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Artista de JF se destaca na criação de bonecos de personagens

bonecos mattos
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Matheus Mattos, criador da Mattos Box e dos personagens Berry e Ollie (Foto: Divulgação)

O lance da turma da cultura pop vai além de consumir os filmes, séries, livros, games e quadrinhos em si. É praticamente impossível encontrar quem não tenha pelo menos um boneco (figura de ação, diriam os puristas), uma estátua, camisa, réplica de objeto, meia ou qualquer tipo de produto que a mente capitalista possa imaginar. Mas dá para não somente torrar seus suados reais com toda essa memorabília, é possível também faturar o seu: é o que faz o escultor Matheus Mattos, da Mattos Box, que fez da criação de artefatos inspirados em personagens desse vasto universo o seu ganha-pão. E podemos dizer, pela entrevista que o rapaz deu à Tribuna, que ali rola muito trabalho, mas também muita diversão.
Para começar, o começo. Matheus conta que tudo teve início há pouco mais de oito anos, mas não com os bonecos, e sim com as caixinhas decoradas que começou a fazer para guardar as cartas do jogo “Magic”, bem na base do “vamos ver se consigo fazer esse negócio”. “Não sabia nada dessa parte de produção, tanto que por isso o nome do estúdio é Mattos Box (‘box’ é ‘caixa’, em inglês). Foi como hobby, mas aí algumas pessoas começaram a pedir, postei em fóruns… Vi pela aceitação do pessoal que aquilo poderia ter algum retorno, então continuei fazendo as caixinhas.”
Matheus seguiu nessa toada até 2014, quando perguntaram a ele se conseguiria fazer um par de asinhas para uma fantasia do “Meu Pequeno Pônei”, que se tornou sua primeira “prop” (réplica de objeto). “Eu disse ‘acho que consigo’, aí fui e fiz. Daí me perguntaram se conseguiria fazer uma espada, também consegui fazer, e vi que era mais divertido que a caixinha. No início fui fazendo meio a meio, e quando vi, não fazia mais as caixinhas”, conta.
Quando se deu conta, já estava criando réplicas do bumerangue do Batman e a Chave do Inferno vista na série de quadrinhos “Sandman”, incluindo também o elmo usado pelo protagonista, Morpheus.

Personagens confeccionados pela empresa de Mattos (Foto: Divulgação)

Seis meses em uma única peça

Todavia, parafraseando uma antiga novela, encarar o volume de encomendas não era brinquedo. Mesmo procurando aprimorar o ofício, Matheus tinha que ralar para fazer cada peça. “Comecei a fazer sob encomenda, e às vezes gastava de 20 a 40 dias para um projeto. O bumerangue do Batman, por exemplo, tinha a modelagem, acabamento e pintura, e numa peça simples como essa levava de 20 a 30 dias para fazer apenas um. Peças mais complicadas, como o elmo do Sonho dos Perpétuos, levava cerca de seis meses.”
Com o volume cada vez maior de pedidos, ele percebeu que o jeito era estudar ainda mais e se aprofundar nas variadas técnicas de confecção dos produtos. “Vi que as pessoas gostavam e pediam quando postava uma foto. Mas eram dez pedidos, não conseguia fazer tanto, e foi então que comecei a estudar. O bumerangue foi o primeiro que fiz em resina, e o primeiro personagem no material foi o Capirotinho. A partir dessas técnicas, poderia fazer uns 50 bumerangues em 20 dias, e o elmo em apenas um mês.”
Ele conta como se dá o processo. “As peças finais são feitas em resina – um plástico parecido com gesso, porém mais resistente e durável – e poliéster, que é o usado por todas as empresas do mundo que trabalham com figuras colecionáveis, pois ele é resistente. A partir dela, fazemos um molde usando o silicone e a replicação da peça em série, pois precisava de uma forma de produzir de maneira menos artesanal.”

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Ollie, criação própria e maior aposta de Mattos para o futuro próximo (Foto: Divulgação)

Personagens brasileiros

Ao mesmo tempo em que aprendia os macetes para produzir mais rápido, a demanda também crescia em ritmo acelerado. A partir de 2016, Matheus já encarava, além das props, figuras de personagens de animes e séries, entre outros. Foi então que o artista descobriu a escultura tradicional de argila à base de óleo, e o negócio engrenou.
“Passei a trabalhar com personagens como o Capirotinho, do Guilherme Infante. Começamos vender em 2018. Desde então, foi um atrás do outro e foi o que fez o estúdio se tornar o que é hoje, em que 95% da produção é destinada aos personagens”, relembra. Um dos efeitos de tanto trabalho foi profissionalizar a atividade, com a criação de site, redes sociais e registrar a Mattos Box. “Quando comecei não sabia nada de nada, incluindo a parte contábil, administrativa. Foi tudo um grande aprendizado, e hoje tenho a ajuda de mais cinco pessoas.”
Depois da parceria com Guilherme Infante, Matheus passou a trabalhar com vários quadrinistas e produtores de tirinhas conhecidos do público brasileiro ligado na área, até pelo desejo que tinha de produzir peças licenciadas. “Fui procurando os quadrinistas, e hoje trabalho, além do Capirotinho, com peças do Sigmund e Freud, Ângulo de Vista, Morte Crens, Juquinha, Yang e Loh, Um Sábado Qualquer. E também já trabalhei com estúdios de animação e grafiteiros.”

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Criações próprias

Entretanto, o xodó de Matheus Mattos são dois personagens criados por ele: o cãozinho pug Ollie e o sorvetinho Berry. “Sempre quis fazer bonequinhos, mas também tinha vontade de trabalhar com algo meu, um personagem meu. Queria algo que tivesse a minha identidade, e ano passado vi que era hora de lançar esse projeto autoral. Lancei o Berry em agosto, e foi um sucesso; então veio o projeto mais robusto, que é o Ollie. Ele saiu mais completo, com história em quadrinhos desenhada pelo Giovanni Auditori a partir do meu roteiro, e tem uma agenda de lançamentos até o fim do ano”, relata.
O sucesso dos personagens ajudou, ainda, a superar algumas inseguranças do artista. “Sempre tive um pouco daquela síndrome do impostor. Trabalhava com os personagens dos outros e me perguntava se elas compravam por causa do personagem ou porque também gostavam do meu trabalho”, desabafa. “Quando lancei essa linha de originais, estava construindo uma história sem um background, foi uma prova de que o pessoal gostava mesmo do meu trabalho. Hoje não tenho mais essa dúvida.”

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Berry, o personagem-sorvete de Mattos (Foto: Divulgação)
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