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Estreia na direção de Lázaro Ramos, ‘Medida Provisória’ chega aos cinemas

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A médica Capitu (Taís Araújo) e o advogado Antônio (Alfred Encoh) se revoltam contra a tentativa de migração forçada dos negros brasileiros para a África (Foto: Reprodução)

Estreia de Lázaro Ramos na direção, “Medida Provisória” chegou aos cinemas na última quinta-feira (14) após tentativas de censura e boicote. Apesar de ser baseado na peça “Namíbia, não!”, de Aldri Anunciação – dirigida pelo próprio Lázaro em 2011 -, ter roteiro escrito em 2015 e filmado em 2019, o filme encontrou resistência para ser liberado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), que colocou diversos entraves para dar o aval à produção – que, por isso, teve sua estreia adiada de novembro de 2021 para a última quinta-feira, o que gerou denúncias de censura velada por parte do Governo federal. Para completar, o então presidente da Fundação Palmares, o bolsonarista raiz Sérgio Camargo, chegou a defender o boicote ao longa.

Apesar de todas as tentativas de barrá-lo, “Medida Provisória” fez sua estreia com uma história repleta de elementos distópicos, que não costumam aparecer na cinematografia nacional. Em um futuro talvez não tão distante, com o Brasil governado por um regime autoritário, é editada uma Medida Provisória que – segundo os argumentos nada convincentes desse governo – pretende reparar os séculos de escravidão impostos aos negros trazidos da África. A solução apresentada é estapafúrdia: fazer a migração de todos os descendentes de negros – chamados nesse futuro de “pessoas com melanina acentuada” – de volta para os países de origem de seus ancestrais.

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A medida, claro, escancara o racismo de diversos grupos e provoca revolta em tantos outros. Contrários à migração compulsória, muitos negros se recusam a ser levados para a África e ficam em suas casas. É o caso do casal formado pela médica Capitu (Taís Araújo) e o advogado Antônio (Alfred Encoh), que dividem um apartamento com o jornalista André (Seu Jorge). Eles acabam se envolvendo com os grupos de resistência, que criaram afrobunkers (a versão moderna do quilombo) para realizarem seus atos de desobediência civil.

Com elogios da crítica, que destacam a mistura de elementos como drama, suspense e até humor, “Medida Provisória” tem tudo para ser uma produção que pode até não prever o futuro, mas serve de reflexão para pensarmos o quanto o racismo está entranhado em nossa sociedade – e como não são poucos os que fazem de tudo para que continue assim.

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