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Já atrasado, carnaval de 2021 em JF é incerteza

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Todo carnaval começa quando outro termina. O final de julho, para a engrenagem da folia, seria, normalmente, mês de definições de sambas-enredo e negociações entre associações representativas e Poder Público. Este ano, no entanto, nada existe. Os desfiles das escolas de samba rumam para o quarto ano de cancelamentos, caso o cenário permaneça inalterado nas próximas semanas e meses. “Estamos indo devagar, compreendendo que terreno é esse que estamos lidando. Não há programação de abertura de teatros, cinemas e eventos com aglomeração”, observa o diretor geral da Funalfa, Zezinho Mancini, reconhecendo não haver diálogos com entidades representativas e incertezas também em relação ao orçamento da cultura para o próximo ano.

“Dizer que não vai acontecer é prematuro”, pontua Batista Coqueiral, presidente da Aliança Carnavalesca Regional, que representa seis das 20 agremiações juiz-foranas. Segundo ele, a existência da vacina é que irá responder sobre a viabilidade da festa. “Aguardamos o término da pandemia para que possamos apresentar uma proposta à Funalfa. Temos um projeto definido”, diz, afirmando acompanhar a situação nas capitais, em especial no Rio de Janeiro, onde os desfiles ainda estão em aberto, e em São Paulo, adiados na última sexta-feira (24). Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de Juiz de Fora, a Liesjuf, Sônia Beatriz Alves de Oliveira, afirma ainda trabalhar com a possibilidade dos desfiles no próximo ano, mas admite as dificuldades que o momento impõe.

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“Estamos indo devagar, compreendendo que terreno é esse que estamos lidando. Não há programação de abertura de teatros, cinemas e eventos com aglomeração”, Zezinho Mancini, diretor geral da Funalfa,

Escolas e blocos sem receitas
“O momento é complicado porque exige que tudo seja on-line, o que dificulta. Já estamos sentindo muito os danos. Nosso calendário já está atrasado. Já era para termos os sambas, estarmos apresentando os enredos, mas todo mundo está aguardando”, indica Sônia. Bastante desarticuladas nos últimos anos _ e mesmo décadas _, as escolas locais que lutam pela reabertura de suas quadras agora enfrentam a impossibilidade de fazer eventos em outros espaços, reduzindo drasticamente suas receitas. “Sem apoio da Prefeitura, não teria como fazer os desfiles”, adianta Sônia.

O mesmo drama vivem os blocos, que em 2019 não receberam apoio financeiro da Prefeitura, apenas banheiros públicos instalados em seus trajetos. Em 2018 e em 2020, houve repasses, mas ainda assim os grupos precisam criar fundos para sair. “Os blocos, durante o ano, fazem almoços, eventos sociais para angariar recursos para montar o carnaval”, conta Basileu Tavares, presidente da Associação das Entidades Carnavalescas de Juiz de Fora e Região, a Aesbloc, cuja eleição para nova diretoria foi adiada por conta da pandemia. “Só o apoio da Prefeitura não é suficiente. Existe um gasto grande para colocar um bloco na rua”, comenta ele, citando gastos com aluguel de instrumentos e carros de som, além de produção de fantasias e camisas.

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“Já estamos sentindo muito os danos. Nosso calendário já está atrasado. Já era para termos os sambas, estarmos apresentando os enredos, mas todo mundo está aguardando”, Sônia Beatriz Alves de Oliveira, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de Juiz de Fora

O clamor de festa pelas ruas
Para Batista Coqueiral, a pausa forçada é convite para que o carnaval de Juiz de Fora se reestruture. “A pandemia vai trazer uma nova história”, sugere, apostando no desejo popular de encontro e diversão após o longo período de isolamento social. A expectativa, inclusive, segundo ele, será a oportunidade de fortalecer uma proposta sustentável para a folia. “Temos que encarar a festa não como algo beneficente, mas como um carnaval empreendedor, rentável.”

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