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Live homenageia artistas de JF que realizam… lives

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Andréa Mello tem realizado lives no terraço de sua casa desde junho, entrevistando vários artistas (Foto: Divulgação)

Premiações do tipo “o melhor de alguma coisa”, mesmo que seja o Oscar, costumam ter aquele jeitão de “aí tem”. Quanto mais local for o prêmio, então, aí que vem aquela quase certeza de jogo de cartas marcadas, confraternização entre amigos, um minifestival de autocongratulação, “jabá” mal disfarçado.

Porém, nem toda cerimônia com os “melhores” têm o objetivo de ser reles “merchan” de quem quer exibir um troféu de acrílico na estante – até porque o “Chuveirão de Ouro” sequer tem um chuveirão dourado para entregar aos “vencedores”. O evento, que acontece neste sábado (29), ao meio-dia, com transmissão pelo perfil da artista Andréa Mello no Instagram (@visueldumelo), quer mais é homenagear os artistas de Juiz de Fora que têm contribuído para a cultura local – e a sanidade das pessoas – com as inúmeras lives que têm ocorrido desde março.

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Por isso, nada de grana, pecinha de acrílico, pompa ou circunstância. Os mais de 20 artistas – da música e de outros gêneros – vão se revezar no bate-papo com Andréa, comentar sobre o prêmio e, se for o caso, apresentar uma música, declamar uma poesia, mil coisas. Tudo no estilo informal e bem-humorado do “Na laje com Visuel”, live que Andréa estreou em junho e que deve dar uma pausa após o “Chuveirão de Ouro”. Todo sábado, ao meio-dia, ela tem entrado no Instagram diretamente do terraço da sua casa e conversado com dois ou três artistas. Entre uma entrevista e outra, dava uma pausa e ia para baixo do chuveirão a fim de dar um refresco no calor.

Com a cara e o charme do subúrbio

“Eu quis fazer uma coisa bem extrovertida e informal, ligada à minha história na Pavuna (bairro do subúrbio do Rio de Janeiro). Aqui em casa tem esse chuveirão, e eu faço a live bem em frente a ele. Como esses sábados têm sido de muito sol, então sempre tomo banho no chuveiro, volto pra live, e o chuveirão fez o maior sucesso. As pessoas falam que é bacana porque é o início do sábado, dá meio-dia e abrem a primeira cerveja. Recebo muitas mensagens agradecendo pelas lives, dizendo que salvei o sábado dessas pessoas, e mesmo quando não estou num dia muito bom isso ajuda o meu sábado também”, diz ela, que tem buscado também convidar artistas de bairros mais distantes da região central, que não costumam subir aos palcos consagrados de Juiz de Fora.

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Uma das homenageadas, Laura Jannuzzi mantém em atividade o “Encontro de compositores’, agora virtual (Foto: Divulgação)

Prêmio informal

Como planeja dar uma pausa depois de dois meses seguidos de lives, Andréa e o marido, o sambista Carlos Fernando Cunha, pensaram então realizar um evento para marcar esse desfecho, que ela espera ser temporário. Por isso, resolveram homenagear os artistas de jufas que têm batalhado nas lives há quase seis meses, porém sem competição. Na base da informalidade, ela convidou os artistas a participarem e vai conceder a eles “prêmios” em categorias que têm a ver com o que foi produzido desde então. Já estão confirmados na festa os nomes de Daniela Aragão, Maíra Delgado, Fabricia Valle, Renata Aragão, Carol Tavvares, os grupos Guerreiras de Clara e Cavaco das Minas, Aline Crispin, Magno Santos, Roger Resende, Ícaro Renault, Fred Fonseca, Vitor Hugo (Lico), Luís Cláudio Ribeiro (Cacáudio), Marcony, Caçula do Banjo, Peagá, Luizinho Lopes, Laura Jannuzzi, Luciana d’Avila e Laura Conceição.

“As categorias são inspiradas a partir do estilo do artista e da live. Infelizmente não vai ter o ‘Chuveirão de Ouro’ para levar pra casa; será um prêmio virtual, mas verdadeiro, pois o importante é a representatividade dele. Eles ficaram muito agradecidos, até mesmo emocionados”, conta. “Todos vão participar ao vivo, cada um na sua casa, e vão ter um tempo para dar seus depoimentos, falar do quão importante foi fazer essas lives, apresentar seu trabalho, e aí partimos para outro artista.”

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“Alguns deles fizeram das lives o seu ganha-pão, já que não podem se apresentar, e mesmo assim nem todo mundo faz doação; e outros fazem sem receber nada, para que não percam o contato com os amigos e fãs. Dá trabalho fazer live; tem que ter um cronograma, diversificar repertório, e nem todas são de música, mas são igualmente importantes por trazer informação, conhecimento. O que está nos salvando até hoje é a arte, a música, o entretenimento, e esses artistas que têm se doado neste momento”, comenta Andréa, destacando as entrevistas feitas por Fabricia Valle, do Batuquedelas, e também as do projeto Cavaco das Minas, com mulheres de todo o Brasil que tocam cavaco, bandolim e banjo, e as lives musicais e de entrevistas de Roger Resende.

Roger Resende tem realizado lives em que a música e entrevistas dividem espaço (Foto: Divulgação)

Arte para o povo, mesmo sem encher o bolso

Andréa comenta, ainda, sobre a importância das lives para muitos desses artistas, que com o declínio da venda de discos – substituídos pelo streaming – passaram a depender ainda mais dos cachês de shows ou do couvert artístico para sobreviverem, e que com a pandemia viram essa fonte de renda evaporar.

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“A cultura deve ser o último setor a retornar, e muitos artistas têm passado necessidades. Tenho participado de lives beneficentes para ajudar a quem está passando fome, que estão sem luz porque não tiveram como pagar. E não só o artista, mas produtores e toda gente que trabalha na parte técnica, os fotógrafos, que estão ainda mais vulneráveis”, analisa, afirmando ainda que “apesar da arte e cultura no serem tão desprivilegiadas no país, é a música, o livro, o filme, que têm salvado o povo.”

“Uma série da Netflix tem vários profissionais por trás para produzi-la”, exemplifica. “Todo esse período tem ajudado as pessoas a ter uma noção real do que é arte, fazer arte, o quanto ela é importante pra gente. Quantos procuraram as lives para aprender alguma coisa relacionada à arte para conseguirem não surtar? Buscaram como um meio de adquirir conhecimento; muitas pessoas se descobriram ali, aprendendo a tocar um instrumento, pintando, desenhando, fazendo algum artesanato. O ‘Chuveirão de Ouro’ é a forma que encontrei de homenagear os artistas que ofereceram muito para tantos.”

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