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Creo Kellab: ator juiz-forano conquista papéis internacionais sem perder raízes

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De acordo com Creo, seu personagem Choque é um questionador e tem muito bem definida a noção de certo e errado (Foto: Divulgação)

Um garoto de Juiz de Fora, aos 16 anos, foi chamado por um amigo com quem fazia aulas de teatro no Colégio Academia para o acompanhar e fazer um teste para uma novela no Rio de Janeiro. Passou no teste e estreou na novela “Felicidade”. Depois, ficou por lá – fez mais novelas, trabalhou como modelo, fez publicidade. Estudou bastante. Os trabalhos foram aumentando e a vontade de chegar mais longe, também. Por esses caminhos, se envolveu também em projetos de ajuda humanitária, e ainda hoje leva o teatro para crianças carentes ao redor do mundo. E foi ficando onde as oportunidades apareciam e o faziam crescer. Creo Kellab retornou para o Brasil para gravar a quinta temporada de “Impuros”, do canal por assinatura da Disney, o Star Plus. Depois, só ele sabe, mas já garante que quer permanecer autêntico seja no que for.

Creo diz estar fazendo novos planos e colocando suas paixões em ação. Atualmente, mora em São Francisco, na Califórnia, onde se dedica a aprender bem o inglês, mas é nascido mesmo em Juiz de Fora, e vem frequentemente visitar os pais aqui. Por conta do trabalho como ator, voltou para o Brasil no começo de 2022 justamente para fazer a quarta temporada de “Impuros”. A equipe ficou satisfeita com o desenvolvimento do personagem Choque, que ele interpreta, e por isso ele voltou mais uma vez para gravar as cenas da próxima temporada. “O que eu mais gosto na série é que ela aborda, de uma forma contundente, esse dia a dia que o Rio tem. Por trás de tanta violência, existe vida”, diz. Para ele, é notável que mesmo em estruturas perigosas e arriscadas, as pessoas têm características individuais e nem sempre escolheram aquela vida. “Na série, isso fica evidente”, diz.

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O que ele mais gosta no personagem que está interpretando agora é que, mesmo dentro da organização da qual participa, ele tem princípios bem claros e há limites que ele não aceita que ultrapassem. “Sempre brinco falando que o Choque deve ler muito Nietzche”, diz. Nota, por exemplo, que o personagem, por mais que viva em contextos nos quais existe crueldade, não gosta disso. “Ele é um questionador. Tem muito bem definida essa noção do certo e do errado”, conta. É por isso que o papel fascinou o ator e fez com que ele ficasse tão envolvido. A série também tem prestígio internacional, tendo sido Indicada a dois Emmys e sendo a série mais longeva do grupo Disney no Brasil.

Para ele, ser um bom ator não depende só do trabalho em cena. É por isso que aproveita cada oportunidade que a vida traz para inspirações, para se aprofundar nos personagens e para conhecer mais sobre o ser humano. É assim que consegue os resultados que mais o satisfazem, e que o fizeram chegar longe – ele participa, por exemplo, de um curta filmado dentro de Auschwitz, “Minha vida pelos seus olhos”. Sua experiência o mostra que, mais que dinheiro ou status, o que essas oportunidades trazem é muito mais profundo. “É uma questão de ajudar a abrir portas”, explica.

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Trabalhos socioculturais

O ator tem uma frase tatuada na pele de sua própria autoria: “não tenho muito, mas tenho tudo que veio de um nada”. Para ele, isso significa que tornou grandes as poucas oportunidades que encontrou no caminho, e que o crescimento que elas tiveram também passou muito pelo seu esforço e dedicação. Mesmo em situações nas quais não parecia haver grandes chances de algo acontecer, ele percebeu que suas energias estavam voltadas para o lugar certo. Em sua vida, isso está muito relacionado com os trabalhos socioculturais que realiza.

Ele sempre teve vontade de realizar projetos voluntários, mas foi por acaso que conheceu o Brave Kids, um grupo que faz um projeto sociocultural com crianças refugiadas no leste europeu. “Conheci esse grupo achando que eles eram uma escola de inglês, e, de repente, me ofereceram a oportunidade de ir para Europa realizar esse trabalho. Primeiro achei que era muita responsabilidade, mas depois entendi que precisava topar. Eu e as crianças falávamos a mesma língua.”, diz. No meio desse desafio, trabalhou em campos de refugiados na Bélgica, Eslováquia e na Polônia, levando também um pouco de teatro e dança para as crianças.

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A partir disso, ofereceram para ele outra bolsa, desta vez em São Francisco, onde também poderia realizar trabalhos voluntários com moradores de rua e pessoas com dependência química. Reconhecer oportunidades e perceber a importância delas parece ser seu talento – é por isso que também tem como um dos seus grandes sonhos realizar um monólogo que fale sobre essas ações humanitárias.
Ser referência

Para ele, cada papel, assim como cada projeto ou cada ajuda, exige um preparo e uma dedicação para chegar ao melhor resultado. No caso do personagem Choque, por exemplo, foi preciso fazer uma série de aulas de pilates para que o fôlego dele estivesse em boas condições mesmo nas cenas de ação. “Trabalhamos em terrenos de comunidade, e, por mais que tenha toda a estrutura, nas cenas de ação é você, seu corpo e sua mente, sua atuação como profissional. É preciso alinhar mente, corpo e texto. Ter a respiração certa para cada cena”, explica.

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Quando Creo saiu de Juiz de Fora, ainda novo, tinha poucas referências a respeito de onde um menino como ele poderia chegar – mas se agarrou aos exemplos que teve. É por isso que gosta de voltar à cidade, encontrar conhecidos, e se orgulha de ser daqui. “Saber que agora posso ser uma referência no meu país é muito importante”, diz.

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