Vender o peixe musical é a ordem do dia, e a internet e as novas ferramentas tecnológicas estão aí para dar aquela mão esperta. Cientes de que as pedras que rolam não criam limo, as bandas Visco e Martiataka tratam de utilizar as novas possibilidades para entregar uma prévia de seus futuros projetos, lançando na internet dois videoclipes: “Descaso (partes I e II)” é a novidade da Visco, que tem single programado para o próximo mês, e “Não me importa” é o cartão de visitas do DVD ao vivo do Martiataka, que deve estar no mercado até o fim do ano.
O primeiro lançamento foi “Descaso (partes I e II)”, da Banda Visco, que caiu na rede no último dia 13 e pode ser conferido tanto no site (www.bandavisco.com) quanto no canal do grupo no YouTube. A produção, quase toda feita por meio da técnica de stop-motion, é o segundo single do compacto “Superficial”, que deve chegar em outubro. Segundo o guitarrista Jean Rocha, o processo de produção rolou de maio a setembro, com direção de Bernardo Traad. Ainda de acordo com Jean, foram quase três mil fotos (entre testes e o “pra valer”) para se chegar até o produto final.
“O ‘start’ veio do Bernardo Traad, fotógrafo que é nosso amigo e que já tinha feito trabalhos semelhantes, porém com fotos de comida. Ele deu a ideia de passarmos esse conceito aplicando em um lyric video (quando o videoclipe reproduz a letra da canção). Foi um experimento total para todo mundo, pois tínhamos apenas a parte técnica dele”, explica. A partir daí, foram realizadas reuniões para definir o que – e como – seria feito e o desenvolvimento do roteiro para que as duas partes da música dialogassem entre si.
A técnica de stop-motion, porém, não é nem um pouco fácil, ainda mais quando se tem pouco tempo para a tarefa e se é neófito – caso dos músicos – na técnica. “Como nossa agenda é muito diferente, nos esforçamos para fazer encontros semanais, de três a quatro horas cada uma. Quando estávamos mais folgados, conseguíamos nos encontrar duas vezes na semana”, relembra. Se o trabalho foi longo, o custo, pelo menos, foi baixo: o guitarrista diz que foram gastos apenas cerca de R$ 200 com os materiais utilizados. Todo o equipamento (câmera, luz, tripé, computador) era de Bernardo, que cedeu sua casa como locação.
“Embora a produção fosse trabalhosa e minuciosa, nunca ficamos cansados ou de saco cheio, pelo contrário: cada vez mais a gente ficava curioso em saber como ficaria o resultado final, se estaria próximo de como idealizamos no início… Isso acabava sendo um combustível para tentar fazer rápido.”
Jean conta que pouca coisa precisou ser refeita após concluída toda a captação – no caso, uma sessão da parte das letras, que foi a primeira a ser fotografada. “Algumas coisas até surpreenderam, como a parte do solo, que tem as fumaças coloridas e as tintas na água – e que é um dos poucos trechos que não foram feitos em stop-motion. Gravamos essa parte sem saber muito como editaríamos depois, e acabou ficando bem interessante.”
Tocando alto e com energia
O Martiataka comemora seus 15 anos de existência com o lançamento do seu primeiro DVD, “Tá alto pra c@#$%&*!!! – Martiataka ao vivo”, que deve estar na praça até o final do ano por meio da Lei Murilo Mendes. Como aperitivo, o grupo lançou na última segunda-feira o videoclipe de “Não me importa”, um dos registros sonoros do show que a banda fez para o DVD em 29 de maio no deck do Cultural Bar. Com a energia roqueira característica dos rapazes, a canção é uma prévia do que vem por aí. “Serão de 20 a 25 músicas, ainda não cravamos. Já assistimos ao primeiro corte, e agora estamos resolvendo se usamos tudo ou não”, adianta o frontman do Martiataka, W. Del Guiducci.
Dirigido por Bruno Santim, este é o primeiro videoclipe oficial ao vivo da banda, que costuma disponibilizar muita coisa que rolou nos palcos pela internet – mas sem a produção que pode ser conferida agora pela Web. Com tanta música gravada, Guiducci acrescenta que não foi fácil escolher a prévia do DVD. “Não foi fácil, mas, no fim, concordamos que era uma boa música. Todos na banda gostam demais de ‘Não me importa’. E a hora que ela foi gravada, quando o sol começa a se por, não entrega tudo do DVD também. Não mostra as cenas noturnas, nem as diurnas, fica ali no meio termo.” Quanto à dificuldade em passar para a telinha o que o Martiataka faz no palco, o vocalista diz que a receita era simples: plugar os instrumentos e tocar o mais alto que podiam. “Complicação foi para o Nando Costa (produtor, que gravou o áudio) e o Santinho (risos).”
A confiança na qualidade do trabalho do diretor é tamanha que eles deixaram todo o trabalho por conta de Santim. “Confiamos muito no trabalho dele, e foi por isso que o chamamos. Assistimos ao primeiro corte do DVD há alguns dias, e confirmou nossa confiança. Na verdade o Santinho é ‘meio doido’, quis fazer a edição básica do DVD inteiro para extrair o ‘Não me importa’. Daí, quando escolhemos a música, ele deu uma caprichada. Foram várias semanas de trabalho, ele reclamando o tempo todo que o computador iria explodir… mas, no fim das contas, dá tudo certo.”