Mesmo diante de diversas ameaças de cortes e bloqueios orçamentários no último ano, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) encerrou o ano de 2022 com um déficit orçamentário menor do que o esperado inicialmente. A situação, que foi comunicada aos conselheiros da instituição na última sexta-feira (10) pelo reitor Marcus David, durante reunião do Conselho Superior da Universidade (Consu), é advinda de um “grande esforço coletivo” diante da organização de receitas e despesas, de acordo com a assessoria da Universidade. Previsto a princípio em mais de R$ 6 milhões, o rombo no orçamento da UFJF foi reduzido para R$ 200 mil – valor este considerado administrável pelo pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças, Eduardo Salomão Condé.
De acordo com o pró-reitor, mesmo diante da pressão orçamentária exercida pelos contigenciamentos de recursos, a Universidade já iniciou o ano de 2022 reduzindo despesas fixas com terceirizados e com a diminuição no número de bolsas oferecidas aos estudantes. “Desde o início do ano passado, nós sofremos constante insegurança sobre as liberações de recursos. Em junho, o próprio governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou um corte no orçamento, aumentando assim nossas dificuldades. Desde o primeiro semestre e diante das incertezas, as despesas começaram a ser ajustadas com redução em número de bolsas, adiamento de editais e ajustes nos contratos terceirizados, o que produziu um efeito ao longo de todo o ano. Ao final de 2022, havíamos reduzido a previsão para a conta de energia com resultado em -22% e diminuído a escala de aquisições e serviços contratados em torno de 39%”, afirmou Condé.
A situação se tornava ainda mais complicada diante da imposição do teto de gastos, que impedia que a própria receita da Universidade, via projetos de pesquisa e serviços, por exemplo, ultrapassasse um determinado limite. “Ou seja, mesmo que arrecadasse, a UFJF não poderia utilizar esses mesmos recursos. Pelo lado da gestão direta no orçamento, fomos forçados a reduzir dramaticamente o investimento previsto e convertê-lo no pagamento de despesas correntes. Como todas as universidades mineiras, recebemos um aporte adicional de uma emenda da bancada federal de Minas Gerais, que ajudou também a conter o déficit”, indica o pró-reitor da instituição.
Orçamento de 2023 ainda depende de liberação do MEC
Ainda que a expectativa para a gestão financeira do atual ano seja positiva, diante do posicionamento da nova gestão do Governo federal, o orçamento de 2023 somente será discutido pelo Consu após a liberação do mesmo pelo Ministério da Educação (MEC). Para Condé, a perspectiva é agradável, mas ainda impõe novos desafios. “O novo Governo acena com uma recuperação orçamentária para 2023, já tendo recursos alocados no MEC. A PEC da transição garantiu que as receitas geradas para a Universidade, a partir deste ano, estarão fora do teto de gastos. Ainda segundo a expectativa, o orçamento para a ciência e tecnologia está sendo também recomposto. Desta forma, o que nos resta é aguardar.”