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Bares e restaurantes enfrentam dificuldades para se recuperar da pandemia

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Após três anos, mesmo com a flexibilização mais recente nas medidas preventivas, a pandemia de Covid-19 segue causando consequências negativas em diferentes âmbitos. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e divulgado na última semana mostrou que as empresas do setor de alimentação fora do domicílio identificaram queda na movimentação em janeiro de 2023 com relação a dezembro do ano passado. Segundo o presidente nacional da entidade, Paulo Solmucci, a situação no setor é preocupante, resultado da combinação de dívidas caras e baixo retorno.

A pesquisa ouviu, ao todo, 1.477 empresas de todo o país. De acordo com o levantamento, 23% delas, quase um quarto do total, registraram prejuízo em janeiro – quatro pontos percentuais a mais em relação ao resultado do mês anterior. Além disso, 34% ficaram em estabilidade, e 43% trabalharam com lucro – queda de quatro pontos em comparação com dezembro do ano passado. Outro dado detectado foi que 66% das empresas têm, no momento, empréstimos bancários contratados. A inadimplência é de 21% entre os que tomaram dinheiro de linhas regulares e de 13% entre os que aderiram ao Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) – a média do programa no Brasil é de 5,2%.

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Em média, 10,3% do faturamento das empresas que têm empréstimos está empenhado em pagar as parcelas das dívidas bancárias. Segundo Paulo Solmucci, é um índice muito alto. “Não à toa, a inadimplência em relação a empréstimos de linhas regulares já atinge uma em cada cinco destas empresas”, completou, por meio da assessoria. Para um terço delas (33%), a renda utilizada está acima deste patamar: 24% têm entre 11% e 20% do faturamento empenhados, enquanto para 9% o percentual está acima de 20%.

Paulo ainda falou sobre as empresas que se socorreram na primeira etapa do Pronampe, que contrataram financiamentos a 2% de juro e 1,25% de spread bancário; no momento, o custo está em 13,75%. “Quer dizer que quem tomou o empréstimo mais barato, hoje, está pagando 15%, o que significa que as prestações estão de 30% a 40% mais caras do que quando foram contratadas”, ressaltou o presidente nacional.

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A pesquisa revelou ainda que 55% das empresas não estão conseguindo reajustar os preços conforme a média de inflação, que foi de 5,77% no período. Do percentual, 29% fizeram reajustes abaixo do índice, e 26% não conseguiram fazer reajuste algum. Das que conseguiram, 35% aumentaram conforme a média, e apenas 10% aumentaram o cardápio acima deste nível.

A presidente da Abrasel Zona da Mata, Francele Galil, demonstra preocupação com o cenário. “Essa é a realidade todo o país. Metade do nosso setor está operando sem lucro e, se os juros continuarem a subir, a situação tende a se agravar. Por isso, a Abrasel está atuando junto às autoridades em todos os níveis governamentais no sentido de buscar formas de redução de juros e outras ações que corroborem para fomentar as atividades ligadas à gastronomia, como a realização de eventos e inclusão de parkletes”, exemplificou, também por meio da assessoria.

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A Abrasel informou que levou a situação ao conhecimento do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, e pretende levar o tema ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, solicitando medidas como o alongamento dos prazos dos empréstimos, como aconteceu em outros países nos quais o setor recebeu ajuda governamental a fundo perdido. Além dessa, também foi requisitada a inclusão do ramo no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), que suspendeu a cobrança de tributos durante cinco anos e a desoneração da folha. Ainda segundo a Abrasel, o setor de bares e restaurantes é o maior empregador do país, com seis milhões de trabalhadores.

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