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Quarta edição do Denigra JF acontece neste sábado

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Banda Zé do Black, do vocalista Elmir Santos, volta a participar do evento (Foto: Divulgação)

 

Quem não sente na pele a dor do preconceito dificilmente vai entender o que é ser negro no Brasil, a necessidade de mostrar e afirmar o orgulho de suas origens, tradições, sua cultura. Em uma cidade como Juiz de Fora, com uma parcela considerável de sua população marginalizada por conta da cor da pele, não faltam ações e eventos que permitam a vivência da cultura afrodescendente – e o mais importante, abertas a todos. É o caso do Denigra JF, que realiza sua quarta edição neste sábado (23), a partir das 15h, no Sindicato dos Bancários de Juiz de Fora. Este será o primeiro ano que o evento integra a programação oficial da Semana da Consciência Negra na cidade e também a primeira edição com entrada gratuita.

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São várias as atrações concentradas no espaço. Na parte musical, o evento terá apresentações de Heloísa Mendes, Zé do Black com “Baile do Tim”, o rapper RT Mallone, Laura Conceição, Ébano Ashanti, Charmosas do Tamborim e Sambaluanda, entre outros. Já o Coletivo Cabeça de Nêga e Walmor Calado firmaram parceria com a turma do Denigra JF para realizar dentro do evento uma edição da oficina “OriVivência: Funk da Quebrada”. Outra opção para o público é a Feira Empreendedora, com participações da Ca d’Ori Livraria, Griot, G-Afro, Negra Mulher Bela, Cuca de Moça, Limbo, Voz, Brechó Denigra Plus Size, Ousadia Negra, Arraso Plus, Alynd’ Afro, Art Vintage Contemporâneo e Especiarias de Maria.

“O evento tem o foco na produção local, é uma prioridade nossa”, ressalta uma das responsáveis pelo Denigra JF, Giovana Castro. “Todo ano o Denigra JF tem uma cara diferente. Temos os parceiros que estão juntos desde o início, mas que a cada ano chegam a novos patamares de produção. O Mallone, por exemplo, era um menino no início, hoje é um dos gigantes do rap nacional. São as mesmas pessoas, mas agora em lugares diferentes, e contamos com aqueles que desejam somar.”

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Realizado pela primeira vez em 2015, o Denigra JF não aconteceu em 2018 por um motivo que, para muitos, seria ignorado: a falta de um local com acessibilidade para todos e que permitisse ambientes separados. Por conta disso, o Sindicato dos Bancários – ainda que não tenha condições ideais de acessibilidade – será o quarto espaço utilizado: nas três edições anteriores, o evento aconteceu no Galpão, OAndarDeBaixo e Espaço Diversão & Arte.
“Como é um evento multiartístico, de inclusão, precisamos de um local grande, com ambientes separados, pois temos apresentações, a feira, graffiti ao vivo, é preciso adequar tudo isso”, destaca uma das organizadoras, Carla Detoni. “Este ano tentamos outros espaços, mas não conseguimos a adesão deles, ou eram muito caros, já tinham programação fechada. Estávamos preocupados em ficar mais um ano sem realizar o Denigra, mas aí conseguimos o empréstimo do espaço do Sindicato.”

Heloísa Mendes é uma das atrações musicais do Denigra JF (Foto: Divulgação)

Unindo agendas

Nem tudo é dificuldade e dilema no Denigra JF. Para a edição deste ano, a organização comemora a inclusão do evento na programação oficial do município na Semana da Consciência Negra, após ter a proposta aprovada pela Funalfa. Com o apoio financeiro municipal, ficou mais fácil conseguir a estrutura (equipamento de som etc.) e até mesmo realizar a atividade com entrada franca.

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“Nos anos anteriores, organizamos o Denigra de forma deslocada, mas este ano decidimos unir a agenda. Começamos com uma proposta autônoma, mas sempre tivemos o desejo de fazer um calendário mais unificado de comemorações, que ajuda a chamar público e ter uma agenda mais politizada. Aí, quando saiu o chamamento, vimos que o Denigra tinha a cara dessa celebração”, explica Giovana.

A aprovação para participar da programação da Semana da Consciência Negra é, de alguma forma, mais uma prova do reconhecimento das ações promovidas pelo Denigra JF a fim de alcançar seu objetivo: confirmar a condição de Juiz de Fora como uma cidade negra. E uma das melhores formas de se fazer isso é destacar a ancestralidade e a atualidade da produção cultural negra.

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“O Denigra é um projeto muito querido, fomos cobrados por não ter realizado em 2018. Fazemos parte de uma manifestação de resistência muito festiva, pois precisamos dançar, comemorar a presença do outro. Viemos exatamente para isso: ser não apenas resistência, queremos que as pessoas saiam animadas, felizes, que conheçam a produção dos nossos expositores, compreendendo que nosso objetivo é colocar a cultura negra de Juiz de Fora em evidência, mas sempre de uma forma muito alegre”, afirma Giovana Castro.

Ser resistência, aliás, é um ponto do qual Giovana costuma dizer que eles não têm como fugir. “Resistimos por uma questão de sobrevivência. O enfrentamento não é uma tarefa fácil, estou há 20 anos no ativismo negro, participando de vários movimentos. Mas quanto mais alianças fazemos, a jornada fica menos árdua. A ideia é que consigamos passar por esse momento, que não vai durar para sempre, persistir nas alianças. Tenho muito fé que a luta é uma forma de organização coletiva.”

 

Walmor Calado e o Coletivo Cabeça de Nêga firmaram parceria com o projeto para realizar a oficina “OriVivência: Funk da Quebrada” (Foto: Natalia Lopes/Divulgação)

 

Denigra JF
Neste sábado (23), a partir das 15h, no Sindicato dos Bancários de Juiz de Fora (Rua Batista de Oliveira 745 – Centro)

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