Mais que uma entrevista, um bate-papo descontraído para ouvir boas histórias: esta é a proposta de “Café com Sérgio Rodrigues”, no programa da TMTV que estreia nesta segunda-feira (16). Apresentado pelo jornalista Sérgio Rodrigues, um dos nomes mais conceituados no meio nas últimas décadas, o programa será quinzenal e, a cada edição, terá um convidado que, junto a um bom café, contará algo interessante de sua vida, não necessariamente ligado a sua área de atuação. E não apenas as figuras mais conhecidas de Juiz de Fora estarão entre os convidados: a ideia é ter personagens dos mais variados, incluindo aqueles que você pode até saber que estão ali, todo dia, mas de quem pouco ou nada se sabe.
Sérgio conta que recebeu do gerente comercial do Grupo Solar de Comunicação, Luiz Carlos Lyra, o convite para um programa de entrevistas na TMTV. Ele explica que, como já havia outros entrevistadores no canal da Tribuna, o desafio era encontrar um formato que fosse simples, objetivo, com um diferencial entre os entrevistados. “Quando surgiu o ‘Café com Sérgio Rodrigues’, pensei: vamos fazer uma coisa voltada para um público que possa se interessar por ouvir um entrevistado que tenha histórias interessantes para contar, seja ele quem for. Pode ser uma personalidade, uma pessoa conhecida, mas não vamos falar do ramo dela, e sim de uma história, um acontecimento, uma experiência que tenha vivido fora de sua atividade do dia a dia; ou então uma pessoa conhecida do povo, que está nas ruas todos os dias, como um vendedor de pipoca, o ambulante que todo mundo conhece, um músico que toca no calçadão do centro da cidade, e trazê-la para contar a história dela. A princípio trabalhamos com essa ideia de ouvir histórias, e nada melhor que ouvir histórias acompanhado de um bom cafezinho.”
Variedade de personagens
Independentemente do convidado, o importante é que seja um bate-papo descontraído, e nisso o fato de ter como foco as histórias pouco conhecidas, ou atividades diferentes daquelas do cotidiano. “É a pessoa que presta serviços em uma comunidade como voluntária, que tenha uma atividade na igreja… Enfim, alguém que talvez até nunca tenha tido a oportunidade de ser entrevistada”, exemplifica.
“E não vamos deixar de fazer entrevistas temáticas. No Setembro Amarelo, por exemplo, há todo um cuidado para se trabalhar campanhas para chamar a atenção, por exemplo, dos casos de pessoas que estão sofrendo algum tipo de problema psicológico. E vem aí o Outubro Rosa, mês dedicado à preocupação com o câncer de mama. Podemos trazer alguém (não ligado à campanha) para falar de um tema como esse, contar uma experiência vivida com alguém que passou por um momento assim, dos cuidados necessários para a pessoa buscar o tratamento adequado e se curar. O que sentirmos que pode virar uma história, uma conversa com uma xícara de café, vai fazer parte do nosso dia a dia na TMTV.”
Sem entregar muitos detalhes, Sérgio Rodrigues dá como exemplo o convidado para a primeira edição do programa, o antigomobilista Henrique Thielmann, vice-presidente do Instituto Cultural Clube do Automóvel Antigo de Juiz de Fora, que chegou a se emocionar em determinado momento ao contar uma história. “Foi interessante gravar esse primeiro programa com ele porque coincidiu com a homenagem que o Instituto Cultural Clube do Automóvel Antigo prestou a Dr. Juracy Neves (fundador do Grupo Solar de Comunicação) numa das premiações do Encontro do Automóvel Antigo (ocorrido em agosto).
“Conversando com o Lyra e Paulo Cesar Magella (editor geral da Tribuna) sobre o que poderia falar, eles disseram: ‘você gosta de carro antigo, vamos falar de carro antigo’. Mas todo mundo fala de carro antigo, porém estava próximo do evento, então fizemos uma reportagem muito legal, bem contextualizada. O evento já aconteceu, mas valeu pelo conteúdo do que nós falamos. E nessa linha de pensamento vamos falar de voluntariado no segundo programa.”
O desafio da internet
Como se pode perceber, a ideia do “Café com Sérgio Rodrigues” é fugir do jornalismo do dia a dia, em que geralmente a maioria das informações já é de conhecimento do público. Mesmo já tendo um roteiro pré-estabelecido, o objetivo é deixar o bate-papo fluir. “Se a gente conseguir trazer alguém para falar de alguma coisa diferenciada, será uma experiência nova. Porque a pergunta, o desenvolvimento da entrevista, a troca de ideias, vão fluindo. O primeiro programa foi assim”, acredita Rodrigues. “É uma experiência boa e nova de comunicação para mim, trabalhar com um canal de TV que está dentro de uma plataforma na internet, pois sempre trabalhei no dia a dia com televisão aberta, rádio. Tem que ter um conteúdo legal, que desperte a atenção de quem está do outro lado. Talvez seja o maior desafio que quero ter como profissional, de, através de tudo aquilo que a gente construiu ao longo de uma carreira, tentar cativar um público que vai na plataforma da TMTV buscar o que está gravado e ter essa liberdade de assistir quando quiser.”
Essa realidade que tanto anima o jornalista é mais um passo dentre as tantas evoluções que ele presenciou no rádio e televisão. “Comecei em rádio em 1976, peguei o fim do acetato, estavam começando os cartuchos de fita. Na TV peguei o fim do filme, entrei na fita magnética e cheguei no digital, e no rádio também é assim. A gente percebe que hoje tem muito conteúdo, produção de jornalistas que estão até deixando as emissoras de rádio e TV e investindo em canais particulares”, analisa.
“Essa é uma grande oportunidade de fazer um teste com aquilo que construímos tanto no rádio quanto na TV, chegar num momento em que a evolução tecnológica vai nos permitir um novo desafio. E diferente do rádio, da TV, que têm toda uma programação estabelecida, vamos produzir um conteúdo que vai ficar lá para o espectador entrar, abrir e assistir. E a própria internet vai nos permitir divulgar isso, como nas redes sociais, além dos meios de comunicação tradicionais. Estou animado com a ideia.”
Já que o assunto é evolução (ou seria revolução?) dos meios de comunicação, Sérgio aproveita para dar sua visão sobre esses novos tempos. “Acho que a revolução começa pela própria maneira que você produz esse conteúdo. Hoje, com um telefone celular, você é um repórter. Com um pouco de tecnologia, já é capaz de fazer uma produção de televisão que antigamente a gente não conseguia fazer, com motoristas, cinegrafista, operador de vídeo, operador de VT; hoje, com um telefone celular, você tem uma emissora de TV ali dentro. Produzir conteúdo vai depender do momento ou do que está vendo ou vivendo. Antes tinha que pautar entrevistado, marcar horário, hoje na rua você consegue fazer uma boa entrevista (com o celular) e gerar material até para colocar num canal de televisão, que requer um pouco mais de cuidado em razão das imagens.”
“Já está até me dando ideia de pauta para o programa, trazer alguém que possa falar dessa tecnologia e a facilidade que os equipamentos hoje nos oferecem, pois não precisa mais daquela parafernália. Sou do tempo que a gente fazia um ‘vivo’ na televisão e que precisava ir o motorista, o rebatedor, o cinegrafista, operador de VT, tinha que montar aquela estrutura… Se não tivesse visada do lugar que você estava para a torre, para alinhar sinal de micro-ondas e entrar no ar ao vivo, você não conseguia. Hoje conseguimos falar para a TV de qualquer lugar; rádio, então, é como se você estivesse em um estúdio do outro lado do planeta. Isso é muito legal, cria um entusiasmo para pensarmos em fazer mais.”
A ansiedade de um veterano
Sérgio lembra que esta é a primeira vez desde 2012 que ele volta a trabalhar em um meio de comunicação na cidade. Apesar da experiência de mais de 40 anos, a expectativa com a nova estreia está ali. “É aquela ansiedade do primeiro momento, o desafio de fazer algo novo, para a internet, embora o formato de entrevista seja o mesmo que já fazia. A partir do momento que o primeiro programa estiver disponibilizado é que iremos sentir o clima, o que a pessoa do outro lado vai falar dessa nova atividade. Estou muito feliz com esse momento, é meio que um ‘começar de novo’.”
O “começar de novo” de Sérgio Rodrigues dá prosseguimento a uma longa trajetória no rádio e na TV, mas que começou aos 14 anos no Bairro Santa Cruz, onde morava, quando montou um serviço de alto-falantes por cerca de três anos. Veio a primeira experiência profissional na antiga Rádio Industrial, onde começou como apresentador do “Repórter Industrial”; em seguida, substituiu Efigênio Gomes no “Noticiarista T9”. Depois foi para a Rádio Capital, e mais adiante para a Nova Cidade. A primeira experiência com o audiovisual foi como freelancer assim que a TV Globo se instalou em Juiz de Fora, cobrindo as férias de outros profissionais. Foi contratado em definitivo em 1987 e por lá permaneceu até 2012, mesmo com a mudança de nomes (Panorama e Integração), e trabalhando também na rádio. Na Solar AM, ficou entre 1985 e 1982 com um programa matinal.
“Tive uma breve passagem pela política da cidade (foi vice-prefeito de Juiz de Fora entre 2013 e 2016), mas o que gosto mesmo é da atividade na comunicação. Sempre sonhei em ter uma empresa de comunicação, então a gente conseguiu realizar esse sonho em Santos Dumont, onde temos uma rádio AM, um portal de internet com notícias locais, e estamos no processo de migração da AM para FM. Acho que consegui passar por quase todos os caminhos da comunicação. Só não fiz o jornalismo impresso. Apesar de o tempo já ter passado, o entusiasmo do primeiro momento, da primeira hora, do recomeçar, isso eu não perco”, diz o jornalista, que aponta alguns nomes que o inspiram a continuar.
“Um deles é o Silvio Santos, que continua fazendo seu programa e botou o SBT no ar quando já tinha mais de 50 anos. E outra pessoa que gosto muito de falar nas palestras, no dia a dia, é Roberto Marinho. Quando ele criou a TV Globo, tinha 65 anos de idade, começou um negócio que está aí até hoje. E outro exemplo, este na nossa cidade, é o próprio Juracy Neves. Quando ele comprou a antiga PRB-3, já tinha mais de 50 anos. É sempre um começo, é sempre daqui pra frente, e a gente fica esperando pelo momento. Dizem que o melhor da festa é esperar por ela, então que venha a festa.”