Após o aumento anunciado na última terça-feira (28), a gasolina e o etanol já sofreram reajuste nos postos de Juiz de Fora. Na tarde desta quarta-feira (1º), a Tribuna percorreu dez estabelecimentos entre a Zona Sul, Norte, Central e Cidade Alta e encontrou a gasolina comum custando, em média, R$ 5,39, e o etanol variando entre R$ 4,09 e R$ 3,99.
Na maioria dos postos ainda não compensa abastecer com álcool ao invés de gasolina. O cálculo de compensação determina que o etanol é mais vantajoso apenas se estiver custando até 70% do valor da gasolina. Por essa regra, a troca só compensaria em um dos postos visitado pela reportagem, no qual a gasolina estava em R$ 5,19, e o etanol, em R$ 4,19. No entanto, a responsável pelo estabelecimento afirmou que a procura ainda é maior pela gasolina.
Aumento de R$ 0,40
Na terça-feira (28), o Governo federal oficializou o retorno da cobrança de impostos sobre a gasolina e o etanol, após oito meses de desoneração. Após negociações, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que os tributos aumentariam em R$ 0,47 o custo da gasolina e R$ 0,02 o do etanol. No mesmo dia, a Petrobras comunicou uma redução de R$ 0,13 do preço da gasolina nas refinarias e de R$ 0,08 do diesel. Com isso, conforme Haddad, o aumento real esperado era de R$ 0,34 para gasolina comum. No entanto, os preços de combustíveis são livres no país, e é possível haver variações maiores ou menores em cada estado.
Pela manhã, a Tribuna também esteve nos postos de Juiz de Fora. Até então, ainda não havia mudança no valor da gasolina e do etanol. Os valores da gasolina estavam em R$ 4,98 e R$ 4,99, enquanto o etanol variava entre R$ 3,78 e R$ 3,99. Sendo assim, pôde-se notar que o aumento real na cidade foi, em média, de R$ 0,40 na gasolina e, quando aferido, de R$ 0,01 no etanol.
Consumidores aproveitaram para abastecer antes do aumento
O reajuste pegou alguns motoristas desprevenidos; outros, nem tanto. Os que ficaram atentos à elevação do preço correram aos postos pela manhã. Um dos condutores ouvidos pela Tribuna, que não quis ser identificado, contou que a esposa dele havia recebido a informação de que durante a tarde haveria a mudança de preço. Ele, então, aproveitou para abastecer com o valor antigo. “Mas não adianta, a gente que trabalha com o carro vai precisar abastecer novamente já na semana que vem”, lamentou.
Esse também foi o caso do motorista Guilherme de Oliveira, que foi abastecer o carro pela manhã. Ele também afirmou ter o hábito de acompanhar as notícias da flutuação no valor dos combustíveis para buscar o melhor preço. “Quando vai aumentar, a gente costuma abastecer antes”, admite. “A gente espera que não seja aquele aumento tão grande, que continue mantendo um preço razoável e não chegue a valores exorbitantes.”
Já a analista Larissa Cassani disse que não sabia do aumento, “paguei R$ 0,40 a menos ontem, mas eu nem estava sabendo, só abasteci porque precisava mesmo. Eu acho esse aumento absurdo, para o trabalhador brasileiro é triste, faz diferença esse dinheiro”. Renan Pereira, engenheiro eletricista, afirmou que já esperava pelo reajuste no valor dos combustíveis que, segundo ele, mais cedo ou mais tarde iria acontecer. “Porque a política feita para abaixar os preços já previa um aumento futuro. Agora temos que ver o que esse Governo vai fazer para baixar o valor do combustível sem ser uma medida para ganhar eleição.”
‘Não temos escolha’
Nos postos, uma constante é a preocupação generalizada com a majoração dos combustíveis. Alguns condutores lembraram outros momentos em que a gasolina e o etanol passaram por aumentos recorrentes. “É aumento em cima de aumento, mas não temos escolha, a gente tem que abastecer”, disse a micropigmentadora Regiane Alves.
A propagandista Fabíola Dantas, por sua vez, destacou que os reajustes nos combustíveis resultam em aumentos também em itens do dia a dia, como na alimentação. “(Os aumentos) preocupam, porque a gente vem passando por momentos bem conturbados, e isso está diretamente ligado ao nosso dia a dia e à economia”, analisa.
Decisão pelo aumento foi responsável, avalia economista
O economista da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Lourival Batista afirma que a decisão pela reoneração era inevitável, mas que foi feita de forma responsável e para gerar menos impacto no bolso do brasileiro. “O Governo anterior utilizou de uma maneira irresponsável a redução de impostos dos quais ele não poderia abrir mão. Ele não conseguiu fechar o orçamento, deixando uma uma bomba fiscal.”
A decisão de seguir ou não a medida ocorre em meio a uma forte pressão para manter o equilíbrio fiscal. A proposta e a forma como foi conduzida, segundo Batista, envolveu uma série de negociações, entre elas com a Petrobras, que culminou na redução do preço da gasolina nas refinarias. Ele ainda ressalta que a taxação simbólica do etanol pode estimular o uso do combustível renovável em detrimento da gasolina, que é um composto fóssil mais poluente.
Pesquisa do Procon
A última pesquisa do Procon-JF, restrita a postos de combustíveis da região Nordeste de Juiz de Fora, divulgada no Atos do Executivo na terça-feira (27), indicou queda recente nos custos do etanol e da gasolina. Entre os 11 postos sondados, o valor médio da gasolina encontrado foi de R$ 4,95, com máximo de R$ 5,29 e mínimo de R$ 4,94. O custo médio do etanol nesses mesmos estabelecimentos foi de R$ 3,89, variando entre R$ 3,74 e R$ 4,29.