Quatro filmes estreiam esta semana em Juiz de Fora, e logo de cara já dá para sentir a inexplicável ausência de “A vida invisível”. O longa de Karim Aïnouz, escolhido como representante brasileiro no Oscar, que tem ninguém menos que Fernanda Montenegro no elenco e do Grand Prix da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes, pelo menos por enquanto estará longe das salas de exibição locais. Em seu lugar, os destaques ficam por conta do suspense “A grande mentira”, que reúne Helen Mirren e Ian McKellen, e o drama de guerra “Midway – Batalha em alto-mar”, baseado em fatos reais e dirigido pelo alemão Roland Emmerich, especialista em fazer as coisas explodirem e voarem pelos ares. As outras estreias da semana são o religioso “Mais que vencedores” e o terror “Medo profundo – O segundo ataque”.
Suspense com protagonistas de respeito
Baseado no livro homônimo de Nicholas Searle, publicado em 2015, “A grande mentira” já chama pela dupla de protagonistas. Verdadeiros patrimônios ingleses, Helen Mirren e Ian McKellen atuam juntos pela primeira vez, numa trama de mistério e suspense dirigida por Bill Condon em que nem tudo é o que parece ser.
Na história, Roy Courtnay (McKellen) é um desses vigaristas que vive de golpe em golpe, tendo Vincent (Jim Carter) como parceiro. Os dois veem a chance de faturar uma bolada daquelas quando Roy conhece Betty McLeish (Mirren) em um site de relacionamento para pessoas da terceira idade. Viúva há pouco tempo e dona de alguns milhões de libras, seria a vítima ideal, e não demora para Courtnay ganhar sua confiança, sugerir uma conta conjunta aqui, uma aplicação inocente acolá…
A vida dos golpistas, porém, não será fácil. Stephen (Russell Tovey), neto de Betty, desconfia das histórias e desculpas do novo “amigo” da avó, e personagens obscuros vão aos poucos aparecendo na trama, que também deixa em suspenso se apenas Roy e Vincent é que estão escondendo o jogo. O longa tem recebido críticas mistas, com elogios à atuação da dupla de protagonistas e ressalvas quanto ao andamento da trama.
Histórias de guerra
Roland Emmerich faz parte daquela escola de diretores que são bons nas cenas de ação, mas que derrapam – e feio – quando o assunto é a parte dramática da coisa. Basta lembrar, por exemplo, de “Independence Day”, “Godzilla” e “O dia depois de amanhã”. Por isso, é de entender e se admirar, em medidas iguais, que o cineasta alemão tenha ficado à frente de “Midway – Batalha em alto-mar”, que leva para o cinema um dos momentos mais marcantes da Segunda Guerra Mundial – e se tem uma coisa que Hollywood ADORA é um drama de guerra, que pode ser tão bom quanto “O resgate do soldado Ryan” ou uma bomba do nível de “Pearl Harbor”, não à toa dirigido pelo explosivo e hiperbólico Michael Bay.
Com um elenco de respeito (Ed Skrein, Woody Harrelson, Mandy Moore, Luke Evans, Dennis Quaid, Patrick Wilson e Aaron Eckhart), o longa tenta reproduzir na tela grande a Batalha de Midway, ocorrida em junho de 1942 no atol do Oceano Pacífico. Considerado o maior confronto aeronaval da Segunda Guerra Mundial, foi um dos primeiros grandes triunfos dos Estados Unidos sobre o Império Japonês, que buscava invadir o atol como apoio para invasões maiores. É considerado por historiadores como fundamental para que os americanos conseguissem virar o jogo no teatro de operações no Oriente, em que o Japão seguia avassalador com as ocupações da península coreana, de parte da China, Filipinas e a antiga Indochina.
O lance do filme, claro, é mostrar o heroísmo americano, que teve seu orgulho abalado com o ataque a Pearl Harbor, em dezembro de 1941 (que marca o início do filme), e que fez o presidente Franklin Roosevelt declarar guerra aos países do Eixo (além do Japão, Alemanha e Itália). Além do ataque inicial japonês, “Midway – Batalha em alto-mar” mostra as primeiras e sangrentas escaramuças entre as duas potências bélicas, e como foi fundamental para o EUA conseguir interceptar os planos japoneses para Midway, que incluíam afundar vários porta-aviões americanos, tomar o atol e dali partir para outras partes do Pacífico, garantindo a superioridade nipônica nos mares.
Como estamos falando de Roland Emmerich, o longa já chega bombardeado – com o perdão do trocadilho – por críticas negativas, que apontam entre os principais defeitos da trama o raso desenvolvimento de personagens e a onipresente patriotada. Pelo menos, ao que parece, as cenas de batalha no mar e ar se salvam.