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Redes de cinema garantem reabertura após pandemia e drive-in é aguardado

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Mais de 3.500 salas de cinema do país encontram-se fechadas há mais de dois meses (apenas dois cinemas no Rio Grande do Sul mantêm salas abertas), impacto sem precedentes para um mercado que no ano passado somou um público de mais de 170 milhões de espectadores, movimentando R$ 2,7 bilhões. Somente em Minas Gerais, em 2019, os 389 títulos exibidos levaram 12,3 milhões de espectadores aos cinemas, arrecadando R$ 177 milhões. Segundo dados da Agência Nacional do Cinema, a Ancine, Juiz de Fora ocupa a 50ª posição no ranking de público brasileiro em 2019, com 707.625 espectadores para 138 filmes exibidos ao longo do ano, gerando uma renda de aproximadamente R$ 10 milhões. Proprietário das duas menores salas da cidade, no CineMinas, pequeno complexo do Santa Cruz Shopping, o empresário Fernando Costa Júnior garante que os prejuízos provocados pela pandemia do coronavírus devem superar os meses de portas fechadas. O comportamento e a economia serão determinantes para a existência dos cinemas, afirma. “O cinema, como não é um gênero de primeira necessidade, principalmente para os pequenos, vai ser muito afetado. A pane econômica pode gerar um impacto muito maior quando retornarmos”, teme ele, garantindo a reabertura do espaço, sem data, porém.

Na cidade, todas as redes garantem a reabertura, reconhecendo as muitas incertezas que cercam o momento. “Atualmente, 100% das salas da UCI estão fechadas, em todas as praças do Brasil. Assim que tiver qualquer novidade, a UCI Cinemas vai se pronunciar. Por enquanto, ainda não há previsões concretas”, ressalta, em nota, a rede que detém 209 salas pelo país e no ano passado levou mais de 15 milhões de espectadores ao cinema. Segundo a assessoria de comunicação do Cinemais, rede presente nos shoppings Alameda e Jardim Norte, a expectativa é retornar com as mesmas 11 salas que possui, das 18 presentes na cidade.

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Juiz de Fora ocupa a 50ª posição no ranking de público brasileiro em 2019, com 707.625 espectadores para 138 filmes exibidos ao longo do ano, gerando uma renda de aproximadamente R$ 10 milhões, segundo a Ancine

Previsão a partir de agosto

Em Minas Gerais, e em boa parte dos estados do país, a retomada dos cinemas está na última fase do plano de flexibilização do isolamento social, o programa Minas Consciente. De acordo com a Abraplex, associação que reúne os principais multiplex do Brasil, a expectativa é que as redes comecem a reabrir a partir de agosto. Em diferentes países, como Portugal, que reabre suas salas nesta segunda, 1º de junho, o retorno implica novas práticas, a principal delas com a redução da capacidade.

“Até agora só a distribuidora Disney tem programação, ‘Mulan’, para o final de julho. São Paulo deve retornar no final de julho. Dependemos dessas circunstâncias para pensar em alguma coisa. Fica uma grande interrogação”, pontua Júnior, que em seu pequeno complexo mantém uma equipe com 11 funcionários, alguns em férias e outros com o contrato suspenso. “Sinceramente, não sei como levar à frente”, diz o empresário, que paga um condomínio reduzido e teve o aluguel suspenso por “compreensão do proprietário do imóvel”.

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Público maior no inverno

Conforme o isolamento se estende, altera-se o panorama dos gestores de cinema não apenas pela ausência de faturamento, mas, também, pelo período que a crise imobiliza. “Os meses de inverno geralmente são os melhores do ano”, conta Fernando Costa Júnior, do CineMinas. “Não temos a concorrência com os barzinhos. Quase todos os filmes que mais deram bilheteria no ano passado foram exibidos no inverno. O mês de julho era o melhor de todos. Este ano vai ser bem complicado, muitos não vão conseguir seguir. A gente leva porque nosso custo já é reduzido”, reconhece o empresário, na esperança de que o momento sirva, também, para uma revisão mais justa da divisão dos ingressos. “Pagamos 50% da bilheteria para os distribuidores. A margem líquida de um cinema gira em torno de 8% a 9%. Dependendo dos filmes, nem isso. O que nos ajuda é ter projeto escola e bombonières. Este ano não teremos projetos de escolas, nem de Juiz de Fora nem da região. Vai ser complicado aguentar”, diz.

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Ameaçados pelos serviços de streaming, que só na pandemia teve um crescimento de 20% de sua audiência, segundo estudo da plataforma de monitoramento de streaming Conviva, os cinemas precisarão enfrentar, também o medo das pessoas. Júnior estima reduzir pela metade o número de cadeiras em suas já reduzidas salas. Segundo informações da assessoria de imprensa do Independência Shopping, além da redução de capacidade, também é esperado, inicialmente, que exista um revezamento nos horários de sessões, o que implicará redução de público também para o centro comercial, já que, principalmente nos fins de semana, os espectadores das salas são responsáveis por grande parcela do fluxo de pessoas no shopping.

Juiz de Fora pode ganhar drive-in

Numa guerra que envolve potências mundiais _ de um lado grandes distribuidoras e, de outro, grandes complexos exibidores _ resta a dúvida sobre a destinação das muitas estreias já represadas ao longo dos últimos meses e das tantas por vir. Para onde seguirá o cinema? Dois cinemas drive-in em Brasília e em Praia Grande (SP) podem ser a resposta para o momento e para o futuro. E Juiz de Fora pode fazer coro. “O Cinemais já está em análise junto ao shopping Jardim Norte, e a prefeitura para instalarmos um Cine Drive In, como forma de entretenimento alternativo para a população e com segurança”, afirma nota da rede com sede em Uberlândia.

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Existiria demanda para o formato na cidade? Uma experiência tomada por outro shopping, o Independência, em abril de 2018, em ocasião da celebração de sua primeira década de existência, pode sinalizar positivamente. Ao longo de quatro dias, o centro comercial exibiu filmes em seu estacionamento para uma plateia que se espalhou pela área livre de carros. O público escolheu alguns títulos, todos sucesso de bilheteria no passado, mas nenhum lançamento. De acordo com a assessoria de comunicação do Independência, os ingressos esgotaram para todas as sessões, e esse é considerado um dos melhores eventos promovidos pelo shopping em retorno de público e encontra-se numa listagem de propostas que podem ser retomadas.

“Cinemais já está em análise junto ao shopping Jardim Norte, e a prefeitura para instalarmos um Cine Drive In, como forma de entretenimento alternativo para a população e com segurança”

A saudade terá vez?

“O mundo parece viver uma guerra e esperamos que ela termine”, exprime o empresário Fernando Costa Júnior sobre o momento que lhe reserva muita insegurança, mas também doses de esperança. Sua aposta, diz, está na experiência singular que os cinemas oferecem, ainda que o modelo de negócio já demonstre há algum tempo sinais de pouco fôlego. Num mercado fechado aos pequenos, Júnior, que tem dois complexos, precisa estrear os filmes em Juiz de Fora para só depois exibi-los em Caxambu. Ainda assim, e ironicamente por ser pequeno, vale a pena. “Os filmes e as locações via internet são grandes, mas são produções já exibidas em sua maioria”, aponta, para concluir arriscando um palpite que poderá salvar seu negócio: “Existe a saudade pelos cinemas.”

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