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Quadrinhos para amar, compartilhar e usar na sala de aula

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Mara passou o amor pela Turma da Mônica para a sobrinha Maria Eduarda, 3, e a filha Fernanda, 9
(Foto: Fernando Priamo)

Quando estreou, na última quinta-feira (27), o filme “Turma da Mônica: Laços” concretizou – mesmo que com atraso – o sonho de gerações: poder acompanhar com atores reais, de carne e osso, as aventuras da Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali. Personagens que nos ajudaram a aprender a ler, com quem crescemos e nos divertimos e inspiraram incontáveis brincadeiras. Tudo graças a Mauricio de Sousa, que em 1959 começou sua carreira com as tirinhas do Franjinha e Bidu, passando depois para toda a turma do bairro Limoeiro, mais Horácio, Jeremias, Astronauta, Louco, Chico Bento, Piteco.

A influência da “Turma da Mônica”, por isso, vai além da influência na cultura pop, da longevidade das revistinhas e dos números de vendas e produtos licenciados. Há quem não deixe para trás as boas lembranças da infância e por isso mesmo compartilha essa magia com as novas gerações, e mais: mesmo na idade adulta, no ofício do dia a dia, usa as aventuras da “Turma da Mônica” para ensinar a ler, escrever, tomar gosto pela leitura, dar asas à imaginação.

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Mara Isabel Neves de Almeida, professora do ensino fundamental da Escola Municipal Jesus de Oliveira, no Bairro Ipiranga, é uma dessas pessoas. Ela possui uma gibiteca apenas com os personagens em casa e também na sala de aula, em que trabalha estrutura do texto, narrativa, pontuação; dentre as atividades, está a transcrição das histórias em quadrinhos para o formato tradicional de texto, uma forma de estimulá-los a trabalhar o texto direto. A sua monografia no curso de pedagogia tinha como tema a construção do discurso direto por alfabetizandos utilizando histórias em quadrinhos – obviamente, a “Turma da Mônica”.

“Cheguei a alfabetizar turmas usando prioritariamente histórias da Turma da Mônica, pois chamam muita atenção dos alunos”, conta a professora Mara, que também trabalha com crianças com necessidades especiais de aprendizado. Foi graças a um dos personagens de Mauricio de Sousa, inclusive, que ela conseguiu uma das suas principais conquistas como educadora.

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“Eu tive, anos atrás, um aluno com Síndrome de Asperger. Sua mãe me questionou se ele um dia aprenderia a ler, e fiquei muito angustiada com aquilo, pois ele já tinha 8 anos, e precisava saber do que ele gostava. Descobri que ele era fã do Cebolinha, então adquiri vários gibis do personagem e dei para ele, despertando seu interesse. No início, o irmão adolescente lia para ele, mas o autista tem essa questão da repetição, então chegou num ponto em que o irmão ficou cansado de repetir as mesmas histórias. O aluno se esforçou e começou a ler por conta própria. São muitas vivências interessantes que tenho por conta da Turma da Mônica.”

De mãe para filha

O encanto de Mara pela Mônica e sua turma, assim como aconteceu e segue acontecendo com tantos, teve início na infância, mas exclusivamente com os gibis da turminha. Nada de personagens da Disney, ou da galera da Luluzinha, HQs de super-heróis. O motivo, explica, eram as histórias curtas e engraçadas. “Por isso uso na escola, pois as histórias são mais dinâmicas, coloridas; as letras são mais fáceis de ler, há poucos balões”, explica.

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Mas ela lembra que era difícil de conseguir as revistas, que geralmente ganhava de presente. Bonecos, então, nem pensar, pois não eram acessíveis. Desde que cresceu, porém, e passou a ter acesso mais fácil aos gibis e bonecos, a proximidade só aumentou. Atualmente, ela é assinante das revistas publicadas pela Panini, mas mantém poucas em casa e na escola; a maioria ela doa para os alunos e para o Projeto Curumim. Mesmo assim, não faltam DVDs e edições especiais, que ela guarda: são dezenas de livros com as adaptações de contos infantis clássicos e também de filmes, e uma Bíblia católica estrelada pelos personagens.

Outros itens têm a ver com a filha Fernanda, de 9 anos, que seguiu os passos da mãe e também é fã da Turma da Mônica – inclusive, ela já teve uma festa de aniversário cujo tema eram os personagens dos quadrinhos. “Comprei um livro da ‘Turma da Mônica’ em inglês quando ela começou a fazer um cursinho, e mais recentemente um livro personalizado com o nome dela, que encomendei pelo site, que coloca a Fernanda dentro da história, desenhada como uma personagem da turma.”

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Agora, o filme

Com a chegada de “Turma da Mônica: Laços” ao cinema, Mara conta que a ansiedade está a mil, e que ela e a filha Fernanda irão assistir ao longa na segunda-feira (1º) com a sobrinha Maria Eduarda, de 3 anos, que terá sua primeira experiência na sala escura. Ela também está seguindo os passos da tia e prima: alguns dos bonecos e pelúcias de Mara estão com ela, que também teve uma festa de aniversário com Mônica e cia.

“Ficamos sabendo no cinema, no início do ano, assistindo ao trailer antes de outro filme. Saímos de lá empolgadas e achando que estava longe, afinal o lançamento seria apenas em 27 de junho. Procuramos saber mais sobre a produção e assistimos ao trailer várias vezes na internet”, diz, acrescentando que vai fazer a coleção de figurinhas do filme e já está à procura do álbum nas bancas.

Para terminar, não poderia faltar perguntar qual a personagem preferida da professora. A resposta poderia até ser a esperada, mas os motivos mostram que os personagens de Mauricio de Sousa têm muito a ensinar a jovens e adultos. “A Mônica é a minha personagem favorita, pois acho que ela é empoderada há muito tempo, independente; mesmo quando não se falava nisso ela resolvia tudo por conta própria, sem depender de ninguém.”

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