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Ingoma realiza festival virtual a partir desta quarta-feira

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Há mais de um ano sem pisar nos palcos ou levar o público para as ruas, Ingoma gravou apresentação (Fotos: Divulgação)

O grupo Ingoma, dedicado à preservação da tradição do tambor mineiro, realizou sua última apresentação – o Cortejo de Carnaval – em 15 de fevereiro de 2020, pouco mais de um mês antes da pandemia de Covid-19 forçar o hiato das atividades culturais na cidade, que se refletiu ainda nas paralisações nas oficinas de tambor mineiro do grupo e no projeto de realizar um encontro de congadas. Pouco mais de 14 meses depois de arrastar pela última vez o povo para as ruas de Juiz de Fora, o projeto cultural realiza, a partir desta quarta-feira (23), o Festival do Ingoma, uma série de atividades culturais que seguirão até o próximo domingo (27).
A programação inclui um show gravado do grupo, além de mostras de congado, bate-papo, lives e contação de histórias por meio do canal do Ingoma no YouTube, além dos perfis no Facebook e Instagram, a maioria das atrações previamente gravada. O festival também promove oficinas – que já estão com as vagas preenchidas – por meio da plataforma Zoom. Todas as atividades são gratuitas e serão realizadas com o apoio da Lei Aldir Blanc em Minas Gerais.

Sérgio Pererê: ator, cantor, compositor e multi-instrumentista

Segundo um dos coordenadores do Ingoma, o músico Lucas Soares, um dos destaques da programação é o lançamento, às 20h desta quarta, da campanha Cortejo Solidário, com caráter beneficente. “O Cortejo é uma tentativa de mobilizar e sensibilizar essa rede formada durante 14 anos por integrantes e estudantes do Ingoma, além do público, a construirmos uma campanha de arrecadação direcionada a iniciativas e entidades que têm feito um trabalho importante em comunidades que se encontram em situação de vulnerabilidade social durante a pandemia”, explica Lucas, acrescentando que já trabalham em parcerias com a Corrente do Bem e o coletivo 8M. “É uma campanha que vamos lançar no festival, mas que será perene. Sabemos que não é a solução, que é preciso lutar pela diminuição das desigualdades sociais e por um auxílio emergencial justo, mas é uma forma de ajudarmos e devolvermos um pouco do que recebemos.”

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Música, bate-papo e mais

Titane é uma das convidadas do Ingoma

Na parte musical propriamente dita, o Festival do Ingoma terá no domingo (27), às 20h30, a transmissão do show gravado previamente pelos integrantes do grupo, com as participações especiais de Maurício Tizumba e Sérgio Pererê, que gravaram suas partes diretamente de suas casas. “Será um show que mescla o repertório autoral com músicas do cancioneiro popular brasileiro”, antecipa Lucas. “É uma forma de encurtar nossa distância com o público que não pode estar em contato com o Ingoma desde o início da pandemia.”
Já na quarta-feira, o festival terá, depois do lançamento do Cortejo Solidário, um bate-papo com o tema “Música popular com raízes na música tradicional”, tendo como convidada a artista Titane. “Vamos conversar sobre como grande parte – se não a maioria – da música popular brasileira é construída a partir de movimentos culturais de cunho tradicional, às vezes religioso. Isso inclui o samba, o maracatu e o tambor mineiro aqui em Minas. Convidamos a Titane porque ela tem uma carreira baseada a partir desse diálogo da música tradicional com a popular.”
Outras atrações do festival são as contações de histórias. O grupo Nzinga tem apresentação na sexta-feira (25), às 20h30, e no sábado (26), no mesmo horário, será a vez de “Chico Rei – O Galanga do Congo”, com a Cia. Rabisco. De quarta a sábado também acontecem as oficinas, que tiveram uma procura considerada surpreendente. “Oferecemos até cem vagas nas oficinas, e quando fomos olhar já havia esgotado em menos de 40 minutos. A solução que encontramos foi ampliar o número de vagas, algumas oficinas quase dobraram e precisamos mudar a metodologia para que todos possam participar”, conta.

Mostras

Uma parte da programação que tem animado Lucas Soares é a das mostras, num total de três. A primeira delas, “Por todos os cantos – Os tambores e os cantos espalhados pelo mapa”, será transmitida na quinta-feira (24), às 20h30, e tem como convidados o Tambor Mineiro, de Belo Horizonte; Meninos de Minas, de Itabira; Valentinas, de Timóteo; Congadar, de Sete Lagoas; e Tilelê, de Zurique. Na ocasião, serão exibidos os trabalhos artísticos desses grupos, com apresentações no palco e entrevistas. “As outras são com grupos tradicionais de congado e Moçambique de Minas”, diz Lucas. “Na sexta, às 20h30, a mostra será sobre a Congada e Moçambique de Piedade do Rio Grande. “Nós fomos até a festa deste ano para ver como estavam conseguindo realizá-la durante a pandemia, e foi uma aula de beleza, cultura e resistência. No sábado, no mesmo horário, vamos exibir a mostra sobre a Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, de Ouro Preto, em que também conversamos com os capitães e dançantes. Fomos extremamente bem recebidos nas duas ocasiões, e é até difícil falar da importância de sermos acolhidos por esses grupos e ter nosso trabalho reconhecido, além de tê-los na programação do nosso festival.”

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Maurício Tizumba, ícone dos tambores de Minas Gerais

Por fim, o coordenador do Ingoma falou ainda sobre ter que passar esses mais de 15 meses sem poder fazer as oficinas de tambor mineiros, os ensaios, as apresentações, e por consequência não ter o contato direto com os integrantes do grupo e o público.
“Acho que nunca passamos por algo tão difícil, não só o Ingoma como as pessoas da minha geração. Nós do grupo construímos nosso trabalho e relações em cima do afeto, tanto os integrantes quanto os alunos, que devem ser cerca de 3 mil nesses 14 anos. Mas sempre colocamos a segurança deles em primeiro lugar, mesmo sendo um desafio manter o contato apenas pelas redes sociais. Fica um buraco enorme, uma saudade gigante, e um desejo de ver a sociedade se conscientizar e ultrapassar esse momento para estarmos juntos de novo.”

 

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