Uma das grandes bandas do rock nacional, a Scalene, surpreendeu muita gente em julho, quando lançou seu quarto álbum, “Respiro”. Conhecido pelo vigor e peso de suas guitarras, o quarteto brasileiro chegou com um trabalho mais contemplativo, com forte inspiração da música brasileira, deixando o rock em segundo plano – e que segundo plano. O disco chega, entretanto, num momento em que a banda comemora dez anos; daí que a solução encontrada foi montar duas turnês, uma para promover com mais ênfase “Respiro” e outra para celebrar essa década de atividades. E é esta segunda que chega a Juiz de Fora neste sábado (19), às 23h, no Cultural, numa noite que também terá a apresentação dos capixabas do Supercombo.
Baixista da Scalene, Lucas Furtado adianta que o show terá de tudo um pouco da carreira da banda. “Teremos músicas do ‘Respiro’, apesar de ser um pouco diferente do restante do material conseguimos incluir algumas no setlist. Basicamente, as preferidas do público – adaptadas para o clima do novo álbum – e algumas novidades.” Como o novo trabalho é mais contemplativo, menos rápido e pesado em comparação aos três álbuns anteriores, o grupo preferiu fazer duas turnês diferentes, e Lucas já torce para voltar a Juiz de Fora com o outro show.
“A gente ainda está no processo de teste, ver o que vai funcionar bem ao vivo, o feedback do público nos primeiros shows. O ‘Respiro’ mesmo sendo mais tranquilo, tem algumas canções que se encaixam no show tradicional (da turnê de dez anos), e encaixamos algumas. Mas nada impede que mais para frente entre outras mais intimistas antes de voltar pra doideira. Ter um repertório que vai do pesado ao mais tranquilo permite momentos diferentes, e estamos empolgados para fazer isso.”
No pique
A apresentação em Juiz de Fora será a segunda da turnê comemorativa. O primeiro show estava marcado para sexta-feira (18), no Rio de Janeiro, e no domingo o quarteto já estará em Belo Horizonte. O primeiro show da turnê Respiro será em 2 de novembro, em Sorocaba, e até o final do ano já são 14 datas agendadas em 13 cidades. Mas ainda deve ter novidade por aí. “Estávamos com saudade de ter tantos shows assim. Ano passado fizemos muitas apresentações nessa pegada de sexta a domingo, e neste ano fizemos menos shows no primeiro semestre porque quisemos preparar tudo perfeitinho para essas turnês. Agora voltamos para a estrada com tudo, pois é o que gostamos de fazer”, diz Lucas.
Resposta do público
Voltando a conversar sobre o novo álbum, que a princípio surpreendeu boa parte de crítica e público, o baixista do Scalene argumenta que, desde o primeiro disco, o grupo sempre dava um passo em direção à música brasileira. Muito disso, acrescenta, se deve ao fato da descoberta de clássicos da música nacional. “Aos poucos fomos redescobrindo coisas muito interessantes. Tem sido, por isso mesmo, uma mudança gradual, e agora demos um passo total. Além de sair da zona de conforto, não repetir material, nosso momento pessoal pedia isso, um som mais tranquilo, contemplativo, falar de outras coisas. Dar não um passo para trás, mas dar uma desligada nesse som e explorar coisas que ouvimos em casa, o que tem sido muito legal.”
“Para o público e crítica pode ter sido inesperado, mas para nós foi uma evolução natural”, continua. “Mas é legal ver essa reação, lançamos esperando o melhor, sem saber o que viria, e a resposta foi melhor do que esperávamos, tem uma galera que não gostou no início e que agora tem entendido o que propusemos, disposta a ir ao show. Há uma galera mais conservadora que não embarcou, mas tudo bem, sabemos que nunca será pra todo mundo, e tem os outros álbuns para ouvir, depois os próximos, e pode ser que voltemos para essa linguagem, ou que seja outra coisa ainda mais diferente. Temos essa mentalidade evoluir, buscar uma coisa nova que gostamos de fazer.”
Sobre a década de carreira, Lucas Furtado lembra que tudo começou de forma despretensiosa, no esquema de fazer música por amizade, e que acabou se tornando algo sério, profissional, ao perceberem que as coisas tomaram um bom caminho. “Tocamos no Lollapalooza, Rock in Rio, fizemos shows no exterior, no Brasil inteiro. Tivemos uma mentalidade muito séria em relação ao que faríamos depois de ver que seria nosso ganha-pão, procuramos fazer tudo bem planejado. E com esse álbum vimos que abrimos uma porta, temos a liberdade de fazer o que quisermos, explorar a sonoridade que quisermos. No futuro devemos mergulhar em águas desconhecidas, com coisa brasileiras, estrangeiras, meio que virou nossa marca registrada.”