Em uma visita ao cemitério Parque da Saudade, Artur Laizo teve uma inspiração sinistra. Ele começou a pensar sobre possessão demoníaca, e uma história veio em sua mente; aquela narrativa também se passaria no mesmo lugar, em Juiz de Fora. Os capítulos dessa história foram lançados aos poucos em um blog, até que a ideia foi se consolidando e resultou em “O pacto: entre o céu e o inferno”, livro que vai ser lançado para o público no dia 10 de fevereiro, e concorre ao Prêmio Ecos de Literatura.
A obra fala sobre um sujeito que está desesperado com a própria vida, lidando com um processo de endividamento grande e com a doença de um dos seus filhos. Ele se vê sem alternativas sobre o que fazer e, em um momento de grande aflição, afirma que faria qualquer coisa para resolver aquilo. Em seguida, uma pessoa elegante aparece e oferece uma ajuda, sem esclarecer bem em que termos ela se daria. Mais tarde, então, a dívida é cobrada da pior forma. “Juiz de Fora inteira corre perigo”, revela o escritor.
Laizo afirma que os seus leitores podem esperar da obra, seu décimo primeiro livro publicado, um frenesi que ele mesmo adora sentir quando lê obras desse gênero. Para o autor, obras do gênero atraem um público que gosta de fantasia e de ser completamente absorvido para dentro da história. “Gosto de escrever sobre o que mexe com a nossa adrenalina. Acho que o terror dá muita abertura para criar personagens diferentes e um clima intenso”, conta.
Não é de hoje que o autor gosta de escrever histórias de terror – pelo contrário. Artur se lembra de escrever suas próprias narrativas ainda bem criança, muito por já estar inserido no universo da literatura, mas também pelo gosto que tinha em conhecer novas histórias. “Fui alfabetizado pela minha mãe através de revistinhas de Walt Disney e nunca mais parei de ler”, diz. A escrita, que veio pouco depois, também é uma paixão ininterrupta. O lançamento de mais um livro vem para consolidar a paixão pela leitura e escrita, conta, além de unir pessoas que, assim como ele, buscam por histórias aterrorizantes e envolventes.
Escrever a cidade
A mistura entre o mais inventivo e aquilo com que as pessoas estão mais familiarizadas é algo que costuma criar um clima ainda mais real para obras de terror. É o que ele faz na obra, trazendo paisagens de Juiz de Fora para o centro da narrativa. “Agora, tem gente que me liga contando que passou pelos pontos que estão no livro, e dizem que passaram a olhar de forma diferente para esses lugares”, conta. Esse clima é criado porque, ao escrever, ele fala de pontos conhecidos da cidade e até de prédios específicos, enquanto vai contando a sua história. É uma mistura que traz elementos reais, tornando tudo mais sinistro.
Falar de locais como o cemitério da cidade, o prédio onde funciona a Cesama, a Catedral Metropolitana e a torre do Morro do Cristo, por exemplo, são para ele uma forma de honrar quem vive na cidade. “Eu acho muito interessante você colocar a cidade que você mora no que você escreve. Você não só conhece bem o ambiente que você vive, mas também leva ele para as pessoas”, acredita. Nesse sentido, também mostra que em qualquer lugar é possível se fazer terror e deixar com que a história se alastre por toda a cidade.
Para Artur, que também é presidente do Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora (Leia-JF), esse exercício reforça as possibilidades que a cidade tem na literatura. Ele considera Juiz de Fora um dos berços da arte no Brasil – e destaca, ainda, as tantas produções que estão sendo desenvolvidas na cidade atualmente.
Escrita diária
Além de escritos, Artur Laizo também é cirurgião. Administrar o tempo entre a medicina e a literatura pode parecer difícil, mas ele afirma que é bem possível quando se gosta tanto de escrever. É por isso que, há tantos anos, escreve todos os dias. “Não tenho um horário certo, nem nada. Mas se tenho uma brecha, começo a escrever, de repente um poema, uma crônica. Nunca paro”, afirma. Para ele, é bastante natural que um profissional da saúde queira se aventurar nesse universo criativo. “Temos que nos soltar um pouco, deixar fluir a energia contida.”
O escritor também nota que a arte sempre está muito presente no próprio ser humano, e que é impossível sobreviver sem ela. No período da pandemia, por exemplo, ele notou isso bem de perto, e sente que não foi o único. Mesmo com tantas obras já lançadas, lembra que ainda tem “muitas na gaveta”. As negociações para que elas saiam, assim como a escrita, continuam bem presentes e se intensificando cada vez mais. “Sempre existe uma ideia nova.”
Serviço
Lançamento do livro “O pacto: entre o céu e o inferno”
Data: 10 de fevereiro de 2023 (sexta-feira)
Horário e local a serem definidos
O livro pode ser adquirido com o autor, na Litteris Editora ou em formato digital na amazon.com.br.