“Holocausto brasileiro” (Geração Editorial), primeiro livro da repórter especial da Tribuna Daniela Arbex, foi eleito, na tarde de ontem, um dos dez melhores livros de 2013 na categoria livro-reportagem, pelo 56º Prêmio Jabuti, um dos principais concursos literários do Brasil. Publicado em Portugal pela editora Guerra & Paz e com mais de 60 mil exemplares vendidos no Brasil, a obra que será tema de documentário em 2015, com produção de uma grande rede de televisão internacional, segue, agora, para a segunda etapa do Jabuti, que vai indicar os três melhores títulos e definir o “livro do ano de não-ficção”. “Estou muito emocionada com a trajetória do ‘Holocausto brasileiro’. Ele caminhou sozinho e só cresceu em seu percurso. Um jornalista sempre quer contar histórias e ser lido. Esse livro me deu essa oportunidade”, conta Daniela.
Premiada no jornalismo nacional e internacional, a autora diz não ter se acostumado e ressalta que cada prêmio tem sua emoção. “É o reconhecimento de um esforço”, pontua. Há cerca de um ano, ela escreve o novo trabalho – “mais um capítulo escondido da história recente do Brasil” -, que já tem previsão de lançamento para abril do próximo ano. “Apaixonei-me por essa área. A troca com os leitores é muito especial. Para o autor, conhecer o que vai no coração do leitor é um privilégio. O ‘Holocausto brasileiro’ me presenteou e marcou minha trajetória. Espero que os próximos consigam tocar as pessoas da forma que ele fez”, observa.
Em sua estreia literária, Daniela conta a história do Colônia, em Barbacena, considerado o maior hospício do país. Para retratar as atrocidades cometidas no lugar, a jornalista conversou com ex-internos, familiares, funcionários e outros personagens de um sistema que prendia à força pessoas que a sociedade colocava à margem. Somando, no mínimo, 60 mil mortes, sendo que 70% dos internos não tinham diagnóstico de doença mental, o Colônia tornou-se protagonista no movimento da reforma psiquiátrica nacional. Concorrendo com “Holocausto brasileiro”, estão outros nove títulos, como “1889”, de Laurentino Gomes, “Segredos do conclave”, de Gerson Camarotti, e “Jango: a vida e a morte no exílio”, de Juremir Machado da Silva.
Composto por 27 categorias, o prêmio de 56 anos revelará a classificação final no próximo dia 16 de outubro. As três obras que receberem a maior pontuação dos jurados, nesta segunda e última fase, serão consideradas vencedoras em sua categoria. Os 27 primeiros colocados recebem o troféu e o valor de R$ 3,5 mil. Na cerimônia do dia 18 de novembro, que acontecerá no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, serão conhecidos os livros do ano de ficção e não-ficção, que levam para a casa R$ 35 mil. Na noite de entrega dos prêmios, também serão revelados os jurados, indicados pelo Conselho Curador do Prêmio, composto pelos escritores e pesquisadores Marisa Lajolo, Antonio Carlos Sartini, Frederico Barbosa, Luis Carlos Menezes e Márcia Ligia Guidin.
Iacyr concorre com poemas
Outro finalista conhecido em Juiz de Fora é o poeta Iacyr Anderson Freitas, com seu “Ar de arestas”, também selecionado no Portugal Telecom desse ano. Publicado pela paulista Escrituras em parceria com a Funalfa Edições, o livro foi contemplado com a Lei Murilo Mendes e conta com fotografias de Ozias Filho. “Coloca a Lei Murilo Mendes no lugar que lhe cabe, ela é uma das melhores do país, dá liberdade aos escritores. A lei, assim, justifica a utilização de recursos públicos”, comenta o escritor nascido em Patrocínio do Muriaé, Zona da Mata mineira, e radicado em Juiz de Fora desde a década de 1970. “É uma alegria ver o livro em dois grandes prêmios, mas é só uma instância. É bom para o livro, divulga a obra e melhora o relacionamento do autor com as editoras. Estou muito feliz”, completa ele, que concorre com veteranos, como Adélia Prado (“Miserere”), contemporâneos de sua geração, como Armando Freitas Filho (“Dever”), e iniciantes, como Gregório Duvivier (“Ligue os pontos – Poemas de amor e big bang”), além de outros seis poetas.
Entre os finalistas da categoria conto e crônica, está o juizforano Rubem Fonseca (“Amálgama”), que concorre com Milton Hatoum (“Um solitário à espreita”), Luiz Vilela (“Você verá”), Antonio Prata (“Nu, de botas”), entre outros. Muriaeense radicado no Rio de Janeiro, o escritor Sergio Rodrigues concorre a melhor romance no Jabuti desse ano com “O drible” (Companhia das Letras). O mineiro, que também está no Portugal Telecom, disputa com Michel Laub (“A maçã envenenada”), Fernanda Torres (“Fim”), Marcelino Freire (“Nossos ossos”) e outros seis.
Na categoria “teoria/crítica literária”, a professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Maria Betânia Amoroso é finalista com a obra “Murilo Mendes: O poeta brasileiro de Roma”, editado pela Unesp em parceria com o juiz-forano Selo Mamm, do Museu de Arte Murilo Mendes. Coordenador editorial do recente projeto de reedição das obras murilianas, Milton Ohata concorre na categoria “Artes e fotografia”, com o livro “Eduardo Coutinho”. Já Júlio Castañon Guimarães , curador das reedições, concorre ao Jabuti com a tradução de “Fragmentos do Narciso e outros poemas”.