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Duo de prodígios toca em JF

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Caetano Brasil e Pedro Franco tocam composições próprias, além de Pixinguinha e Moacir Santos (Foto: Tadzo Queiroz/Divulgação)

Em caminhos parecidos e distantes, caminhavam dois músicos. Um mineiro fala com voz aguda, sua mãe o criou para ser livre e já nasceu com nome de artista. Certa vez, recomendei a amigos músicos que o escutassem. “Guardem esse nome”, falei, “vocês ainda ouvirão falar nele”. Ao que me responderam: “Caetano Brasil, impossível não memorizar”. No Bairro Borboleta, começou a estudar flauta desde criança muito pequena. Encantou-se pela descoberta dos sons e ficou viciado em estudar e tocar. Aprender a partir do choro só reforçou essa sensibilidade musical, que o transformou, bem novo, em compositor e arranjador. Entrando nos 20, Caetano já preparava seu disco solo, com músicas assinadas inteiramente por ele.

Viajando bem ao Sul do Brasil, Porto Alegre, lá estava Pedro Franco, estudando música desde os 7 anos. A Escola De Música da OSPA – Orquestra Sinfônica de Porto Alegre – fez com que desde bem jovem aprendesse leitura de partitura, solfejos e começasse a se adentrar na possibilidade da composição, sempre gostou de compor e escrever, chegou até a proferir: “Gosto tanto de escrever quanto de tocar”. Aos 13 anos, começou a trabalhar como músico profissionalmente, e o choro também foi sua escola.

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Um soprava daqui, o outro dedilhava de lá, as notas atingem o ar, e o encontro musical não é ao acaso. Caetano teve seu primeiro contato com seu instrumento principal, o clarinete, aos 12 anos e, dois anos depois, já tornou-se membro do Clube do Choro de Juiz de Fora. Em um dia de aniversário deste encontro, que naquela época ainda era majoritariamente um ambiente masculino e com poucos jovens, Pedro Franco apareceu para tocar. Ele tinha 18 anos na época, e Caetano, seus 15.

Dois prodígios que tocavam choro e estudavam seus instrumentos com afinco, antecipando um movimento que se vê hoje, do rejuvenescimento do choro. “Nos conhecemos tocando e ficamos anos sem nos ver, éramos muito novos. No ano passado, através de uma amiga, nos reencontramos. Quando tocamos juntos pela primeira vez funcionou muito. Então, estreamos o duo faz um mês e meio e já tocamos duas vezes no Rio, iremos para Juiz de Fora e depois vamos nos apresentar em Tiradentes, no Festival Fartura”, conta Pedro. Neste sábado, o duo se apresenta na Biblioteca Redentorista. O repertório é de composições dos dois instrumentistas e suas referências, “Oração da despedida” e “Saudade” de Pedro Franco, assim como “Romani” e “Gandaia”, de Caetano Brasil, além de “Coisa n°10, do Moacir Santos, e “Ingênuo”, do Pixinguinha.

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Caminhos cruzados

Caetano é movido pelo desafio, experimenta o complexo e se torna mais maduro musicalmente. Enquanto compõe, mergulha nas infinitas possibilidades que a música proporciona, tanto que se propôs ao desafio de lançar cem temas originais de choro em um ano, antes mesmo do lançamento de seu disco. Seu encontro musical com Pedro, que acaba de começar, pode se tornar mais um motivo para novas criações, quem sabe em conjunto. “Nossas histórias se cruzam em muitos pontos, nossa formação musical parecida faz com que tenhamos um pensamento musical que conversa muito bem”, diz Caetano.

Pedro Franco começou estudando teoria musical e cavaquinho. Aos 12, buscou aprender violino e bandolim, o violão tornou seu instrumento aos 16, e logo em seguida mudou-se para o Rio. Algum tempo depois, entrou para o bacharelado em violão da UFRJ, cursou até o fim, mas não concluiu. Saiu com um projeto junto a seu professor de harmonia, Marco Pereira, que, ao propor à turma a gravação de um disco, demonstrou interesse em produzir “Pedro Franco”, seu primeiro álbum solo.

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A oportunidade de escrever para formações maiores deixa claro o brilhantismo de Franco. A maioria das dez faixas de seu novo álbum, que será lançado em plataformas digitais ainda este mês, já compôs orquestradas e com todas as vozes, e, ainda, todos os temas já foram adaptados para diversos instrumentos. “Fiz o disco todo, composições, arranjos, acompanhei mixagens e masterizações. O disco tem uma pegada bem acústica, tentei tirar uma sonoridade de gravação de fita de rolo. Embora tenha sido digital, o João Ferraz, do estúdio Lontra, conseguiu tirar um som incrível de violão”, conta Pedro. Ele ainda diz que, apesar das muitas e muitas notas, é um álbum “quentinho”, próximo.

Para o lançamento do álbum, o artista criou uma campanha de crowdfunding e ultrapassou a meta. Tem ganhado cada vez mais reconhecimento após entrar para o circuito de mercado de trabalho de músicos, quando começou a tocar com Maria Bethânia, Zélia Duncan e também Gal Costa, Yamandu Costa, Ney Matogrosso, Luís Melodia e outros grandes nomes da música brasileira. “Mas para a minha sobrevivência como músico, além de poder acompanhar artistas, preciso nunca parar de criar o que é meu”, diz Pedro Franco, que em Porto Alegre sempre teve uma carreira, ainda adolescente, mais solitária, como arranjador e compositor.

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“O Pedro tem uma jovialidade e um destemor. Sabe todas as regras. Flerta com o choro, mas se aproxima mais de um fusion jazz. É cosmopolita, contemporâneo, tudo ao mesmo tempo, agora”, fala Caetano sobre o que sente ao poder tocar as músicas de Franco. Além do duo, Caetano faz parte de outros dois projetos do músico: Pedro Franco Quarteto e Pedro Franco Orquestra.

Duo Caetano Brasil e Pedro Franco
Neste sábado, às 20h, na Biblioteca Redentorista (Av. dos Andradas 855 – Morro da Glória)

 

 

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