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Mostra de Cinema de Tiradentes começa nesta sexta-feira

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Serão exibidos 134 filmes de 19 estados, além de debates, oficinas e encontros cinematográficos (Foto: Leo Lara/ Universo Produção)

Depois de dois anos em formato on-line, a Mostra de Cinema de Tiradentes, em sua 26ª edição, vai, finalmente, acontecer presencialmente, a partir de sexta-feira (20), se estendendo até o dia 28. Neste ano, a temática escolhida para guiar a programação é “Cinema Mutirão”: um conceito para abarcar aquelas produções que são fruto do coletivo, em um contexto de possibilidades ainda marcadas pela pandemia. Serão exibidos no festival 134 filmes de 19 estados: uma seleção que verdadeiramente dá conta do slogan que define que a mostra é a cara do Brasil, além de debates, oficinas e encontros cinematográficos.

Esse tempo apresentando a produção através das plataformas digitais, de acordo com Raquel Hallack, coordenadora-geral da mostra, serviu de aprendizado para pensar a mostra em um contexto de abrangência de cada vez mais pessoas. É por isso que o festival vai ganhar, também, uma versão on-line. Estarão disponíveis gratuitamente, por meio do site oficial (mostratiradentes.com.br), 40 filmes da Mostra Homenagem, da Mostra Temática Cinema Mutirão e os curtas-metragens da seção Panorama, além dos debates temáticos, a abertura e o encerramento. “É uma possibilidade de ampliar o público do cinema brasileiro”, justifica Raquel.

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Mas é mesmo no presencial que as conexões acontecem. Pensar coletivo é um ideal que marca desde a primeira edição da Mostra de Tiradentes, porque é só assim que os eventos e o cinema brasileiro acontecem. Decidir, então, chamar esta edição de “Cinema Mutirão” leva em conta um cenário de dois anos em que grande parte da produção audiovisual foi feita a partir dos encontros, da Lei Aldir Blanc e das ações em conjunto. “Mutirão é nesse sentido de soma de esforços de vários profissionais no contexto da cadeia produtiva para manter a chama acesa da produção cinematográfica, porque nós vivemos nos últimos anos uma ausência de política pública muito grande. E foi importante essa soma, esse gesto coletivo, para que a produção pudesse continuar. E várias produções dialogam com esse cinema mutirão, como resultado desse gesto coletivo e compartilhado que foi possível que a produção acontecesse”, afirma a coordenadora-geral da mostra.

26ª edição foi pensada por Raquel com o propósito de abranger cada vez mais pessoas (Foto: Divulgação)

Dupla-farol

Isso se reflete também na escolha dos homenageados: os mineiros Ary Rosa e Glenda Nicácio que fundaram a Rosza Filmes Produções. Raquel comenta que todos os seis filmes realizados pela dupla foram estreados em Tiradentes. “Eu costumo dizer que eles são filhos de Tiradentes, lá que eles nasceram. E a gente está acompanhando a trajetória deles. E eles representam esse Cinema Mutirão. Eles atuam de uma forma muito coletiva e fazem muita diferença na cidade, no entorno onde eles atuam. Eles são um grande exemplo, um farol dessa produção contemporânea. A gente estende a homenagem para a Rosza Filmes que está construindo sua história com um cinema muito coletivo. Isso é muito bacana. A gente quer conceber publicamente isso para que eles sejam inspiração inclusive para essa geração que está aí produzindo cinema.”

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Pensar em um novo cinema brasileiro

Novidade nesta edição é o Fórum de Tiradentes – Encontros pelo Audiovisual Brasileiro. “É uma iniciativa da Mostra de reunir profissionais da cadeia produtiva do audiovisual do Brasil inteiro para discutir, revisitar, refletir sobre a possibilidade dessas políticas públicas tanto novas quanto as que já existem, para a gente apresentar em um documento para esse novo governo que assumiu, com o Ministério da Cultura sendo criado, com recomendações e diretrizes que legitimam o desejo do setor audiovisual”, explica Raquel. Para conceber este documento, que será lançado no dia 25 de janeiro, foram criados cinco grupos de trabalho: formação, produção, distribuição, exibição/difusão e preservação, cada um com um coordenador.

Os trabalhos do fórum começaram em novembro do ano passado e serão concluídos em uma plenária aberta, que vai acontecer no dia 24 na cidade histórica. Aos que não conseguirão estar na mostra, mas desejam participar da construção do documento, basta preencher o formulário disponível no site oficial que as recomendações serão encaminhadas ao GT responsável e incorporadas. “São profissionais que estão vindo do Brasil inteiro. É um conjunto de pensamentos que é o reflexo da própria mostra. A mostra está consolidada como o maior evento do cinema brasileiro contemporâneo, e o fórum acontece nesse ambiente, que já é representativo do Brasil.” A ministra Cármen Lúcia, inclusive, é uma das convidadas a integrar a abertura do fórum, que vai acontecer neste sábado. Raquel justifica sua presença lembrando da importância da ministra para a liberação da Lei Paulo Gustavo e em sua importância para a distribuição e produção dos projetos culturais em 2023.

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A coordenadora ainda acredita que o retorno do Ministério da Cultura (Minc) é um bom presságio no que diz respeito às políticas públicas de cultura. E lançar esse documento que vai ser fruto do fórum vem com o intuito de, já no evento que abre a programação do cinema brasileiro, criar relações entre a cadeia produtiva e o ministério. “Retomar e recriar o Minc é fundamental porque a gente volta a ter casa para frequentar, dialogar e conectar. É um momento agora de reorganização. De começar de novo. É uma expectativa boa de ter uma possibilidade de ter essa política pública vigorosa para o setor da cultura como um todo e de estabelecer essa conexão. O fórum vem exatamente para isso: criar a possibilidade desde já de uma participação do setor dentro do Minc.”.

Retratos do Brasil

Com a mostra chegando em sua 26ª edição, Raquel afirma que foi possível construir um acervo do que é o cinema brasileiro contemporâneo. E os programas de formação, bem como as práticas e as trocas que acontecem no festival, são pensados com o intuito de incentivar a produção e fazer crescer o olhar para o Brasil a partir do cinema. “O cinema é também um retrato da nossa sociedade. A gente vê na tela dos filmes o momento do tempo histórico que a gente está vivendo. Muitas histórias, tanto documentário quanto ficção, seja lá qual gênero for, ou ele está retratando uma história do que a gente está vivendo ou ele está retratando como aquela produção, aquele profissional está pensando o cinema naquele momento em que ele está fazendo a produção. A gente ter essa continuidade é fundamental para a gente ter esse acompanhamento do ponto de vista da história”, finaliza.

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