Depois de quatro edições presenciais entre 2016 e 2019, a Recria Cine – Mostra de Cinema para Crianças e Adolescentes retoma suas atividades presenciais paralisadas devido à pandemia com um novo projeto: a Recria Cine Itinerante, que vai circular pelos próximos três finais de semana por localidades da zona rural de Ervália, onde tradicionalmente acontece a mostra.
Nesta sexta-feira (29) e sábado (30), serão exibidos o longa “A família Dionti” e curtas como “A menina espantalho” e “Raoni” na Escola Municipal Santo Antônio, no povoado da Ventania. Em 6 e 7 de maio, as exibições acontecem na Escola Estadual Dom Francisco das Chagas, em Careço; por fim, nos dias 13 e 14 do próximo mês, o projeto chega até o povoado da Grama, com os filmes exibidos na Escola Municipal Dom Viçoso. A mostra ainda terá oficinas de cinema, atividades recreativas, performances de artistas locais e apresentação do espetáculo “O grande plano”, do grupo de teatro Catarse.
Toda a programação é gratuita, e a Recria Cine Itinerante tem o patrocínio do Fundo Estadual de Cultura do Governo de Minas Gerais e apoio do Grupo de Teatro Catarse e da Prefeitura de Ervália. O Coletivo Refazenda é o responsável pela realização da mostra.
Indo até as comunidades
Segundo o cofundador, organizador e produtor da Recria Cine, Tobias Rezende, a versão itinerante da mostra era um desejo antigo do grupo a partir do contexto em que o evento foi criado, de levar o cinema a uma cidade que não tinha mais sala de exibição há décadas. “Sempre foi meu projeto tornar o acesso (ao cinema) mais fácil, e pensávamos que na zona rural seria ainda mais difícil, por isso o desejo de fazer essa troca de experiências com essas comunidades”, explica.
Idealizado na década passada para ser, em muitos casos, o primeiro contato de crianças e jovens ervalenses com o cinema, a Recria Cine exibiu mais de 100 filmes nacionais em Ervália e contou com a participação de mais de duas mil crianças, jovens e adultos da cidade e região, além de oficinas voltadas à experiência cinematográfica, atividades recreativas, sarau para artistas locais, exposições e apresentações artísticas, entre outros. Tobias acredita que esse espaço de encontro e trocas culturais, objetivando a promoção da colaboração e coletividade e construção de autonomia e pertencimento local, já rendeu alguns frutos.
“Percebemos que algumas crianças e adolescentes já têm o desejo de trabalhar com fotografia, cinema; são pessoas que começaram a fotografar no evento, pois sempre incentivamos os jovens durante o festival com as oficinas e monitorias de fotografia”, diz. “Eu mesmo tenho uma prima adolescente que me contou que deseja estudar cinema, é um de vários casos de crianças que foram tocadas por esse desejo de trabalhar com cultura em geral, não só cinema e fotografia. Para uma cidade que tem tanta carência de atividades culturais para crianças, o Recria Cine oferece muitas possibilidades para os jovens.”
Sem parar na pandemia
Depois de realizar apenas quatro edições, a Recria Cine precisou enfrentar o desafio de suspender as atividades por causa da pandemia, deixando de realizar as edições presenciais em 2020 e 2021. No período, foram realizadas edições virtuais “Recria Cine em Casa e Recria Cine de Verão, este com o apoio da Lei Aldir Blanc de Minas Gerais) e também produção de conteúdo, como oficinas em vídeo e produções audiovisuais com artistas de Ervália. O Coletivo Refazenda distribuiu, ainda, um “Almanaque do Recria Cine” nas escolas locais.
Agora, a expectativa é retornar com o Recria Cine no formato tradicional, porém em outubro _ as edições anteriores aconteceram no mês de julho. “É muito gratificante voltar com o presencial no formato itinerante, mas também devemos retomar a mostra tradicional. Nós fomos aprovados no resultado preliminar do edital Exibe Minas, do Fundo Estadual de Cultura, que está na fase de apresentação de recursos. Se o governo do estado fizer o pagamento a tempo, poderemos realizar a mostra em outubro, mas, de qualquer forma, queremos viabilizar o evento de alguma maneira.”