Estrella, a menina Gaby carrega já no sobrenome o desafio imposto à Maitê Padilha aos 12 anos. Personagem de uma das primeiras produções próprias do canal pago Gloob, pertencente ao grupo Globosat, a jovem impunha à estreante atriz o desafio de também cantar. Nascida em Juiz de Fora e criada em Petrópolis, Maitê mudou-se com a mãe para a capital fluminense e viveu, rapidamente, o sucesso que a ficção lhe ofereceu. Na pele de uma garota urbana que se muda para o interior e encontra, com a avó e os novos amigos, a potência de suas raízes, Maitê conheceu a fama, contabilizou admiradores e viu passar a adolescência. Aos 17, leva a história, cujo último episódio televisivo foi ao ar em 2015, para a telona.
O filme, que teve estreia nacional na quinta (18) e ainda sem data para ser exibido em Juiz de Fora, mostra a jovem cantora diante de uma disputa com Natasha, uma intérprete bastante popular na internet. De volta à rural Vale Mirim, Gaby busca forças para driblar a concorrente e manter seu espaço. Questionada se retorna às próprias raízes, Maitê diz da falta de Juiz de Fora, onde ainda mora o avô paterno. “Mudei para Petrópolis muito nova, com 1 ano só. Meus amigos de escola estão lá. Meus avós maternos moram em Leopoldina, então, tenho mais costume de ir para lá. Sinto muitas saudades daí, acho uma cidade muito bonita, mas tem muito tempo que não vou.”
Contratada da Record, a atriz que interpretou Joana na primeira fase de “O rico e Lázaro”, agudara para retornar à TV. “Estou escalada para a nova novela, ‘Topíssima’, mas ela foi adiada. Disseram que, provavelmente, seremos alocados em séries, mas não há nada confirmado”, comenta Maitê, em entrevista por telefone à Tribuna, na expectativa de que o sucesso de Gaby Estrella se repita na telona e na certeza de que o vale mais na vida, como ensina a personagem, são as raízes. “Sou apaixonada pela Gaby. Ela é muito forte e muito bonita por dentro”, derrete-se.
Tribuna – Como foi passar sua adolescência na frente das câmeras?
Maitê Padilha – Foi muito importante para mim, porque amadureci muito, tanto como pessoa, quanto profissionalmente. Foi muito divertido. É o que gosto de fazer e me divirto fazendo. Muitas pessoas me perguntam se não acho que perdi uma parte da minha adolescência. Acho que não. Aquilo foi legal para mim, convivi com pessoas da minha idade e crescemos juntos. Aprendemos juntos. E também tinha os amigos da escola, que sempre me deram apoio. Foi um período muito rico.
– Nesses quase cinco anos desde que se envolveu com a arte da interpretação, trabalhou na TV fechada e também em canal aberto. O que aprendeu nesse período?
– É impressionante como a gente aprende, sempre. Assisti a primeira temporada do seriado e a novela que fiz, “O rico e Lázaro”, meu último trabalho, e percebi como mudei e amadureci. Fui ganhando confiança no trabalho e entendendo melhor o que faço, quais são as dificuldades e o que preciso melhorar. Também fui aprendendo sobre posicionamento de câmera, até onde vale improvisar, se vale mudar o texto.
– A trama e os atores são muito semelhantes na telona e na telinha. Fazer cinema foi diferente?
– Adorei fazer cinema. Na tela gigante, tudo o que vamos fazer tem que ser mais sutil, porque qualquer gesto fica enorme. Tivemos muita preparação de elenco para se habituar às expressões menores. E como para todo mundo era a primeira experiência de cinema, vivemos uma novidade. Além disso, nossos personagens viviam situações próprias de pessoas mais novas do que já somos, então, precisamos trabalhar muito para fazer tudo ficar de verdade.
– “Gaby Estrella” também lhe deu a oportunidade de gravar um disco. Entre atuar e cantar, o que prefere?
– Gosto muito de cantar. Fazer musical foi muito bom, mas acho que atuar, em qualquer espaço – TV, teatro e cinema – é o meu negócio. Fui fazendo vários trabalhos e descobrindo várias vertentes. Quero experimentar de tudo um pouco.
– Quando projeta seu futuro espera o quê dele?
– Sou uma pessoa que sonha e fantasia muito, mas também sei deixar as coisas acontecerem. Estou dando o meu melhor, trabalhando e estudando bastante. Estou num musical, “Extravasa”, e aprendendo muito com o teatro. Não havia tido muitas oportunidades no teatro e é muito gostoso, e trabalhoso também, porque se dá errado, tem que se virar. Espero crescer e, acima de tudo, que esteja sempre orgulhosa do que faço.
– O que a Gaby representa na sua vida?
– Sou apaixonada pela Gaby. Ela é muito forte e muito bonita por dentro. Sempre luta pelo que acredita e defende os amigos, as pessoas que ama. É um personagem que me inspira. Busco muita coisa que ela tem para a minha vida.
– Sua geração cresceu com a internet e você, principalmente, viveu tempos de muita exposição. Como lida com isso?
– Acho que a nossa profissão é complicada por envolver muito ego, fama e interesses. A fama é traiçoeira, porque uma hora o artista está fazendo sucesso, todos o conhecem e falam seu nome. Numa outra hora ninguém mais lembra quem é. Durante o sucesso é mais fácil se desviar dos princípios e se enganar sobre quem realmente é. Acima de tudo a presença da família é muito importante. Minha mãe está sempre me acompanhando e todos torcem por mim. Isso é importante para colocar meus pés no chão. Tomo muito cuidado com a internet, porque quanto mais exposta, mais espaço as pessoas têm para comentar. Divido (nas redes sociais) algumas brincadeiras que faço em casa, onde estou, mas separo a vida pessoal do trabalho. Prefiro mostrar só o que acho relevante, deixando o que é mais íntimo, só para mim.
– Como a Gaby, você acredita na importância de voltar para as próprias raízes?
– Quando vamos para um lugar onde só está a família e as pessoas que gostamos, sentimos o que é mais real. Tudo o que temos na internet é algo superficial. Por mais que as pessoas se mostrem muito, só mostram o que querem. Na vida real, as pessoas falam o que é verdade. A Gaby tem a Suellen, que é a melhor amiga e coloca ela na realidade. A avó também faz isso. É importante ter base para aguentar a pressão que existe no meio artístico. É importante ter os pés no chão para ver o mundo como ele é.