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Nick Rennison lança livro que relembra o ano de 1922

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Lançado no Brasil pela Astral Cultural, livro de Nick Rennison relembra um dos anos mais importantes de nossa história (Foto: Reprodução)

Conhecer o passado é uma forma de entender o presente e tentar fazer um futuro melhor, ou pelo menos buscar não repetir os erros de outrora. Serve, ainda, para compreender como fatos aparentemente insignificantes nos dias atuais podem provocar efeitos inimagináveis nos anos que estão por vir. Sob essa perspectiva, o livro “1922: Cenas de um ano turbulento” (Astral Cultural), do britânico Nick Rennison, é um ótimo exemplo de como podemos entender melhor o ano de 2022 quando revisitamos o que aconteceu há exatamente um século.

Rennison começou, em 2020, o projeto de resgatar os principais acontecimentos de 1922, considerado por muitos como um dos anos mais importantes da história da humanidade. Era um período em que o mundo ainda se curava das feridas e alimentava ressentimentos da Primeira Guerra Mundial (que na época era chamada de A Grande Guerra), além de ter passado pela pandemia da Gripe Espanhola. Por esses e outros fatores, os anos 20 foram uma década de inúmeras transformações na cultura, ciência, medicina, política e comportamento, ao mesmo tempo em que a barbárie, o preconceito – que nos assombram até hoje – também encontravam espaço nas parcelas conservadoras das sociedades de então.

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Dividido em 12 capítulos, sendo um para cada mês do ano, “1922” justifica sua existência ao relembrar fatos que marcaram profundamente nossa história, como o primeiro tratamento para diabéticos com base na insulina; o fim do Império Otomano; o prêmio Nobel de Física para Albert Einstein; o julgamento de Gandhi, símbolo da futura independência da Índia; a criação da União Soviética; a chegada ao poder, na Itália, do fascista Benito Mussolini; a fundação da BBC; o assassinato de Michael Collins, um dos líderes da independência da Irlanda; e a descoberta do túmulo de Tutancâmon, no Egito, país que conseguiu sua independência do Reino Unido no mesmo ano.

Se podemos dizer que esses acontecimentos são do tipo que já se sabia que seriam lembrados décadas (e um século) depois, outros tiveram repercussão local ou só tiveram sua relevância reconhecida muito mais para frente. Entre os fatos celebrados hoje, mas que não se podia imaginar a dimensão que teriam, estão os lançamentos do livro “Ulysses”, de James Joyce, e dos filmes “Nosferatu: Uma sinfonia do terror”, de F. W. Murnau, e “dr. Mabuse, o jogador”, de Fritz Lang. Foi ainda em 1922 que Alfred Hitchcock teve sua primeira experiência como diretor, com o inacabado (e perdido) “Number 13”, e Bertold Brecht teve a primeira montagem de seus trabalhos – no caso, “Tambores na noite”.

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E foi há exatamente 100 anos que o mais desprezível ser humano do século XX, Adolf Hitler, passou um mês na prisão por causa do ataque a um adversário no ano anterior, em uma cervejaria em Munique, e que o então desconhecido Al Capone foi preso ao provocar uma confusão devido a um acidente de trânsito.

O livro de Nick Rennison relembra, ainda, histórias que ajudam a compreender um pouco da sociedade da época, ao relembrar assassinatos que causaram frisson e passaram meses sob cobertura sensacionalista dos jornais, ainda mais quando envolviam questões como o adultério ou celebridades de Hollywood, vista como um antro de perversão.

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Sintético, mas não superficial

Para quem fica horrorizado com os casos de preconceito e racismo nos dias atuais, “1922” mostra que essa é uma característica vergonhosa da humanidade que persiste há mais tempo do que podemos imaginar, em especial nos Estados Unidos. São vários os relatos no livro que mostram o “renascimento” da Ku Klux Klan após décadas de ostracismo, que resultaram no linchamento de negros considerados culpados – quase sempre sem provas – de crimes diversos, em especial contra mulheres brancas, e geralmente com a cumplicidade das próprias forças policiais.

Ao se pensar em tantos eventos relevantes, é compreensível imaginar que “1922: Cenas de um ano turbulento” poderia ser um calhamaço beirando a mil páginas, enciclopédico a ponto de se tornar enfadonho para quem teria apenas a curiosidade de colocar os pés na borda da piscina do passado. Nick Rennison, porém, condensa todas essas histórias relevantes em menos de 240 páginas, oferecendo ao leitor uma leitura concisa e dinâmica dos fatos que ainda influenciam nossas vidas, sem jamais cair na superficialidade.

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