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Jennifer Lawrence e Leonardo DiCaprio contra o cometa em ‘Não olhe para cima’

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Astrônomos interpretados por Jennifer Lawrence e Leonardo DiCaprio descobrem cometa em rota de colisão com a Terra (Foto: Divulgação)

“Não olhe para cima”, mais recente longa do diretor e roteirista Adam McKay, estreou na Netflix na última sexta-feira (24) e logo se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, em especial no Twitter, a ponto de se ter a impressão de que a grande maioria dos brasileiros já assistiu ao longa. Sentimento, aliás, compreensível, pois a produção tem sido vista como uma metáfora para os tempos pandêmicos em que vivemos, com um gigantesco cometa no lugar do vírus da Covid-19.

Outro elemento que tem atraído o público é o elenco estelar e oscarizado do filme, que inclui nomes como Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Jonah Hill, Cate Blanchett, Rob Morgan, Mark Rylance, Tyler Perry, Himesh Patel, Ariana Grande, Ron Perlman e Timothée Chalamet. É muita gente boa para contar uma história que mistura ficção científica, drama, sátira política, crítica ao capitalismo e extrapola a capacidade humana de tomar decisões absurdas, estúpidas, egoístas e capazes de negar a realidade.

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Em “Não olhe para cima”, a astrônoma Kate Dibiasky (Lawrence) descobre um novo cometa e, com o auxílio de seu colega Randall Mindy (DiCaprio), calcula que o corpo celeste tem cerca de nove quilômetros de diâmetro e está em curso de colisão com a Terra. E não vai demorar muito: o choque deve acontecer dentro de seis meses, e o resultado será a extinção de toda a vida no planeta.

É a partir daí que o longa vai se tornando cada vez mais absurdo graças à natureza do ser humano. Os dois cientistas convencem um outro especialista (Morgan) sobre o apocalipse iminente e conseguem uma audiência com a presidente dos Estados Unidos, Janie Orlean (Streep). Ela, porém, está mais preocupada com o escândalo envolvendo seu amante, que ela indicou para a Suprema Corte, e as próximas eleições, e não dá importância para o alerta.

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Exasperados com a situação, Dibiasky e Mindy procuram a imprensa, mas, em tempos de superficialidade na cobertura das notícias, entretenimento acima da análise aprofundada, ausência de senso crítico, busca de “engajamento” em redes sociais, ninguém parece se importar com a descoberta. Quando os dois são levados a sério, a ciência acaba por ser sobrepujada pela ambição de um bilionário (Rylance) que vê no cometa uma oportunidade de negócios _ e não demora para surgir uma horda de alienados defendendo que o cometa “vai gerar empregos”.

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A estupidez mata

Apesar de Adam McKay jurar que escreveu o roteiro de “Não olhe para cima” antes do surgimento da pandemia, é impossível não encontrar paralelos entre o Cometa Dibiasky e a Covid-19, ou entre a presidente Orlean e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assim como entre aqueles que tentam negar a existência do cometa (de onde vem o título do filme) e a turma negacionista e anticiência, a minoria barulhenta que subestima até hoje a pandemia e duvida da eficácia das vacinas. O sentimento é o mesmo quando pensamos na irresponsabilidade de parte da imprensa, o campo minado das redes sociais e a ganância de empresários, principalmente aqueles que orbitam a pouco povoada região dos bilhões de dólares.

Acostumado a tratar de forma ácida, irônica, crítica e demolidora histórias e personalidades de nosso tempo, caso dos longas “A grande aposta” e “Vice”, Adam McKay encontra-se em uma encruzilhada em “Não olhe para cima”. Se o elenco tem atuações brilhantes e o absurdo das situações pode provocar tanto riso quanto medo, o filme assenta-se sobre o gelo fino de ser um retrato instantâneo de nosso tempo, e por isso mesmo pode ser vítima de uma realidade que supera facilmente a ficção em muitos momentos.

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Basta acompanhar o noticiário para perceber que, mesmo sendo um ótimo filme, “Não olhe para cima” pode se tornar datado em pouquíssimo tempo. Por isso mesmo, a melhor opção é assistir ao filme o quanto antes.

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