Juiz de Fora é o quarto município mineiro com maior índice de desenvolvimento local, conforme estudo divulgado pelo Sebrae nesta semana. No ranking estadual, está atrás de Belo Horizonte, Contagem e Uberaba, respectivamente. Na listagem nacional, ocupa a 69ª colocação entre 5.470 municípios. O levantamento foi realizado pela primeira vez este ano, e avalia 30 indicadores que contribuem para promover o desenvolvimento sustentável dos territórios e, assim, fortalecer a economia local. As informações são agrupadas em cinco categorias e, para cada uma delas, foi dada nota de zero a um. A média destes resultados originou a pontuação final.
O Índice Sebrae de Desenvolvimento Local (ISDEL) de Juiz de Fora foi de 0,46. “É uma boa pontuação, que mostra que temos muito potencial, mas ainda precisamos trabalhar melhorias em determinados aspectos. Quando comparamos com outros municípios do mesmo porte, como Uberlândia, que ficou na 13ª posição, e Betim, na 22ª, estamos muito bem” , avalia o gerente regional do Sebrae na Zona da Mata e Vertentes, João Roberto Marques Lobo.
Capital empreendedor é destaque
Na análise por categorias, Juiz de Fora se destacou no quesito “capital empreendedor”, que considera tanto a quantidade quanto a qualidade de empreendedores, empresas e lideranças, obtendo nota 0,68. “Verificamos a densidade empresarial e, também, se há uma cultura empreendedora capaz de impulsionar novos negócios. Neste sentido são avaliadas as condições de educação e o nível de instrução do capital humano”, explica a analista do Sebrae Minas, Paola La Guardia Zorzin.
O fato de ser reconhecida como polo regional de ensino faz com que Juiz de Fora seja bem avaliada neste critério.”Além disso, as instituições de ensino e pesquisa dialogam muito bem. Existe uma sintonia entre elas”, assegura João Roberto. Nos últimos anos, a cidade também viu crescer um ecossistema de startups, que são empresas de base tecnológica que oferecem oportunidades de emprego para profissionais com nível mais alto de instrução, outro fator que também contribuiu para o bom desempenho.
Já a pior pontuação da cidade foi na categoria “inserção competitiva” (0,08) que trata do posicionamento do município no mercado externo. “É um olhar sobre como o local interage com outros mercados. Avaliamos o volume de exportação e o grau de complexidade do que é exportado. Neste aspecto, Juiz de Fora não se destacou”, avalia Paola.
No primeiro semestre deste ano, a cidade registrou déficit na balança comercial em US$ 322,6 milhões, resultado da prevalência das importações sobre as exportações, conforme os números do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). Em agosto, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) da Zona da Mata, o Centro Internacional de Negócios (CIN) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) lançaram o Núcleo Juiz de Fora do Programa de Qualificação para Exportação (Peiex). O projeto pretende capacitar empresas para as vendas internacionais até dezembro de 2019.
Governança, organização e articulação
Outra categoria analisada pelo ISDEL foi “governança para o desenvolvimento”, que identifica as ações conjuntas do poder público, da iniciativa privada e da sociedade para tornar o ambiente mais favorável aos negócios. Esta foi a segunda maior pontuação de Juiz de Fora (0,66) e, neste sentido, iniciativas como o Grupo de Trabalho, Desenvolvimento e Inovação na Mata Mineira (GDI-Mata) se destacam, conforme João Roberto. “O projeto tem como proposta coordenar a colaboração entre poder público, universidades, instituições de pesquisa e empresas para garantir aumento da competitividade e da inovação dos negócios.”
Também foi avaliada a organização produtiva, que é uma análise das vantagens competitivas e da dinamização das atividades econômicas que geram renda e riqueza ao município. Juiz de Fora obteve pontuação 0,48. A cidade possui localização favorável aos negócios, mas ainda mantém a economia pouco diversificada.
Por fim, foi analisado o critério “tecido empresarial”, que mostra como é a articulação dos empreendimentos e empreendedores, e quais são os arranjos, associações e sindicatos existentes no município. Neste quesito, a cidade registrou a segunda pior nota de sua avaliação (0,23). “Nós temos vários setores com grande potencial para se articularem, como é o caso da cerveja artesanal, mas ainda é um trabalho que está bem fragmentado. O mais importante é conseguirmos identificar todas estas questões para trabalharmos ações de melhoria para os próximos anos”, diz João Roberto.
Desempenho de Minas
Com ISDEL de 0,39, Minas Gerais ocupa o oitavo lugar no ranking dos estados brasileiros, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Espírito Santo. Para a analista do Sebrae, Paola La Guardia Zorzin, o resultado não foi surpresa. “O ISDEL é uma média da pontuação de todos os municípios, e Minas possui o maior número de cidades entre os estados, sendo que muitas delas ainda não se destacam em critérios que têm peso na pontuação, como é o caso da inserção competitiva. Além disso, os produtos exportados são, em sua maioria, matérias primas, que possuem pouca complexidade.”
Confira os resultados do Índice Sebrae de Desenvolvimento Local (ISDEL)*:
No Brasil
1) São Paulo (0,796)
2) Rio de Janeiro (0,631)
3) Curitiba (0,588)
4) Campinas (0,579)
5) Porto Alegre (0,578)
Em Minas Gerais
1) Belo Horizonte (0,576)
2) Contagem (0,488)
3) Uberaba (0,472)
4) Juiz de Fora (0,465)
5) Varginha (0,458)
Desempenho de JF por categorias
– Pontuação total: 0,465
– Capital empreendedor: 0,686
– Governança para desenvolvimento: 0,661
– Organização produtiva: 0,486
– Tecido empresarial: 0,232
– Inserção Competitiva: 0,08
* O ISDEL é decorrente de uma avaliação, de zero a um, dada para cada categoria analisada. A pontuação final de cada município é a média entre os resultados obtidos nestas categorias.