Se hoje o Brasil é referência no cenário mundial do metal, isto muito se deve às bandas que surgiram por aqui nos anos 90 e, principalmente, na “perdida” década de 80. Overdose, Sarcófago, Sepultura, Viper, Angra, Ratos de Porão (mesmo sendo um lance mais punk/hardcore), Krisiun são alguns dos nomes fáceis de se lembrar dessa lista. E o Korzus, claro, grupo paulista que comemora seus 35 anos de bons serviços ao thrash metal com a turnê comemorativa Warriors Tour a partir desta sexta-feira (21) na paulista Limeira. No dia seguinte, Belo Horizonte recebe a caravana headbanger, e no domingo é a vez de Juiz de Fora. Apresentam-se também as bandas escaladas para a primeira parte da turnê (Noturnall, Armored Dawn e Rygel), além do convidado especial Mike Orlando, da norte-americana Adrenaline Mob, e os locais Tuka’s Band e Behold The Abyss. A nação dos camisas pretas pode começar a se reunir a partir das 16h no Cultural.
Com uma formação consolidada há dez anos (Marcello Pompeu nos vocais; Dick Siebert no baixo; Rodrigo Oliveira na bateria; e Heros Trench e Antonio Araújo nas guitarras), o Korzus prepara um repertório que passa por todas as fases do grupo, desde quando cantavam apenas em português (“Sonho maníaco”, de 1987) até o mais recente trabalho (“Legion”, de 2014), em que quase todas as faixas são cantadas em inglês. De acordo com Rodrigo Oliveira, há chance de apresentarem uma inédita, “You can’t stop me”, que deve ser lançada como single ainda este ano.
“É nossa primeira vez em Juiz de Fora, e estamos bem empolgados. O Korzus gosta de tocar em Minas, que tem um público muito forte. A última vez que tocamos aí foi em 2016, com o Krisiun. Estamos doidos para voltar a fazer shows, com muita energia, e felizes por voltar e tocar pela primeira vez em Juiz de Fora, espero que os headbangers compareçam. Preparamos um repertório especial, também com músicas em português, algo que esteve presente em quase todos os nossos discos. Temos orgulho de nossas raízes, de ser uma banda brasileira”, diz o baterista.
Além da fome de palco, o Korzus aposta com a Warriors Tour num modelo de turnê muito comum na Europa e Estados Unidos, em que bandas de metal de estilos diferentes pegam a estrada para ampliar o público – e fazer com que os fãs tenham a oportunidade de conhecer novos artistas. “Aqui no Brasil temos o costume de fazer turnês solo, não estamos acostumados com esse modelo. Queremos seguir o exemplo de artistas como o Slayer, que convidou outras bandas para participar de sua turnê de despedida. É uma tentativa de mudar esse costume a partir dessa turnê comemorativa, pensando em trazer o melhor para o público, que ao invés de pagar para assistir a apenas um artista tem a possibilidade de conhecer outros nomes”, explica Rodrigo, citando como exemplo bem-sucedido o primeiro Monsters of Rock realizado no Brasil, que trouxe nomes internacionais como Slayer, Black Sabbath, Suicidal Tendencies e Kiss.
Novo álbum em 2019
O Korzus já tem outros planos para depois da turnê comemorativa. Um deles é voltar com o giro por Europa e Estados Unidos, que não acontece desde 2011 devido a problemas de saúde que fizeram a banda parar por um ano e também pela preocupação em demarcar território no Brasil. Ainda este ano, o grupo começa a compor as primeiras músicas do próximo álbum, que devem ser gravadas no primeiro semestre de 2019 para lançamento na segunda metade do ano.
Para isso, a banda já se prepara para mais trabalho em colocar o nome na praça, num esquema muito diferente de décadas passadas, em que algumas coisas eram mais fáceis e outras nem tanto e hoje muitas vezes estão em situações invertidas. “Hoje, a parte de divulgação é muito mais fácil com a internet, o acesso a outros mercados é imediato e muito mais simples. O retorno em termos financeiros, porém, é insignificante em termos financeiros. Antigamente você vendia vinil, CD, com o streaming recebemos muito pouco, às vezes dois shows rendem o mesmo que ganhamos com um álbum”, analisa.
“A questão do streaming foi legalizada há pouco, e isso ajudou a diminuir pelo menos a pirataria”, continua. “Mas o heavy metal nunca foi um segmento de vender milhões de cópias, com a exceção de um Metallica que vendia 20 milhões. Então acho que a internet tem sido muito boa para as bandas, inclusive as undergrounds, que podem chegar de forma mais fácil a públicos como o europeu e asiático. Mas com trabalho redobrado por parte dos artistas, é preciso divulgar, ir até os lugares.
E como Rodrigo explica a longevidade do Korzus, que conseguiu ocupar o seu espaço no universo do metal apesar de todas as dificuldades? “Sendo verdadeiro, respeitando o público e trabalhando bastante, sempre. E nunca pensamos em mudar o estilo de nenhum álbum nosso por conta de alguma moda, sempre fizemos o que acreditamos, procurando evoluir, mas nos mantendo fiéis à nossa sonoridade.
WARRIORS TOUR
Com Korzus, Noturnall, Armored Dawn, Rygel, Tuka’s Band, Mike Orlando e Behold The Abyss
Domingo, às 16h (abertura da casa), no Cultural (Avenida Deusdedit Salgado 3.955)