Site icon Tribuna de Minas

Queda do dólar anima setor turístico

PUBLICIDADE

Quem conviveu com o dólar batendo na casa dos R$ 4 no início do ano, pode até achar que o câmbio a R$ 3,14 inverteu a curva, sendo mais atrativo a importadores do que exportadores. Na prática, no entanto, não é bem assim. Mesmo diante da sinalização de estabilidade da moeda e de a cotação hoje ser um pouco menor do que a verificada em igual período do ano passado – R$ 3,49 em 11 de agosto de 2015 -, ela ainda encontra-se em patamares bem superiores aos verificados em 2014. Na mesma data daquele ano, o dólar equiparava-se a R$ 2,27.

Apesar de desvalorização de 20,6% no ano, sendo 3,41% só em agosto, ainda não ter provocado impacto expressivo nas gôndolas, já é comemorada no setor turístico. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) de Minas Gerais, José Maurício de Miranda Gomes, além da queda do câmbio, a redução do imposto para remessa de dinheiro ao exterior provocou impacto “muito positivo” no segmento. Desde o início do ano, está valendo a redução de 25% para 6% na alíquota do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre a remessa destinada a pagar gastos pessoais em viagens de turismo e negócios.

PUBLICIDADE

Conforme José Maurício, depois de conviver com retração de até 80% na procura por pacotes internacionais em função do dólar alto – que motivou companhias aéreas a reduzirem a oferta de voos na tentativa de ajuste ao mercado – o cenário, antes considerado “um pouco assustador”, começa a apresentar sinais de recuperação. Ainda assim, nas férias de julho deste ano, não foi possível atingir os níveis verificados no mesmo período do ano passado.

O turismo nacional, avalia a Abav, também foi comprometido, em função da crise econômica. Na avaliação do presidente, no entanto, a situação foi “menos preocupante”, já que o setor absorveu uma fatia da demanda internacional. Apesar de ter havido melhora no cenário, a viagem de lazer ainda é um item considerado nos cortes orçamentários, avalia. Para os mineiros, o Nordeste é hoje o destino nacional mais procurado, enquanto os Estados Unidos e a Europa são os preferidos entre os roteiros internacionais.

PUBLICIDADE

Nos supermercados

PUBLICIDADE

De acordo com analista de Comércio Exterior Maria Fernanda Quirino, pelo fato de o dólar apresentar patamares altos para a importação, dificilmente o consumidor já percebeu o efeito da desvalorização nas gôndolas. Até porque, afirma, o consumo segue retraído, inclusive de produtos importados. “O importado continua mais caro, e o consumidor está buscando o mais barato nos supermercados para levar para casa.”

Procurada, a Associação Mineira de Supermercados (Amis) afirmou que o setor trabalha com negociações mais em médio prazo no que diz respeito a produtos importados, até para se proteger de oscilações repentinas do câmbio. “Assim, tanto os movimentos de alta, como os de baixa, em sua maior parte, impactam menos o setor em relação à variação da moeda em si.” Ainda conforme a Amis, como o setor é muito competitivo, as altas dos produtos só são repassadas em último caso, sob pena de redução na demanda. “Por outro lado, quando a variação negativa do câmbio chega ao ponto de significar redução no preço dos produtos, esses descontos são repassados aos consumidores. É uma forma de as empresas ganharem mais competitividade.”

PUBLICIDADE

Estabilidade

Para a analista de Comércio Exterior, mais importante do que estar alto ou baixo, é preciso que o dólar siga estável para estimular a assinatura de contratos. Na sua opinião, o câmbio variando pouco, entre R$ 3,132 e R$ 3,271, como tem sido verificado este mês, é melhor do que o cenário anterior, de oscilação expressiva. Em janeiro, dia 21, a moeda alcançou a maior cotação do ano – R$ 4,163. Na última quarta-feira, dia 10 de agosto, chegou ao menor valor de 2016, em R$ 3,132.

Ainda segundo Maria Fernanda, o dólar a R$ 3,14, conforme fechamento de ontem, é atrativo para os exportadores e um pouco melhor para o importador, o que não significa vantajoso. Dentre os principais artigos importados, ela cita itens de alimentação, medicamentos e tecnológicos, todos muito impactados pelo dólar. “Quando (e se) houver algum reflexo nos preços ao consumidor final, estes serão os primeiros setores que vamos sentir.” A expectativa é que a moeda estabilize nessa faixa, mas tudo depende do cenário político nacional e das movimentações internacionais, pondera a especialista.

Exit mobile version