O cineasta e documentarista João Gonçalves Carriço (1886-1959) pode ter morrido há 60 anos, mas sua obra continua importante e fundamental para conhecer e entender a história de Juiz de Fora. Por isso, uma parceria entre a UFJF, Funalfa e Museu Mariano Procópio organizou e inaugura nesta sexta-feira (24) a exposição “Carriço Film – Tudo vê, tudo sabe, tudo informa”, que permanece até 28 de junho no Espaço Reitoria (UFJF) e está incluída na programação do Corredor Cultural, que tem início na sexta (24).
A mostra, que lembra as seis décadas de morte de Carriço, conta com 35 reproduções em alta qualidade – a partir do material na Divisão de Memória da Funalfa – de fotografias que ilustram a trajetória do cineasta, a partir de 23 originais do acervo do Museu Mariano Procópio e outras 12 pertencentes à família de João Carriço.
Essas produções foram realizadas em 2009 pelo fotógrafo Humberto Nicoline por ocasião do cinquentenário da morte do cinegrafista, ambientadas principalmente entre as décadas de 1940 e 1950. Dentre os registros, a visita do então presidente Getúlio Vargas à Fazenda São Mateus, momentos do carnaval da cidade e de Carriço exercendo seu ofício, o laboratório em que trabalhava, o casamento do documentarista com Dona Santinha e um passeio ao Rio de Janeiro, entre outras.
A curadoria da exposição ficou a cargo de Eduardo Faria e Nilo Campos, da Divisão de Memória da Funalfa. Eduardo destaca que, além das fotografias, o Espaço Reitoria também vai receber trechos dos cinejornais produzidos por João Carriço. “Aproveitamos para expor um pouco desse trabalho e incentivar e expandir para a comunidade o acesso ao acervo, que não se restringe aos acadêmicos. É importante esse evento para mostrar como o Carriço expandiu e trabalhou regionalmente questões importantes da época.”
Eduardo lembra que as cópias originais dos cinejornais foram doadas para a Cinemateca Nacional, mas que a Funalfa possui cópias deles, inclusive seis já digitalizados, tanto para exibição pública quanto para pesquisa. “É um material excelente para pesquisar, conhecer e entender determinados eventos históricos. Realizar essa exposição, lembrar da existência desse material, faz parte de nossa preocupação de não ficar relegado apenas ao meio acadêmico o nome de um cidadão que foi um divisor de águas na produção cinematográfica regional e nacional”, afirma. “Ele fez tudo com recursos próprios, ganha a alcunha de ‘amigo do povo’, mas essa amizade foi se distanciando, ficando relegada ao meio acadêmico. Pretendemos reproduzir essa exposição em outros espaços e momentos para que a população saiba quem foi João Carriço.”
Obra em debate
Além da exposição no Espaço Reitoria, os seis cinejornais já digitalizados serão exibidos na próxima quarta-feira (29), às 19h, no anfiteatro do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da UFJF. Na ocasião, Eduardo Faria e Nilo Campos vão falar sobre os cinejornais de Carriço e de outros acervos importantes, como os do ex-prefeito Mello Reis e da Família Miana. Os registros documentais do cineasta a serem exibidos incluem cenas do Clube de Bicicletas, festas populares e religiosas, desfiles militares e corridas de carros, entre outras. Depois, será realizado um debate com acadêmicos e pesquisadores, aberto à participação do público.
“Mostra Carriço: Tudo vê, tudo sabe, tudo informa”
Abertura nesta sexta (24). Visitação, das 8h às 20h, no Espaço Reitoria (campus UFJF) até 28 de junho. Exibição do seis cinejornais digitalizados na próxima quarta-feira (29), às 19h, no anfiteatro do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da UFJF