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Festival Internacional de Música Antiga tem início nesta segunda-feira

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Ludmilla Thompson (no centro), Alfredo Zaine e Pedro Diniz são a atração da próxima sexta, a partir de obras de John Dowland

Depois de correr risco de não ser realizado este ano, o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga dá início à sua 32ª edição nesta segunda-feira. A exemplo de 2020, o evento será realizado de forma virtual, com as apresentações (gravadas) sendo transmitidas até a próxima sexta-feira, sempre às 20h – antecipadas por uma live, todos os dias, às 19h30, em que os artistas participarão de um bate-papo sobre as obras interpretadas -, pelo canal da Cultura Artística no YouTube.

Um dos mais importantes eventos do gênero no país, o festival integra este ano o Encontro Tríplice de Música Antiga, anunciado em setembro – quando foi realizada a Semana de Performance Histórica de Tatuí. A iniciativa – cujo tema para 2021 é “Ut pictura musica” (“Como a pintura, é a música”) – será encerrada em novembro, quando acontece o Encontro de Poética Musical da USP.

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A partir do tema do Encontro Tríplice de Música Antiga, o festival juiz-forano terá apresentações que têm por objetivo fazer uma ponte entre pintura e música a partir do elo existente entre as duas expressões artísticas entre os séculos XVI a XVIII, incluindo as reflexões sobre as peças musicais veiculadas pela série “Música para os olhos”. A abertura, na segunda-feira, terá a interpretação da cantata “Jachtzet Gott in allen Landen”, de Johann Sebastian Bach, pelo EOS – Conjunto de Música Antiga da USP, com regência de William Coelho – um dos diretores artísticos do festival – e Ana Carolina Moura como solista. A programação também terá obras de Filippo Gragnani, Arcangelo Corelli, Giovanni Bassano e John Dowland – neste caso, incluídas as variações por Jacob van Eyck.

Aprendizado

Com o evento realizado de forma virtual pelo segundo ano consecutivo, William Coelho destaca as lições que foram aprendidas não apenas com o formato inédito da 31ª edição, mas também com outras atrações do gênero e o próprio passar do tempo. “O formato do evento foi mudando por conta disso. No começo de 2020, quando todos estavam de fato em casa, era mais fácil passar tempo no computador ou celular e assistir a concertos mais longos, um maior número de apresentações ou master classes. Esse modelo se desgastou um pouco com o tempo”, analisa. “Por isso, vamos oferecer conteúdos mais diversificados e com uma duração mais curta, para que as pessoas possam se engajar e não se cansar. Você já trabalha na frente do celular e computador, então não podemos ter apresentações muito longas.”

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Outro ponto destacado por ele é a união das instituições para realizar o Encontro Tríplice, que permite criar um evento de longa duração, possibilita abarcar um público maior e serve como compensação ao fato de que as viagens não foram possíveis nesse período. “Quando as instituições se juntam, isso permite que a lacuna que possa existir em cada evento seja preenchida”, aponta. “Mas a dificuldade maior – até mesmo em comparação à pandemia, pois podemos assistir pela internet às apresentações, aulas – é sobreviver a um governo que retira apoio da cultura e da educação, entre outras áreas. Não existe outra maneira de se conseguir sobreviver e seguir produzindo cultura a não ser por meio de parceiras. O pouco apoio financeiro que conseguimos foi de instituições privadas ou leis de incentivo como a Lei Rouanet, que permitiram melhorar a parte técnica, como a filmagem, iluminação, captação de áudio. As instituições estão passando por crises, por isso temos que louvar a Sociedade Cultura Artística, de São Paulo, que foi a grande apoiadora desse encontro.”

União de forças

Segundo a instrumentista, professora e presidente da comissão organizadora do Encontro de Poética Musical da USP, Monica Lucas, a ideia da realização do Encontro Tríplice de Música Antiga partiu dos organizadores dos três eventos. “Eu, o Marcus Medeiros e o Marcus Held (Semana de Performance Histórica de Tatuí) sempre estamos pensando como fortalecer os eventos mutuamente. E quando soubemos do risco de o Festival de Música Antiga não acontecer, fortalecemos nossa vontade de juntar forças. São mais de 30 anos sendo realizado, e construir um festival dessa importância demanda anos de dedicação e trabalho, sendo que descontruir é muito fácil. Não podíamos deixar isso acontecer, e a união de forças foi importante para que ele fosse realizado”, afirma. “Não podemos ser coniventes com essa política cultural atual, então começamos a colocar em prática as possibilidades de atravessamento entre encontros, pensar como poderia potencializar essa união.”

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Consort Bassano, da USP, apresenta na quinta-feira obras de Giovanni Bassano

De acordo com Monica, dessas conversas saíram o primeiro modelo para a realização do Encontro Tríplice de Música Antiga, em que cada festival tem seu próprio perfil. “Conseguimos caracterizar melhor cada um deles, pois eles misturavam de tudo. Resolvemos pensar que cada um dos eventos deveria fortalecer sua característica própria. No caso da USP, ele será mais acadêmico, o de Tatuí concentrado na formação de jovens músicos, e o de Juiz de Fora mais amplo e dedicado à formação do público. Ao dar uma ‘cara’ para cada um, esperamos que todos saiam fortalecidos.”

Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga

Programação

Segunda-feira (25)

19h30 – Live
20h – Cantata Jauchtzet Gott in allen Landen (BWV 51), de Johann Sebastian Bach
EOS – Conjunto de Música Antiga da USP
William Coelho: regência
Ana Carolina Moura: solista

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Terça-feira (26)

19h30 – Live
20h – Sexteto op. 9, de Filippo Gragnani
Ensemble Salón 1800

Quarta-feira (27)

19h30 – Live
20 horas – Trio-sonata op. 3 nª 2, de Arcangelo Corelli
Roger Ribeiro e Luan Braga: violinos
Ana Cecília Tavares, Pedro Diniz e Gustavo Mazon: baixo-contínuo

Quinta-feira (28)

19h30 – Live
20h – Giovanni Bassano (1561-1617): diminuições e canzontte
Consort Bassano da USP
Alfredo Zaine, Daniel Figueiredo, Giulia Tettamanti e Luciana Castillo: flautas doces

Sexta-feira (29)

19h30 – Live
20h – Obras de John Dowland (1563-1623) e suas variações por Jacob van Eyck (1590-1657)
Ludmilla Thompson: soprano
Alfredo Zaine: flauta doce
Pedro Diniz: cravo

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