Após dois anos de descompasso na economia mundial causado, principalmente, pela pandemia de Covid-19, a recessão que sobreveio ao país ainda deve ecoar em 2022. O impacto da inflação alta, a elevação da taxa de juros e a desvalorização da moeda brasileira no mercado internacional diminuíram as projeções de crescimento a longo prazo no país. Para este ano, especialistas apostam em uma possível estagnação econômica, e a perspectiva é de que o consumidor só sinta alívio no bolso no início do segundo semestre.
Em contrapartida, em Juiz de Fora, a maioria dos segmentos que movimentam a economia da cidade aposta em um crescimento para 2022, que iguale os parâmetros do município aos que eram registrados antes da pandemia, embora exista o receio comum sobre os impactos das novas variantes do coronavírus em toda a cadeia produtiva, em Juiz de Fora, no país e no mundo.
“Na melhor das hipóteses, a perspectiva é que tenhamos estagnação econômica”
Wilson Rotatori
Além de o Banco Central ter diminuído a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2022, a perspectiva, segundo o economista, é que a inflação continue seguindo tendência de alta, mas sem ultrapassar o índice acumulado no ano anterior. “A gente espera que ela fique em torno de 5%, o que não é uma taxa baixa, mas já é a metade do que vimos em 2021. A depender também da variante Ômicron da Covid-19 e as implicações que isso tem na economia do mundo.”
“No meio do ano, não devemos ter elevações significativas de preços e vamos ter um novo equilíbrio”
Weslem Costa
Entretanto, mesmo com essa perspectiva, a possibilidade do surgimento de novas variantes da Covid-19 podem mudar o comportamento do mercado. “Petróleo, soja, milho, café e minério de ferro são exemplos de commodities primárias, que têm o seu valor cotado internacionalmente, nas bolsas internacionais. Então, se na economia existe um cenário de incerteza, pela possibilidade do surgimento de novas variantes, isso impacta positivamente o valor dessas commodities. Acredito que esse impacto não vai ser tão grande como em 2020 e 2021, deve ser bem menor, por isso, acredito que a gente vai avançar para um ponto de convergência de preços.”
“Estamos em contato com países que podem ser parceiros na atração de investimentos e abertura de mercados”
Ignácio Delgado
O secretário ainda ressalta que estão sendo desenvolvidos trabalhos para consolidar o município como um polo em energias renováveis, nas áreas de combustíveis alternativos, energia fotovoltaica e mobilidade. “Estamos trazendo para a cidade a Braspell, que tem o foco na produção de fontes alternativas de energia. Há uma parceria firmada com a Greenfuels e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para testar e, no futuro, produzir biocombustível na cidade. Estamos em contato com representações diplomáticas e câmaras de comércio envolvendo países que podem ser parceiros na atração de investimentos e abertura de mercados, além da colaboração nas áreas acadêmica e cultural, que têm, também, efeitos econômicos. Brevemente esperamos poder anunciar novos empreendimentos.”
“O desafio é que as pessoas consigam ter de volta a sua renda”
Emerson Beloti
Diante da quantidade de estabelecimentos fechados nos últimos dois anos em Juiz de Fora, o setor, em 2022, aposta em uma mudança, com a retomada das locações e a abertura de novos empreendimentos. “Como em todo país, ainda existem muitas lojas fechadas na nossa cidade. Em 2021, eu acho que já conseguimos recuperar alguma coisa, com muito sacrifício. Mas, para este ano, outros setores ainda precisam voltar a crescer. Eu vejo que a própria evolução do comportamento do comércio vai fazer com que essas lojas, que estão fechadas, sejam alugadas.” Conforme Emerson, os setores que poderão se destacar em 2022 são aqueles que incorporaram diferenciais ao negócio, seja no atendimento, no preço ou no produto, mas, principalmente, no bom uso do mercado virtual.
“Esperamos voltar aos velhos tempos”
Heveraldo Lima
Para 2022, o projeto é que a indústria de Juiz de Fora aumente a participação no faturamento do município, na criação de empregos e na integração do setor. “Queremos toda a indústria da Zona da Mata junta para produzir em grandes quantidades, vender para outros destinos do Brasil e até mesmo exportar. A indústria não para, ela tem que sempre se desenvolver para gerar emprego e riqueza na região.”
Conforme Heveraldo, a Fiemg espera uma recuperação diante dos anos anteriores em que, de forma geral, houve estagnação. “Esperamos voltar aos velhos tempos. A nossa expectativa é que possamos crescer em torno de 8% a 10%, o que já é um avanço. Cada ano é muito atípico, muito diferenciado, mas acreditamos que o crescimento vai seguir essa estimativa.”
“A quitação de todo o prejuízo deixado pela pandemia deve acontecer em, no mínimo, três anos”
Francele Galil
A expectativa é que a chegada de novos empresários no ramo e o aumento de profissionais regularizados podem potencializar a expansão do segmento de alimentação fora do lar. “Em 2022, nós acreditamos que vamos ter ainda mais empresários, pessoas que queiram investir dentro do setor. Então, nós vislumbramos um crescimento. Já tivemos muitos CNPJs abertos durante a pandemia e depois com a flexibilização também, porque muitas pessoas que ficaram desempregadas passaram a trabalhar em casa e se formalizaram como microempreendedores individuais. Neste ano não será diferente, a perspectiva é que continue crescendo.”
“Juiz de Fora deve se posicionar como destino de turismo de negócios e eventos seguros”
Thais Lima
O setor do turismo, que passou grande parte dos últimos dois anos sem poder realizar eventos e atividades presenciais, aposta que, em 2022, o avanço da imunização e a garantia de saúde e biossegurança serão peças chaves para o crescimento. “Juiz de Fora deve se posicionar como um destino de turismo de negócios e eventos seguros, que possui estabelecimentos e prestadores de serviços aptos a atuar num cenário de pandemia. Temos que explorar isso, através da captação e criação de eventos, bem como o incentivo aos eventos existentes. Entretanto, o turista de negócios também busca por lazer e entretenimento. Por isso, temos que valorizar e destacar nossa gastronomia, cultura e atrativos turísticos”, afirma Thais Lima, vice-presidente executiva do Juiz de Fora Convention & Visitors Bureau.
A recuperação socioeconômica do segmento ainda deve enfrentar os desafios que perpassam um período de recessão e que dificultam o reposicionamento no mercado. “Temos, ainda, um aumento dos preços dos produtos e as limitações financeiras dos consumidores. Além disso, um cenário de muitas incertezas com relação a pandemia e seus desdobramentos. Consumidores receosos em participar de eventos, de investir em viagens. Empresas e instituições que ainda não incentivam essas atividades. O que precisamos em 2022 é de união, trabalho colaborativo e cooperativo. A ajuda mútua será a chave para que o setor de turismo e eventos da cidade consiga se recuperar.”
“É necessário que os investidores considerem a volatilidade que as eleições trazem para o mercado”
Rodrigo Miguel
Com a Selic acima de 8,5%, o rendimento da poupança volta para 0,5% +TR. Mesmo assim, o economista afirma que é possível encontrar títulos de renda fixa com rendimento muito superior no mercado.