O Jardim Botânico da UFJF realiza no próximo sábado (20), às 14h, o evento gratuito “Prosa e cantoria: cultura, agrobiodiversidade e extensão rural”, com palestra do professor da UFMG Matheus Ramirez, que atua em disciplinas na área da extensão rural e sociologia e antropologia rural, e uma roda de viola com o músico Chico Lobo. A iniciativa faz parte do projeto de extensão “Conservação da agrobiodiversidade no âmbito do Centro de Pesquisa da UFJF”, em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
De acordo com o diretor do Jardim Botânico, Gustavo Soldati, o evento tem por objetivo incentivar a interação entre o campo e a cidade, e a reflexão sobre a agrobiodiversidade. “Buscamos o fortalecimento da agricultura familiar na região. Este é o segundo seminário, e o objetivo principal é discutir o processo de formação, mobilização e sensibilização do município para a agricultura familiar”, diz.
Além da palestra, a atividade vai abordar a importância da cultura para a agricultura familiar com a participação, do violeiro Chico Lobo, que lançou em maio o seu mais recente álbum, “O tempo é seu irmão”. Ele é conhecido por sua abordagem nas canções em temas como a agricultura familiar, a agrobiodiversidade e a preservação da natureza.
“Será uma alegria imensa estar em Juiz de Fora, cidade à qual fui muito na juventude por morar em São João del-Rei. É bom falar que quando meu pai me deu minha primeira viola, quando eu tinha 12 anos, foi em Juiz de Fora que ele comprou”, diz Chico, que fala sobre o repertório da apresentação. “Farei um tributo à viola, instrumento que há 40 anos abraço e levo pelo Brasil e mundo. Então passarei por músicas que compõem os mais de 25 CDs lançados, mas também músicas do cancioneiro popular que marcaram a viola, como ‘Calix bento’, ‘Disparada’. E não faltarão os toques de viola e causos que fazem parte da tradição da viola. Quero fazer o público cantar e dançar catira ao som de minha viola.”
Reflexões de Chico
Chico Lobo se diz honrado por poder participar do projeto e destaca o papel da universidade na contribuição para o bem-estar da comunidade onde está inserida, promovendo reflexões importantes. “Precisamos de políticas públicas que protejam nossos ecossistemas e que deem cada vez mais força à agroecologia e à cultura que faz parte dela”, afirma. “A viola é totalmente conectada à cultura raiz e, por sua vez, à natureza e ao meio ambiente. É oportuno juntar a cantoria de viola com propostas de agroecologia e agrobiodiversidade. É importante a valorização da agricultura familiar, e quando se olha para suas raízes, sua identidade, isso se manifesta com força. A minha viola e a minha música têm muito a contribuir com essa valorização e conscientização de um manejo saudável de nossas terras.”
Chico Lobo fala, ainda, de poder participar como cidadão do projeto. “Estar numa mesa de prosa com professores tão especiais, que mergulham na agricultura familiar e agroecologia, é muito bacana. Eu me sinto lisonjeado pelo convite do técnico agrícola Filipe Russo. Cada vez mais precisamos ter qualidade de vida, e a música e a viola podem ajudar a conscientizar jovens, estudantes, crianças e a população em geral.”
O cantor e compositor termina ressaltando que esses são temas recorrentes em sua carreira. “O fato da cultura popular tradicional de um Brasil profundo ser meu alimento faz com que o amor à terra, o amor à natureza e o amor ao meio ambiente estejam presentes.
Em meu novo álbum, que já ultrapassou 185 mil streamings, tem as canções ‘Madeira’ e ‘Ave Maria das Matas’, que mergulham no amor à natureza e na denúncia dos maus tratos.”