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Sãozinha Fernandes lança segundo livro, ‘Sonhei com girassóis’

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Sãozinha Fernandes orgulha-se de sua descendência cigana (Foto: Divulgação)

A escritora e pesquisadora Sãozinha Fernandes lança neste sábado, às 15h, no CNA Curso de Idiomas (Rua Santo Antônio 718 – Centro), seu segundo livro, “Sonhei com girassóis”, inspirado em suas memórias afetivas – mas sem ser um romance autobiográfico – do comércio de rua de Juiz de Fora a partir dos anos 70, além da inserção do universo cigano nesse cenário. O evento terá, ainda, exibição de roupas ciganas e objetos ligados a essa comunidade, além de exibição de dança cigana com a professora Dy Eiterer e o grupo Nabak.
“Sonhei com girassóis” é definido pela escritora como um “romance cigano” – assim como sua primeira publicação, “Sobre rosas e chumbo”. A protagonista é Jordânia, jovem nascida em Barbacena e apaixonada por moda. Aos 15 anos, ela perde os pais em um acidente automobilístico e vai viver com parentes em Juiz de Fora, onde encontra forças para seguir em frente e não abandonar seus sonhos. Toda a trajetória da personagem é marcada por sonhos constantes com girassóis, que deixam o campo onírico para o real quando ela conhece um grupo de ciganos e, também, ao fazer uma viagem até a Espanha.
A partir desse contexto, Sãozinha Fernandes relembra o comércio juiz-forano que conheceu a partir dos anos 70, recordando lojas como a Casa Chic, Casa Combate, Loja Cinderela, Wilson Calçados. A gastronomia também faz parte das lembranças, com citações ao Café Apolo, Bar do Futrica, Casa de Doces Brasil, o restaurante Faisão Dourado e a lanchonete que havia no segundo piso das Lojas Americanas.
“Eu trouxe um pouco das minhas memórias para o plano de fundo e inseri o universo cigano para trazer essa personagem, uma mulher forte fazendo suas escolhas difíceis em uma época que a mulher tinha menos espaço”, contextualiza. “Ela chega com a sua força para mudar seu caminho. Fez das dores degraus para o sucesso e descobriu o encantamento do povo cigano, além do flamenco com toda sua vibração e beleza.”
A escritora também explica o motivo de os girassóis estarem tão presentes na história, inclusive no título do livro. “O girassol é uma flor linda e cheia de significados, e para mim seria escolha pessoal de afinidade com a beleza desta flor e a simbologia. E eles são muito importantes para o povo cigano; é uma flor que representa energia, perseverança, muito usada em altares ciganos com algumas de suas representações para a prosperidade e a saúde. A protagonista é filha de uma florista de Barbacena, e a flor chega como sinais de mudanças.”

Resgate do passado

Quanto às lembranças do comércio juiz-forano, ela conta que ele tem presença importante na trama por ser um universo que fazia parte de sua vida, fossem as lojas, pessoas e gostos. “Tenho saudades dessas casas, que não fazem mais parte desse universo. Até hoje as pessoas se recordam destas lojas e restaurantes que mencionei. O Zé Kodak, por exemplo, estaria lá comigo se não tivesse partido tão cedo. A lista é grande, na verdade, faltaram muitas coisas e pessoas. Não foi difícil resgatar as minhas lembranças para falar de locais que marcaram a memória e deixaram um legado para a cidade.”
Sãozinha Fernandes falou, ainda, sobre a inserção da cultura cigana em “Sonhei com girassóis”. “Sou descendente do povo cigano, com muito orgulho. O objetivo dos meus livros é quebrar tabus e mostrar o lado mais bonito e encantador de uma família cigana, que faz as suas escolhas de trabalho, religião, viver acampada ou sedentária. Mostrar um universo palpável de pessoas que têm uma visão do mundo de forma encantada, e trazer a alegria festeira que alimenta a alma de vida.”

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