Funcionários dos Correios em Juiz de Fora e outros municípios da região entraram em greve nesta quarta-feira (11) por tempo indeterminado. As agências seguem abertas para a recepção de cartas e encomendas, mas o serviço de entrega deve sentir os impactos nos próximos dias. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicação Postal, Telegráfica e Similares de Juiz de Fora e Região (Sintect/JFA), a maior parcela dos profissionais que aderiram à greve atua no setor de entrega.
A categoria reúne cerca de 300 profissionais na região, sendo 120 só em Juiz de Fora. “Neste primeiro dia de greve, cerca de 50 trabalhadores paralisaram as atividades na cidade. Esperamos que a adesão aumente a partir de quinta-feira (12)”, afirmou o presidente do Sintect/JFA, João Ricardo Guedes. Segundo ele, a mobilização também tem ganhado força nos municípios vizinhos. “Tivemos uma adesão bastante expressiva em Muriaé, Barbacena São João del-Rei e Ubá. As conversas também estão acontecendo em Cataguases.”
O movimento segue uma mobilização nacional, justificada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) pela recusa da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) em negociar um novo acordo coletivo para a classe. “Mesmo com a mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a empresa não recebe os representantes dos trabalhadores há mais de 40 dias e se nega a negociar, pois insiste em reduzir benefícios que rebaixariam ainda mais o salário da categoria, que já é o pior entre todas as estatais”, afirmou em nota.
‘Truculência’
O texto afirma, ainda, que “a truculência do general Floriano Peixoto, escolhido diretamente pelo presidente Bolsonaro para comandar os Correios no processo de privatização, já fartamente defendido por todo o Governo, não é por acaso. Tanto a base governista, quanto a direção dos Correios têm interesse em usar a greve para desgastar a imagem dos trabalhadores. Querem, inclusive, censurar a categoria, proibindo de falar sobre a empresa, o que por consequência também impediria de debater publicamente os reais motivos que levaram à construção do atual movimento grevista”.
A ECT emitiu nota à imprensa afirmando que “os Correios participaram de dez encontros na mesa de negociação com os representantes dos trabalhadores, quando foi apresentada a real situação econômica da estatal e propostas para o acordo dentro das condições possíveis, considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$ 3 bilhões. Mas as federações, no entanto, expuseram propostas que superam até mesmo o faturamento anual da empresa, algo insustentável para o projeto de reequilíbrio financeiro em curso pela empresa.”
Negociação
Os trabalhadores reivindicam o reajuste salarial com a reposição da inflação do período, fixada em 3,25%, e se posicionam contra cortes de benefícios. “A última proposta da empresa era de um reajuste de 0,8%, além da retirada de benefícios, o que não podemos permitir. Trabalhamos em condições muito difíceis, pois há falta de pessoal. Queremos que a população entenda que a nossa luta é para melhorar a qualidade do nosso atendimento”, declarou o presidente do Sintect/JFA, João Ricardo Guedes. Ressaltando que desde 2011 não há a realização de concurso público para os Correios, ele estima o déficit de 40 mil profissionais no país. Só em Juiz de Fora, o número chegaria a 150.