Já que era para ser uma noite entre amigos, música e beleza natural, assim está sendo feito há 17 anos. A serra recebe mais uma edição do Ibitipoca Jazz Festival, atração que leva nomes nacionais, como Wagner Tiso, e internacionais, como Greta Bro, para a charmosa região nesta sexta e sábado, a partir das 21h30. Inspirado na maior festa do gênero do mundo – o Festival de Jazz de Montreux – o evento volta para as alturas na última semana de julho, comemorando os bons ventos que sopram em sua direção. Por lá, dizem, a tão falada “crise”, que assombra todos os setores, não passou nem perto em 2016.
A expectativa é de casa lotada. E, como os números não mentem, o desejo do produtor musical Hérmanes Abreu, certamente, vai se concretizar. “Esse é um negócio que deu certo. No ano passado, tivemos uma queda de público, talvez por causa da crise. Eu esperava até que caísse mais, porém, por incrível que pareça, foi o ano que mais vendemos ingresso com antecedência”, conta o produtor, apostando em uma justificativa para o momento promissor. “Acho que a causa seja o crescimento do turismo nacional, em virtude do aumento do dólar. Tinha lido uma pesquisa que falava de um crescimento de 30%. Graças a isso, nas férias de julho, as pessoas estão ficando por aqui. Os preços estão acessíveis e tem a qualidade dos hotéis e da nossa gastronomia. Sem contar que viajar pelo mato, conhecer parques estaduais, é muito mais gostoso do que ir para uma cidade grande.”
Segundo Hérmanes, embora as despesas para se trazer uma atração internacional sejam altas, ele faz questão de ter, na programação, um nome estrangeiro. Daí a vinda de Greta Bro no segundo dia do evento, quando Dudu Lima Trio convida Wagner Tiso, este estreando no festival. Por falar em Dudu, ele se apresenta com o parceiro Salim Lamha na sexta-feira, também dia de Marcio Bahia Quarteto.
“Fiquei muito feliz, o convite foi do Dudu, que é muito ligado à nossa onda. Ele tem um grupo de primeiro nível”, comenta Wagner Tiso, por telefone, enquanto seguia, ontem, para o segundo dia de ensaios aqui em Juiz de Fora. “Estamos nos preparando, tenho certeza de que vai ficar bonito.Tem muita coisa minha, do Milton (Nascimento) e do Dudu”, antecipa esse mineiro de Três Pontas, eterno parceiro de Bituca. “É uma satisfação enorme tocar em Ibitipoca, num festival que já conhecia pelo nome”, comenta o músico.
Ao lado do “maestro do Clube da Esquina”, Dudu Lima conta que o show “vai de Minas à música universal”, contando sempre com a improvisação que o jazz permite. “Nosso trabalho vem cercado pelo Clube da Esquina, que influenciou a nossa vida musical. Desde que o Milton gravou o primeiro disco com a gente, me aproximei muito dele, e agora gravamos outro álbum em parceria. Isso tudo nos levou a uma temporada na “casa do Wagner” (Casa Wagner Tiso Jazz Club – casa de show inaugurada, em Búzios, em janeiro de 2015), onde fizemos um som mágico”, diz o juiz-forano, que contará com Wagner em sua mais nova empreitada, o DVD “Clássicos”, previsto para outubro. Aliás, canções do novo trabalho já farão parte do setlist de Ibitipoca.
Não podia ser em outro lugar
Hérmanes já tentou alterar a quantidade de shows por noite, mas, no fim das contas, decidiu manter o formato que tem dado certo. “As apresentações ficavam muito longas, e o pessoal não aguentava por causa do frio. Dou liberdade para os grupos tocarem, eles não precisam fazer um show curto, só precisam atentar para a limitação do tempo”, garante Hérmanes.
Se a intenção dele, lá em 2000, era mesmo reunir grandes músicos amigos num lugar exótico, vinculando cultura a turismo ecológico, a ideia pegou. “Recebo material do Brasil inteiro e de fora. A maioria dos músicos que tocam já nos conhece, tem uma certa afinidade. Hoje, as pessoas querem vir se apresentar aqui”, comemora ele, que, ao longo dos 17 anos, já conseguiu arrebanhar Toninho Horta, Ivan Conti, banda Azimuth, Márvio Ciribelli, Sérgio Chiavazzoli, Marcel Powell, entre outros tantos nomes do gênero.
“Quando eu fui com o Dudu Lima para Montreux, falei que íamos realizar um evento em Ibitipoca porque os dois lugares são muito parecidos quanto à paisagem natural. A gente não vê paisagem urbana. Aquilo chamou a nossa atenção, e, desde esse dia, decidimos que o Brasil precisava de um negócio desse. Em Ibitipoca, houve uma sinergia. Eu jamais faria o festival em outro lugar.”
IBITIPOCA JAZZ FESTIVAL
Nesta sexta e sábado, a partir das 21h30
Serra do Ibitipoca Hotel e Lazer
(Rua Lavapés s/nº – Conceição da Ibitipoca)
Ingressos pelo telefone 3214-7389