A música, a poesia, as palavras e como elas surgiram estão reunidas em apenas um espetáculo do cantor e compositor Luizinho Lopes. Depois de sua estreia, em 5 de novembro, “Mote” volta a ser apresentado neste sábado e domingo, às 19h30, na Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora. Além dos parceiros da primeira apresentação (as cantoras Andréa Monfardini e Elisa Bara Zaghetto, o músico Gustavo Duarte e a contadora de histórias Alessandra Visentin), os shows deste final de semana terão a participação especial do percussionista Bré Rosário, cenário de Fernanda Cruzick e iluminação de Marcos Marinho. A gravação de sábado, inclusive, será para um futuro projeto audiovisual.
Luizinho conta que o espetáculo lítero-musical era um projeto que tinha na cabeça há algum tempo. “Sempre tive vontade de colocar alguns temas poéticos como se fossem os motes das músicas, uma anteposição a essas canções.” Ele explica que, em seu processo de criação, é normal deixar de fora da composição final algumas ideias e rascunhos, entre outros motivos, por questões de métrica, mas que sempre monta pequenos textos a partir dessas sobras. “Deixo a letra da música com a ideia que escrevi, e de vez em quando ‘visito’ essas palavras, frases, vou dando uma burilada e pensando que lá na frente pode ser aproveitada, e agora chegou a oportunidade”, diz.
A oportunidade surgiu em setembro durante a Fliminas, em Rio Novo, quando se apresentou com o parceiro Gustavo Duarte no projeto “Quixotes”. “A Alessandra Visentin viu o nosso show e nos procurou, achou as músicas muito poéticas e disse que era contadora de histórias. Comentei então que ela encaixaria com algo que queria fazer e que trabalharíamos juntos”, relembra. “Eu vi, dias depois, uma apresentação dela para crianças e fiquei deslumbrado. Ela tem um talento e carisma muito fortes, já trabalhou em teatro, fez cursos de contação de histórias; ela se agiganta no palco.”
Com a parceria acertada, os dois começaram no espetáculo, com Luizinho trabalhando ao lado de Alessandra nos textos que ela iria apresentar entre as canções, antecipando a música seguinte. “Fui mostrando os textos, e ela foi encaixando no seu ritmo; às vezes pedia para mudar uma palavra, e acho que concordei com todas as sugestões. A Alessandra tem uma experiência danada com isso, e realmente há uma diferença entre o texto oral e o escrito.”
Inspirado em Ruffato
Um dos destaques de “Mote” é uma canção inédita, “Estampido”, uma parceria definitivamente sui generis entre Luizinho e o escritor Luiz Ruffato. “Ela teve um processo de criação que foi inédito para mim. O Luiz lançou seu mais recente livro, ‘Verão tardio’, em maio, e já na primeira leitura fiz anotações de palavras e frases que gostei. Resolvi fazer uma surpresa para ele, que foi essa música em cima de algumas frases do livro. Li pela segunda vez, ressaltei e anotei outras frases que tinham a ver com a música; depois criei uma sequência lógica a partir dessas frases, e comecei a colocar ingredientes da minha poesia.”
“No dia que terminei, corri para o estúdio, gravei o violão, a voz, fiz a mixagem e mandei para o Ruffato. O que ele me respondeu foi maravilhoso: ‘Cara, tá maravilhoso, como que você conseguiu sacar a ideia do livro?’ Ele achou que fiz quase uma síntese. Fiquei muito feliz, pois estava sentindo que a coisa tinha ficado legal. É uma música densa, de um livro com tema pesado.”
Luizinho Lopes
21 e 22 de dezembro, às 19h30, na Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora (Rua Oscar Vidal 134)