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Pedro Carcereri lança documentário sobre meio ambiente e espiritualidade

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De Porto Velho, capital de Rondônia, Txai Suruí está entre os 13 jovens entrevistados para o documentário (Foto: Pedro Carcereri/Divulgação)

O diretor Pedro Carcerei lança nesta quarta-feira (21), em Recife, o documentário em longa-metragem “Fé pelo clima – Juventudes e ação ambiental”, em que 13 jovens de diversas partes do Brasil discutem a crise climática sob a perspectiva de suas espiritualidades e vivências, com o objetivo de mostrar que é possível incluir nesse debate a fé na luta pela ação climática. A primeira exibição será na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), durante a Semana Socioambiental da instituição de ensino. Dentro da proposta de conscientização sobre a relação entre clima e espiritualidade, serão realizadas ainda atividades em escolas católicas, terreiros de umbanda e em uma igreja evangélica.

O novo filme do cineasta tem ligação com os rumos que tomou a partir de 2019, quando começou a trabalhar com questões ligadas à memória e criou o site memoriaambiental.org, e se conecta com as ações da iniciativa Fé no Clima, fundada em 2015 pelo Instituto de Estudos da Religião (Iser) para buscar entender e promover essa sinergia entre espiritualidade e ação climática. Foi o Instituto que apresentou ao cineasta a proposta de realizar o documentário.

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“Essa iniciativa faz um trabalho de conscientização da juventude e de encontrar esses jovens que trabalham com questões climáticas. Passamos a desenvolver esse projeto de mapear e ouvir esses jovens, e para isso rodamos oito cidades de seis estados entrevistando 13 jovens, e só um deles tem mais de 25 anos”, destaca. “Encontramos uma gama muito diversa de religiões, crenças e espiritualidades, incluindo dois jovens indígenas.”

Pedro Carceri acrescenta, ainda, que seu desejo com “Fé pelo clima…” era ouvir e registrar falas “que são muito políticas, potentes, sociais e humanas. São o registro dos pensamentos de um grupo de jovens que trabalham a conscientização em relação à crise climática”.

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O diretor já começou a inscrever o documentário em festivais – em especial os de temática ambiental – e foi feita a legendagem em inglês com o objetivo de internacionalizá-lo. Ele pretende, ainda, fazer o lançamento do filme no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de pelo menos uma exibição em Juiz de Fora ainda este ano.

Para o documentário, Pedro Carcereri conversou com jovens de seis estados diferentes, incluindo Ayko Ayobinan, de Duque de Caxias (Foto: Pedro Carcereri/Divulgação)

Vozes plurais

As filmagens foram realizadas entre novembro de 2021 e janeiro deste ano, quando o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a melhora nos números epidemiológicos permitiram que a equipe de filmagem pudesse viajar pelo país. Pedro ressalta, entretanto, que as falas dos personagens do longa refletem o período que todos nós passamos.

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“A pandemia mudou muitos paradigmas de nossas vidas. A gente dá muito valor à figura do ancião, da anciã, e ouvir os jovens no momento que vivemos é muito importante. A busca por esse conhecimento se dá de forma muito constante por esses jovens num momento muito relevante, pois são pessoas que viveram o impacto da pandemia e de uma geração muito preocupada com o presente; e o presente está nesse caos da crise climática, pandemia, crise econômica. São perspectivas que moldam o pensamento deles.”

Alguns dos entrevistados para o documentário já tinham alguma ligação com o Iser, mas, para a produção, Pedro Carcereri queria ouvir o máximo de falas de religiões diferentes. “Fomos atrás de muçulmanos, judeus, que trabalham com ativismo. Apesar de serem jovens, eles lidam com questões socioambientais que são parecidas e diferentes ao mesmo tempo, com desafios e trabalhos diversos.”

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Carcereri diz possuir um histórico de ceticismo em sua vida, mas que ouvir os testemunhos reunidos no projeto mudaram de forma que acredita ser “irreversível” sua visão sobre espiritualidade. “Entendo que – dentro de diversas religiões e manifestações de espiritualidade – o que une esses jovens é como você observa e recebe o mundo; e eles recebem através da fé, da espiritualidade, que acredito que seja o que os une. E em todos eles existe essa crença de poder se unir, apesar de suas diferenças, em uma causa como a crise climática”, analisa, e aproveita para falar da importância da pauta ambiental começar a entrar na pauta das mais diversas religiões.

“Acho que não tem como não se falar sobre isso. Os tempos já mudaram, hoje vivemos uma crise climática que não significa apenas o aumento da temporada de estiagem, mas que cria crises econômicas, geopolíticas e de imigração. Acredito muito na disseminação da informação, é preciso haver um ativismo no sentido de divulgar, fazer filmes, escrever e falar sobre isso.”

Uma causa comum

Em tempos em que ainda existe preconceito e perseguição entre algumas religiões, o diretor acredita que a causa do meio ambiente pode ajudar a construir pontes entre essas denominações. “Quando estamos em uma situação muito ruim, precisamos nos unir. É da destruição que surge a união, e a questão da crise ambiental e crise climática vai atingir tanto o pobre quanto o rico, tanto o judeu quanto o católico, o evangélico que tem um vizinho da umbanda”, pondera. “O diálogo sobre um problema comum tende a unir pessoas como num momento como este, em que estamos vendo a aceleração de problemas ambientais, que tendem a atingir grande parte da população mundial.”

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