliação do presidente Leandro Lopardi, o mercado de trabalho segue o ritmo da economia. “Em 2009, nós ficamos com falta de instrutores no Aeroclube, pois todos foram contratados pelo mercado. Nós sempre estamos oferecendo mão de obra. Temos ex-alunos que estão voando na China, Finlândia, na Emirates (que atende os Emirados Árabes), na Gol, na Tam, na Azul”, exemplifica.

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No entanto, ele destaca que a carreira até chegar às companhias aéreas leva um tempo. “Podemos fazer uma comparação com qualquer outro curso superior. O aluno quando se forma vai em busca de experiência para crescer na carreira. Ele pode começar como instrutor de voo ou copiloto em táxi aéreo até passar para uma aeronave mais complexa e, futuramente, trabalhar na linha aérea.”

Apesar do cenário econômico ainda retraído, Lopardi acredita que novas oportunidades possam surgir no mercado nacional. “Nós tínhamos quatro empresas aéreas, mas com o fim da Avianca ficaram três. Agora o mercado se abriu para o investimento de capital estrangeiro, o que pode acarretar na criação de novas empresas aéreas que vão demandar pessoal. Para se ter ideia, um avião precisa de três tripulações, que somam 30 pessoas.”
De acordo com dados do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a remuneração é regulamentada conforme a segmentação entre aviação regular, aviação agrícola e táxi aéreo. O piso salarial pode che gar até R$ 5.031,09 para o cargo de comandante da aviação regular.

 

Aeroclube, que já possui dois simuladores, vai investir R$ 300 mil em outro equipamento, para pilotagem em Boeing B737-800 (Foto: Olavo Prazeres)

Curso superior está previsto para 2020

Juiz de Fora, que já é reconhecida como polo estudantil, contará com mais um curso superior em seu portfólio. Em processo de formatação, o curso de Ciências da Aeronáutica está previsto para ser ofertado pelo Aeroclube no segundo semestre de 2020. O aluno será habilitado como piloto comercial de aviões multimotor e jet training (voo a jato), e o curso terá duração de quatro anos contemplando instruções teóricas e práticas. “Será o primeiro do Brasil com este formato”, adianta o presidente Leandro Lopardi. “Atualmente, o aluno cursa a faculdade e, posteriormente, precisa procurar uma escola para realizar a parte prática.”

O Aeroclube, inclusive, recebe alunos de várias partes do país para a realização dos voos. Este é o caso de Brenda Silva Farias, de 22 anos, natural de Recife, em Pernambuco. Para realizar o sonho de ser piloto de linha aérea, ela foi cursar a faculdade de Ciências da Aeronáutica na Escola Superior de Aviação Civil (Esac) em Capina Grande, no interior da Paraíba. Quando passou na parte teórica, veio para o Juiz de Fora. “Cheguei em janeiro e fiquei até fevereiro acumulando horas de voo. Agora retornei em junho. O lado mais difícil, com certeza, é ficar longe da família.”

Brenda conta que soube do Aeroclube de Juiz de Fora por meio de uma amiga da faculdade. “Ela é natural do Acre e também veio cursar as horas de voo aqui.” Animada com a proximidade de ingressar no mercado de trabalho, o que acontecerá no final do ano, ela já sabe qual é o sonho que pretende seguir. “Minha meta é trabalhar fora do país. Quero acumular experiência suficiente para entrar na Emirates.”

Em média, 80 alunos se formam pelo aeroclube anualmente. Eles são oriundos de várias partes do país e, também, do exterior. “Já tivemos pessoas de Angola, Portugal, Suíça, Nova Zelândia, Alemanha, Austrália e outros países”, relembra Leandro. Os estudantes que são de fora ficam no alojamento da instituição e são responsáveis por aquecer a economia juiz-forana com o consumo e, também, a demanda por cursos de inglês, já que a proeficiência na língua é necessária para a formação de piloto. Com a oferta do curso superior de Ciências da Aeronáutica, a expectativa é que a cidade possa qualificar um número maior de pilotos.

Expansão deve impactar emprego

Em média, 80 alunos se formam anualmente no aeroclube. Eles são oriundos de várias partes do país e do exterior (Foto: Olavo Prazeres)

Com os investimentos realizados, a frota do Aeroclube passará de 18 para 24 aeronaves. A expectativa é que os equipamentos atendam o aumento da demanda de alunos com a inclusão dos novos cursos. Consequentemente, a expectativa é que haja a criação de novas vagas de emprego. O atual quadro de funcionários da instituição conta com 30 profissionais, sendo 20 deles instrutores de voos. “A abertura de novas oportunidades vai de acordo com a demanda. Há seis meses, nós tínhamos apenas três instrutores, e agora somos 20”, destaca Lopardi.

Dentre os instrutores de voo recém-contratados está Gustavo Nedel, 33 anos, natural de Sapucaia do Sul, no Rio Grande do Sul. “Formei em 2013, mas não consegui oportunidade no mercado de aviação rapidamente. Como também sou advogado, fiquei trabalhando no meu estado até que surgiu uma chance na aviação executiva em Guarapari, no Espírito Santo. Para complementar a renda, nas horas vagas eu atuava como motorista por transporte de aplicativo”, conta. “Como sempre quis dar instrução, continuei enviando meu currículo para várias empresas e aeroclubes, até que em abril deste ano fui chamado para Juiz de Fora. Sou eternamente grato por estar aqui.” O sonho de Nedel também é ingressar na linha aérea. “Estou adquirindo conhecimento e experiência para o meu objetivo futuro que é atuar em uma companhia.”

Na avaliação do assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária (Sedeta) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Marcos Henrique Miranda, os investimentos realizados no Aeroclube terão impactos econômicos bastante positivos. “A expansão das atividades evidencia a excelência e a qualidade do trabalho que vem sendo realizado ao longo de todos esses anos. Além disso, estamos falando de formação de obra qualificada que irá promover a geração de emprego e renda”, observa. ” O trabalho que o Aeroclube realiza contribui para que o Aeroporto Francisco Álvares de Assis, o Serrinha, seja o terceiro com a maior movimentação em Minas Gerais, apesar da ausência dos voos comerciais.”

Apesar do reconhecimento por parte do mercado da aviação, o trabalho realizado pelo aeroclube é pouco conhecido pelos juiz-foranos. Dentre os alunos matriculados, apenas um é natural de Juiz de Fora. Neste sentido, a instituição tem trabalhado ações para tentar a aproximação com a comunidade. As medidas vão desde a abertura para visitação de escolas, realização de palestras, divulgação nas redes sociais e o agendamento de voos panorâmicos. “É importante que a cidade também reconheça este trabalho que já vem de tantos anos. O Aeroclube foi inaugurado em 1938 e, desde então, já formou milhares de pilotos que estão trabalhando em várias partes do mundo”, analisa Leandro.

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