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Mostra de Tiradentes começa hoje, com exibição gratuita de 114 filmes

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Mineiro “Kevin”, dirigido por Joana Oliveira, faz parte da programação da Mostra Aurora (Foto: Marina Mascarenhas/Divulgação)

Desta vez, tudo vai ser bem diferente. A exemplo de tantos festivais pelo Brasil, a Mostra de Cinema de Tiradentes, que inicia sua 24ª edição nesta sexta-feira (22), teve de abrir mão de ocupar todos os espaços possíveis na pequena cidade mineira e encarar o formato de exibição on-line. Mas isso não quer dizer que o evento, que acontece até o próximo dia 30, perdeu fôlego. Serão nada menos que 114 filmes em exibição (31 longas, dois médias e 81 curtas-metragens), de 19 estados brasileiros. A maioria das produções estará disponível durante todos os dias da mostra, a partir de sábado (23), e algumas pelo período de horas. Para assistir aos filmes, basta clicar na respectiva foto no site oficial da mostra.

Para a abertura, às 20h de sexta-feira, estão programados uma performance audiovisual, homenagem à cineasta Paula Gaitán e a exibição de seu mais novo documentário, “Ostinato”, sobre o músico Arrigo Barnabé, que também faz show para fechar a programação de estreia. Ainda dentro da programação de filmes, o evento terá várias mostras, sendo que uma delas (Vertentes da criação) também é a temática da 24ª edição. As outras são a Mostra homenagem, com produções dirigidas por Paula Gaitán; Aurora; Olhos livres; Temática; Foco; Panorama; Foco Minas; Praça; Formação; Jovem; Mostrinha; e a Sessão da meia-noite, novidade deste ano e que exibirá dois longas de terror na meia-noite de sábado para domingo. Além da exibição de filmes, a mostra terá ainda outras atividades, como o 24º Seminário do Cinema Brasileiro, com um total de 22 debates; a série “Encontro com os filmes”, com rodas de conversa durante a programação, com a presença de diretores e equipes de produção dos filmes exibidos, além de críticos convidados; dez oficinas, com um total de 225 vagas; e performance audiovisual, exposição, shows e atrações artísticas. Toda a programação é gratuita e pode ser acessada no site da Mostra.

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Adaptações que chegam para ficar

A diretora da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra, Raquel Hallak, conversou com a Tribuna sobre o desafio de realizar a Mostra de Cinema de Tiradentes neste novo formato, que, ao mesmo tempo que tem suas desvantagens, apresenta novas possibilidades. “Acho que a gente encarou como uma edição especial, diferente, em que teremos o encontro virtual. Por outro lado, tirando os desafios de entender a internet, estamos usando-a a nosso favor. O evento digital promove um maior alcance e abrangência geográfica, pois teremos pessoas do mundo inteiro com acesso”, pontua. “É muito bacana poder ver o cinema brasileiro ganhando as telas do mundo. E poderemos compartilhar outros conteúdos, pois os debates continuarão disponíveis em nosso canal no YouTube. E seguiremos projetando a cidade, mesmo não estando lá pessoalmente.”

“Mitos indígenas em travessia” integra a programação da Mostrinha (Foto: Divulgação)

Sobre o município, Raquel lamenta as perdas econômicas resultantes do festival on-line, uma vez que _ de acordo com ela, Tiradentes vê sua população multiplicar em sete vezes graças ao fluxo turístico proporcionado pela mostra. “O ruim do evento on-line é que a cidade deixa de receber essa movimentação econômica, assim como as cidades do entorno. Até planejamos, no início, um evento híbrido, mas, como a cidade está na onda vermelha do Minas Consciente, precisamos suspender”, lamenta.
Ao mesmo tempo, Raquel Hallak acredita que o formato on-line veio para ficar, a partir das experiências que a Universo Produção já teve com outros três festivais realizados em 2020 no mesmo formato. O que não quer dizer, todavia, que abrirão mão do formato presencial. “O formato hibrido é uma nova configuração de mercado. A mostra presencial tem a experiência muito rica da troca de experiências, de conhecimento, mas não vamos perder o espaço que estamos conquistando de levar as produções para todo o mundo, expandindo a possibilidade de o público conhecer o cinema brasileiro. Vamos analisar para manter o equilíbrio entre o presencial e o on-line”, antecipa, acrescentando que a pandemia apenas acelerou esse processo. “No Cine BH já tivemos a exibição sob demanda, que ainda precisa de regulamentação. Observamos o quanto cresceram as plataformas de streaming e o quanto os filmes brasileiros estão presentes nessas plataformas.”

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Mais de mil filmes inscritos em Tiradentes

Sobre a seleção de produções para a Mostra, Raquel Hallak comemora a expressiva quantidade de filmes que se inscreveram, cerca de mil para chegar ao total de 114 selecionados pela curadoria. Ela teme, entretanto, o panorama para as futuras edições, uma vez que a 24ª edição da mostra ainda não teria sido afetada, nesse aspecto, pela pandemia. “Estamos vendo, infelizmente, o fomento para o audiovisual cada vez menor, com a ausência de políticas públicas. A Ancine, em 2020, estava totalmente paralisada. Ainda nãos sentimos os efeitos na produção porque os filmes que selecionamos começaram a ser produzidos dois anos antes. Não sabemos como será em 2022. Se não fomentarmos o audiovisual, como teremos produções para exibir?”

Ela ressalta que o Brasil é um país continental, então cada estado poderia fomentar sua produção local para que a indústria do entretenimento não pare. “Ela é a que mais cresce e está sendo parceira nessa pandemia. Já ficamos parados por um ano por falta de incentivo, depois um ano por causa da pandemia, e o audiovisual gera emprego, tem toda uma cadeia produtiva que merece atenção e respeito e que ajuda a projetar o país, sua cultura”, defende. “Só no festival de Tiradentes contratamos cerca de 250 empresas, imagine quantas pessoas são contratadas se estimarmos que cada empresa contrate, por exemplo, quatro funcionários. É muito importante ter essa noção, a informação – que muitas vezes é distorcida – de que cultura não é só diversão.”

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“Oráculo”, de Melissa Dullius e Gustavo Jahn, é um dos 114 filmes selecionados para a Mostra (Foto: Divulgação)
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