Encurralados em meio à guerra, dois soldados inimigos têm a oportunidade de refletir sobre a vida, a fé e a realidade, entre outras questões, diante de um cenário tão hostil. Esta é a base do espetáculo “As sementes de aço”, que estreia nesta quinta-feira (30), às 20h, no CCBM, e volta a ser apresentada nesta sexta-feira (31), no mesmo horário e local, dentro da programação da Campanha de Popularização Teatro & Dança de Juiz de Fora, que prossegue até domingo (2).
Produzida pela Cia. Teatrando, a peça tem direção de Adryana Ryal, que também atua ao lado de Gabi Guarabyra e Danyella Silvério. O texto original é de Tiago Fontoura, com a colaboração de Rafael Coutinho e da própria Adryana. Segundo a artista, o texto foi publicado originalmente em um dos livros da trilogia “Teatrando” e foi encenado, em outras ocasiões, com um elenco apenas masculino, em outra vez com elenco misto, e agora apenas com atrizes, representando os soldados e também o Destino. Um dos objetivos é trabalhar com a metáfora de existir várias guerras, batalhas, e que a mulher, apesar de não estar fardada, é um soldado o tempo todo.
“Nós somos, além de militantes, pessoas que lutam diariamente por um lugar melhor”, explica a Adryana. “Esse remake apenas com mulheres será apresentado pela primeira vez na cidade. Iniciamos o processo de adaptação em 2017 e estreamos no ano seguinte, tendo apresentado a peça no Rio de Janeiro, Curitiba, Passos de Minas, Barroso e outras cidades da região. Para nós será uma grande emoção, pois o espetáculo já foi premiado em outros festivais e agora teremos a oportunidade de apresentar aqui para nossos amigos e familiares.”
Quanto aos elementos do texto que chamaram sua atenção, a atriz e diretora destaca as várias possibilidades de interpretação e ramificações. “Quando começamos a falar sobre o texto, pensamos nas pequenas dificuldades do dia a dia, como pegar um ônibus às 6 da manhã, a pessoa que está com problemas e você não consegue ajudar. É sobre você estar num labirinto sem saída, ter os seus desejos, anseios, enfrentar guerras, além das grandes metáforas da vida”, filosofa.
Outro ponto destacado por Adryana diz respeito ao início da peça, que trata da iminência da morte e o fato de todo ser ter um encontro marcado com ela. “Seja uma criança, um jovem, adulto, estamos fadados à Deusa Morte. O texto questiona e propõe reflexões por meio de uma metáfora muito grande. Essas entrelinhas me chamam muita atenção. Tudo isso não tem a ver só com a questão política, mas também com as questões humanas, as oportunidades que a gente tem.”