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Argentino Alejandro Yaques fará show ao lado de instrumentistas de JF

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Alejandro Yaques se apresenta em Juiz de Fora no dia 24 (foto: Victoria Ocampo)

Alejandro Yaques, hermano argentino, conhecido em festivais mundiais, como o World Harmonica Festival, por ter “zerado” a gaita, veio pela primeira vez ao Brasil, mais precisamente a Belo Horizonte, em 2013, quando ficaria por duas semanas participando de uma residência artística da Casa Fora do Eixo, através de um programa junto ao Ibermusicas. Sua ponte para chegar ao Brasil foi com o baixista e produtor cultural Gabriel Murilo (ex-Macacobong), que integrava o coletivo na época. Lá mesmo, na capital mineira, Alejandro começou suas parcerias musicais brasileiras e acabou alongando sua estadia por três meses. Marcelo Castro, baixista, DJ e produtor de Juiz de Fora encontrou com o gaitista durante seu trabalho na pré-produção do Festival Goma, em Uberlândia. Começaram a tocar juntos, ao lado do guitarrista Leo Machaka, quando Marcelo acabou produzindo uma turnê do músico pelo Brasil naquele mesmo ano, após Yaques ser aprovado em um festival na Paraíba. Hoje são amigos, e um dos motivos de sua vinda ao Brasil certamente também foi para conhecer Miguel, filho do contrabaixista.

“Pelo perfil de músico que Alejandro é, solista e também cantor, torna-se fácil de ele ser convidado para participar de projetos. Em BH ele recebeu convite do Túlio Araújo, integrou o Savassi Jazz Festival BH e tocou com os músicos de blues da cidade”, conta Marcelo, que neste mês está produzindo uma turnê de Alejandro Yaques no Sudeste. O próximo show em Juiz de Fora acontece neste sábado, 24, às 19h, no Experimental Container Bar.

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De dois em dois anos vindo ao Brasil, o músico já conversa em português perfeitamente. Aproveito sua hospedagem na casa de Marcelo para uma conversa, no mesmo dia em que aqui se apresentaram no Brasador Sessions, no início deste mês, dia 6. Para os shows, foi formada uma banda de músicos brasileiros, todos de Juiz de Fora, com o baterista Thales Scotton, o guitarrista/vocalista Pedro Brum e o baixista Marcelo Castro.

Chego à apresentação do dia 6, uma segunda-feira à noite, quando o set já tinha sido feito até quase a metade. O que se percebe de mais interessante é a pesquisa de repertório de Alejandro Yaques, um caminho de volta ao blues de origem. Também passando por bandas de rock com viés mais alternativo, como a estadunidense “Cat Power”. “Faz tempo que faço um repertório típico do blues, e a gente sacou o beat. Eu gosto muito da época dos anos 1950, principalmente do Chess Records, um selo com muitos artistas como Howlin’ Wolf e Muddy Waters. Gosto muito do blues de Chicago e de fazer west coast blues”, conta Alejandro, que acaba adaptando o repertório de acordo com a formação e a proposta dos shows. Dessa vez, ele incluiu rocks britânicos, aproveitando a presença do Pedro Brum, que além da guitarra, também canta em algumas das músicas.

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“Toda música que eu aprendo, eu aplico para a gaita”

Embora sua carreira solo seja como gaitista, a bateria foi seu primeiro instrumento. Desde criança começou a aprender a linguagem musical e a experimentar um pouco de tudo. Seu último disco com composições próprias foi realizado em 2014 na sala de um amigo com um órgão Hammond dos anos 1950 em casa. Alejandro quis aproveitar essa atmosfera, levando microfones e criando um ambiente para a gravação, sempre ao vivo, por isso o nome: “Live at Nandu’s Home”. Além disso, como baterista, ele integra a Banda Del Sur, também argentina.

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Já para o próximo mês está previsto o lançamento de seu novo projeto musical, De Francisco Yaques Quinteto, em parceria com o trompetista argentino Leonel De Francisco. “Trabalhamos o ano passado inteiro para fazer um álbum novo com nossas próprias músicas, e acho que será um disco muito bom”, conta Alejandro, que pela primeira vez está gravando um disco também como vocalista. A sonoridade principal é jazz, com músicas instrumentais e canções cantadas. “Misturar o som da gaita e do trompete está muito original. No princípio foi complicado, mas depois que finalizamos os arranjos, ficou lindo”, conta ele que diz não ser muito usual misturar as duas sonoridades. Ramiro Penovi é o guitarrista, Leonel Cejas, contrabaixista, e Javier Martinez, baterista deste primeiro disco do quinteto, ainda sem nome na capa. “Quando começamos a tocar com outros artistas, a gente aprende muito, e faz muito tempo que estou fazendo isso, apesar de ainda faltar muito. Com o Leonel, eu desenvolvi muita coisa”.

A gaita, principalmente a de blues, é um instrumento bastante novo se comparado à história da música. Alejandro começou ouvindo as músicas de rádio, lembra-se das canções dos Beatles e também das mixtapes, quando descobria artistas e tentava acompanhar com o instrumento, até começar a fazer aulas de gaita com um profissional. “Toda música que eu aprendo, eu aplico para a gaita.” Já tocou como solista em orquestra, música clássica, turmas de jazz, blues e rock, e agora tem se aventurado em uma orquestra de ska, ritmo tipicamente jamaicano. A cada mergulho em um modo de fazer música, ele se constrói como gaitista.

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No Brasil, te encanta a cultura rítmica, as músicas folclóricas nordestinas, as canções mineiras e o samba, do mais antigo ao atual. Gosta de Tom Jobim, Tim Maia, anda escutando Bezerra da Silva, Adoniran Barbosa e muito Cartola. Dos mais contemporâneos, curte Maria Rita e Casuarina.

O encontro musical com Spinetta

Expoente do rock argentino, Luis Alberto Spinetta, recebeu Alejandro e sua banda, formada pela irmã e amigos, para se apresentarem juntos. Na época, entre 2007 e 2008, Yaques estava tocando gaita com sua primeira banda, quando o baterista do grupo começou a namorar a filha do compositor de Almendra e Pescado Rabioso . “O cara falava: ‘Nossa, muito engraçado ir à casa de minha namorada, abrir a porta, e encontrar com o Spinetta’. E por causa disso, o Luis conheceu a galera. Na época, tínhamos nosso primeiro álbum e ele curtiu o som. Tínhamos entre 16, 17 anos, éramos muito novos. Ele ficou alegre com isso mesmo, eu acho, com uma turma nova já fazendo um som”.

A partir desse contato, Spinetta começou a convidá-los para shows. Chegaram a tocar juntos, inclusive, em um grande festival de música no Estadio Obras Sanitarias. “Foi uma experiência muito linda, porque ele é um mestre mesmo. Ele tinha muita boa vibração e energia. A filha dele fazia um festival no Bairro Palermo, então tinha dia que ele estava livre, vinha com um violão e tocava, e se não estivesse com seu violão, ele pegava algum outro e tocava com a gente também. Fiquei alegre de ver a humildade dele”, conta Alejandro sobre suas lembranças de adolescente. “Ele gostava dos sons da gaita no rock. Porque na Argentina rola muito o som do saxofone, mas ele não curtia, tano é que não tem sax em seus álbuns solo. Eu gostava muito de tocar junto com ele toda aquela época do Pescado Rabioso, do rock anos 1970, ficava ótimo com gaita”.

Alejandro Yaques
Com convidados. Neste sábado (24), às 19h, no Experimental Container Bar (Avenida Rio Branco 3.162). 3031-6657
alejandroyaques.com.ar

 

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